Descoberta do Polo Norte
Os polos —
as últimas zonas do globo ainda não localizadas com exatidão — seriam
descobertos por Robert E. Peary, no início do século XX. Oficial da marinha
americana, Peary iniciara as explorações das latitudes polares já no fim do
século
No início do
século XX, Peary iniciou uma nova viagem rumo à calota polar, partindo do
extremo norte da ilha. Após alguns quilômetros de marcha, porém, os gelos
começaram a ceder, surgiram fendas perigosas e o gelo passou a deslocar-se para
trás. Peary seguiu então ao longo da costa até atingir o Independente Fjord.
Constatou, assim, o caráter insular da Groenlândia.
Em 1905,
Peary atingiu a Terra de Grant e em pleno inverno do ano seguinte, iniciou a
marcha ao pólo, mas foi novamente barrado pelas fendas e deslocamento de gelos.
No grau 87, a 3 000 km do objetivo, Peary iniciou o regresso. Nestas tentativas
Peary perdera preciosos equipamentos de exploração — incontáveis trenós, cães,
aparelhos, etc. E mais que isso, teve que amputar sete dedos dos pés. Apesar
disso, conseguiu salvar uma perna gangrenada.
Em 1908.
Peary iniciou uma outra tentativa. Aproveitando as técnicas de invernagem dos
esquimós, ergueu casas de gelo no cabo Sheridan, na Groenlândia, a 750 km do polo.
Durante o longo inverno polar, o explorador organizou a tripulação em quatro
grupos, com o objetivo de construir depósitos de mantimentos na direção do polo.
Cada grupo deveria marchar cinco dias e regressar, indicando o caminho ao
próximo grupo. Peary chefiaria o último grupo.
Em fevereiro
de 1909 a marcha foi iniciada, sob a temperatura de 59° C abaixo de zero. Os
ventos deslocavam os gelos para o sul. Apesar disso, os depósitos de
mantimentos estavam em 'boas condições. O gelo, entretanto, começou a ceder e,
a 400 km do objetivo, surgiram profundas e largas fendas, cobertas por uma fina
camada de gelo recente. Um dos membros da expedição caiu numa fenda e
desapareceu em poucos minutos.
Em abril. Peary
calculou que atingira os 87° e 48' da latitude Norte. Faltavam, portanto, 250
km. Os ventos do sul apressaram a marcha e, finalmente em maio, o polo foi
atingido. Peary realizou então uma série de investigações para certificar-se de
que realmente encontrava-se no lugar almejado. Efetuou medidas de profundidade,
verificando que a calota polar — como havia suposto — estava sobre profundas
águas, seu cabo, de 2 750 m, não alcançou o fundo do mar glacial. Peary também
notou que, mesmo dirigindo-se em linha reta para o norte, após determinado
ponto deslocava-se para o sul. Neste local não havia mais leste, oeste ou
norte. Apenas restava um ponto cardeal: o sul. A primazia da descoberta do polo
foi, porém, objeto de disputas entre Peary e o médico Frederik Cook, que o
havia acompanhado nas expedições anteriores. A controvérsia adquiria maiores
proporções envolvendo o prestígio de dois dos principais periódicos americanos:
o New York Times e o New York Herald. O primeiro financiara
expedições de Peary e esperava contar com a exclusividade na divulgação da
descoberta, enquanto o segundo investira em Cook. Este partira em 1907, a bordo
do barco Bradley, rumo ao polo. Dois
anos depois apareceu um telegrama, emitido das ilhas Shetland, anunciando a
descoberta do polo por Cook em 1908. O fato era confirmado pelos habitantes do
cabo Norte. As declarações contraditórias e reticentes de Cook, na Europa, e
seu confronto com as precisas informações do relato de Peary, divulgadas nos Estados
Unidos, arrastariam a polêmica entre os dois jornais durante décadas. Mas o
tempo viria selar a questão a favor de Peary: vários exploradores encontrariam
no polo uma garrafa, contendo uma mensagem, assinada por Peary, onde se lia que
naquele local fora içada a bandeira americana e que, em nome do presidente dos
Estados Unidos, se tomava a posse do polo. O nome de Cook, por seu lado,
acabaria caindo no esquecimento.
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Fonte:
A Descoberta do Mundo: Geografia Ilustrada - Volume II. Abril Cultural. São Paulo, 1971, págs. 557-560.
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