Abraão (pai duma grande multidão;
originalmente Abrão, pai exaltado).
Progenitor
de povo hebraico, nasceu em Ur Casidim. Ur dos caldeus, propriamente, Ur dos babilônios,
no sul da Babilônia, ou ainda Uri, nome sumeriano de Acade. Tábuas de contrato -
tábuas feitas de barro com pactos
inscritos enquanto massa molhada e postas a secar em lugar próprio — revelam
que na era de Abraão, negociantes cananeus — ou "amorreus", como eram
chamados pelos babilônios, falando a língua de Canaã, Isa. 19:18 — o hebraico —
fixaram residência na Babilônia. Em uma tábua-datada no reinado do avô de
Hamurabi, o Anrafel de Gên. 14:1, uma das testemunhas é chamada "o
amorreu, filho de Abjramu", isto é, Abrão. Em emigrar para o oeste. Terá
agiu de conformidade com o costume dos babilônicos e dos amorreus. Assim foi
parar em Harã da Mesopotâmia, cidade edificada pelos reis da Babilônia. O deus
lunar, no seu grande templo erguido no centro da cidade, era o padroeiro de Ur,
como também de Harã.
Mesmo em
Canaã, Abraão estava sob a influência e o governo da Babilônia. Em primeiro
lugar, acampou debaixo do terebinto de Moré, defronte de Siquém; então foi a
Betel, depois para o Egito, que nesse tempo era governado pelos reis hiksos,
conquistadores vindos da Ásia, em cuja corte naturalmente, todo asiático era
bem-vindo. Zoa, capital dos hiksos, ficava no nordeste do delta; assim, um
viajante vindo da Ásia chegaria sem dificuldade, à presença de Faraó. Entre
outros bens, Abrão possuía muitos camelos, animal peculiar à Ásia, porém, só
utilizado no Egito depois na era cristã.
Quando o
patriarca voltou para Canaã, foi abandonado por seu sobrinho Ló que ficara em
Sodoma, tornando-se, assim, cananeu. Os príncipes cananeus do vale de Sidim se
rebelaram contra os seus senhores babilônios e por isso um exército comandado
por Quedorlaomer de Elão, senhor feudal da Babilônia, os combateu. Sob seu
comando marcharam Anrafel de Sinar (isto é, da Babilônia setentrional), Arioque
de Elasar e Tidal, que eram reis. Nomes semelhantes foram encontrados nas
inscrições babilônicas.
No tempo
dessa invasão, Abrão, o confederado de três comandantes amorreus, morava em
Manre ou Hebrom. Ao saber que seu sobrinho era cativo do exército invasor, o
patriarca e seus aliados acossaram o inimigo até perto de Damasco, retomando os
cativos e seus despojos. Na sua volta o conquistador é saudado por
Melquisedeque, sacerdote-rei de Jerusalém.
Abrão teve
um filho, Ismael, com a escrava egípcia Agar. O nome Ismael é encontrado nos
documentos babilônicos da era de Hamurabi, rei da Babilônia. Quando Ismael
estava com a idade de treze anos, Abrão e todos os homens de sua família foram
circuncidados. No Egito, a circuncisão fura praticada em data imemorável, no
entanto, tornou-se o seio do Pacto entre Deus e a descendência de Abrão, cujo
nome, ao mesmo tempo, foi mudado para Abraão, significando assim que ele não
era mais babilônio. Pouco depois as cidades pecaminosas da campina, ou do vale
de Sidim, foram destruídas por fogo e enxofre. Abraão intercedera, em vão, pelos
pecadores; escapou somente Ló com suas filhas, que se tornaram progenitoras de
Amom e Moabe.
Em seguida
encontramos Abraão em Gerar, ao sul de Gaza. Nessa região nasceu Isaque: foi
ali também que Deus provou Abraão, para que em conformidade com os ritos cananeus,
em um monte na terra de Moriá, ele sacrificasse seu filho unigênito, o herdeiro
da repetida promessa de uma grande nação que havia de possuir a terra de Canaã.
Deus, porém, mandando sustar o sacrifício de Isaque, mostrou a Abraão que ele
não exigia essa absurda oferta determinada pela religião pagã. Sua mulher Sara
(em assírio Sarrat, isto é, rainha), morre em Hebrom e é sepultada no campo de
Macpela, que o patriarca comprara por quatrocentos siclos de prata, dos hiteus
que aí moravam. Os detalhes desse ajuste concordam com o processo legal babilônico
a tais transações.
Nessa época
Abraão envia seu servo a Harã, na Mesopotâmia, a fim de buscar uma mulher para
seu filho Isaque, entre seus parentes. Consequentemente, Rebeca, irmã de Labão,
tornou-se mulher de Isaque. Abraão foi, por parte de sua segunda mulher Quetura,
progenitor de varias tribos da Arábia central. Mais tarde morre Abraão e é
sepultado em Macpela.
Abraão era
amigo de Deus, glorioso protótipo de obediência, de justiça, de fé, pai dos
fiéis, fundador da raça hebraica, o zeloso protagonista da religião de Jeová.
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Fonte:
Conciso Dicionário Bíblico (Ilustrado), por: D. Ana e S.L. Watson. Imprensa Bíblica Brasileira, 14ª Edição. Rio de Janeiro, 1986, págs. 7-8.
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