quarta-feira, 20 de julho de 2016

A era dos maias, os gregos da América

A era dos maias, os gregos da América
Os maias deram o nome à maior civilização da América e tiveram sobre os astecas uma influência comparável à dos gregos sobre os romanos. Sua história começa com a era cristã; antes não existem informações, pois os povos que os antecederam não conheciam nem a cerâmica, nem a agricultura.
A zona cultural dos maias englobava a costa do Pacífico, o planalto da Guatemala (sul), o golfo de Honduras (centro) e a península da Yucatán (norte).
Uma das datas que fixam o ponto de partida das realizações dos maias é 320, quando, em Honduras, suas cidades foram abandonadas misteriosamente. Isto não ocorreu no Yucatán, onde, após um período de apogeu até o século X, realizaram-se diversas migrações. Uma das principais foi a da tribo itzá no Yucatán — região também atingida pêlos toltecas. Fundaram-se então novos centros — Chichén-Itzá, Mayapán, Uxmal —, que cresceram sob a cultura maia.
Com a dominação espanhola, os manuscritos maias foram queimados, como "obras do demônio". Apesar disso, sabe-se que os maias formavam cidades-estados socialmente divididos em quatro classes — nobres, sacerdotes, povo e escravos. Os sacerdotes ocupavam-se do culto, da escrita, e consagravam-se, ao mesmo tempo, à astronomia e à astrologia. Calculavam a cronologia da história de seu povo, registrando datas em placas gravadas. Essas placas significavam um símbolo da grandeza maia. Cada cidade, de vinte em vinte anos, gravava a data, comemorando o tempo passado.

OS INVENTORES DO MAIS PERFEITO CALENDÁRIO
Os povos primitivos, em diferentes pontos da Terra, adotaram espontaneamente o cômputo do tempo pela sucessão de dias e meses lunares. O problema da orientação também constituiu uma necessidade vital para as populações obrigadas a deslocar-se. Os pontos cardeais puderam ser determinados com facilidade, graças ao movimento aparente do Sol e das estrelas. Assim, o tempo e a direção de onde saía o Sol adquiriu, em diversas  regiões,  caráter sagrado.
Os calendários refletem o gênero de vida de um povo e seu grau de civilização. Os maias, agricultores como todos os povos do México, alcançaram o mais alto conhecimento do verdadeiro ano astronômico, levados por necessidades impostas pelo seu sistema numérico, pelas festas religiosas e pelas colheitas.
Seu calendário, resultado de notáveis conhecimentos matemáticos e precisas observações astronômicas, começou a ser elaborado antes da era cristã. Além do calendário civil (Haab), possuíam um calendário religioso (Tzolkin).
O sistema numérico que deu base a esses calendários constituía uma associação de pontos e linhas, no qual as unidades de diferentes graus eram, a cada 20 vezes, maiores ou menores. A unidade de primeiro grau era l; a de segundo, 20; e a de terceiro, 40. A unidade de tempo era o kin (dia). Em segundo grau vinha o uinal, que comportava 20 dias.
No calendário civil, o tun, ou ano correspondente a 18 uinal (360 dias) era acrescentado de 5 dias, um curto uinal, perfazendo 365 dias.
O princípio vigesimal prosseguia com o katun (20 tun), com o batkun (20 katun), etc. Cada um dos 20 dias do uinal tinha nome, a exemplo de cada um dos 18 uinal, mais 5 dias. Os dias dentro de cada uinal eram numerados de O a 19.
O ano do calendário religioso continha 260 dias. Compunha-se da série dos 20 nomes dos dias, 13 vezes repetidas. O primeiro dia da série tinha o número l e o décimo terceiro o número 13; o décimo quarto dia tinha de novo o número l e assim por diante, até que os 13 números se repetissem 20 vezes.
As combinações possíveis entre a série de 365 dias e a de 260 dias, somavam 52 anos (18.980 dias). Por isso, uma combinação só poderia repetir-se a cada 52 anos — o que pode ser considerado como "século" maia.
Os euro-asiáticos, utilizando o ano solar, enquadravam nele as festas civis e religiosas, fixas ou móveis, no período de 365 dias ou 366 dias. Os maias eram mais precisos. Inclusive sua cronologia se desenrolava por períodos batkun de 400 anos, que se iniciavam e concluíam por fenômenos astronômicos.


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Fonte:
A Descoberta do Mundo: Geografia Ilustrada. Abril Cultural. São Paulo, 1971, págs. 93-94.

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