A era dos maias, os gregos da América
Os maias
deram o nome à maior civilização da América e tiveram sobre os astecas uma
influência comparável à dos gregos sobre os romanos. Sua história começa com a
era cristã; antes não existem informações, pois os povos que os antecederam não
conheciam nem a cerâmica, nem a agricultura.
A zona
cultural dos maias englobava a costa do Pacífico, o planalto da Guatemala
(sul), o golfo de Honduras (centro) e a península da Yucatán (norte).
Uma das
datas que fixam o ponto de partida das realizações dos maias é 320, quando, em
Honduras, suas cidades foram abandonadas misteriosamente. Isto não ocorreu no
Yucatán, onde, após um período de apogeu até o século X, realizaram-se diversas
migrações. Uma das principais foi a da tribo itzá no Yucatán — região também
atingida pêlos toltecas. Fundaram-se então novos centros — Chichén-Itzá,
Mayapán, Uxmal —, que cresceram sob a cultura maia.
Com a
dominação espanhola, os manuscritos maias foram queimados, como "obras do demônio".
Apesar disso, sabe-se que os maias formavam cidades-estados socialmente
divididos em quatro classes — nobres, sacerdotes, povo e escravos. Os
sacerdotes ocupavam-se do culto, da escrita, e consagravam-se, ao mesmo tempo,
à astronomia e à astrologia. Calculavam a cronologia da história de seu povo,
registrando datas em placas gravadas. Essas placas significavam um símbolo da
grandeza maia. Cada cidade, de vinte em vinte anos, gravava a data, comemorando
o tempo passado.
OS INVENTORES DO MAIS PERFEITO CALENDÁRIO
Os povos
primitivos, em diferentes pontos da Terra, adotaram espontaneamente o cômputo
do tempo pela sucessão de dias e meses lunares. O problema da orientação também
constituiu uma necessidade vital para as populações obrigadas a deslocar-se. Os
pontos cardeais puderam ser determinados com facilidade, graças ao movimento
aparente do Sol e das estrelas. Assim, o tempo e a direção de onde saía o Sol
adquiriu, em diversas regiões, caráter sagrado.
Os
calendários refletem o gênero de vida de um povo e seu grau de civilização. Os
maias, agricultores como todos os povos do México, alcançaram o mais alto
conhecimento do verdadeiro ano astronômico, levados por necessidades impostas
pelo seu sistema numérico, pelas festas religiosas e pelas colheitas.
Seu
calendário, resultado de notáveis conhecimentos matemáticos e precisas
observações astronômicas, começou a ser elaborado antes da era cristã. Além do
calendário civil (Haab), possuíam um calendário religioso (Tzolkin).
O sistema
numérico que deu base a esses calendários constituía uma associação de pontos e
linhas, no qual as unidades de diferentes graus eram, a cada 20 vezes, maiores
ou menores. A unidade de primeiro grau era l; a de segundo, 20; e a de
terceiro, 40. A unidade de tempo era o kin
(dia). Em segundo grau vinha o uinal,
que comportava 20 dias.
No
calendário civil, o tun, ou ano
correspondente a 18 uinal (360 dias)
era acrescentado de 5 dias, um curto uinal,
perfazendo 365 dias.
O princípio
vigesimal prosseguia com o katun (20 tun), com o batkun (20 katun), etc.
Cada um dos 20 dias do uinal tinha
nome, a exemplo de cada um dos 18 uinal,
mais 5 dias. Os dias dentro de cada uinal
eram numerados de O a 19.
O ano do
calendário religioso continha 260 dias. Compunha-se da série dos 20 nomes dos
dias, 13 vezes repetidas. O primeiro dia da série tinha o número l e o décimo
terceiro o número 13; o décimo quarto dia tinha de novo o número l e assim por
diante, até que os 13 números se repetissem 20 vezes.
As
combinações possíveis entre a série de 365 dias e a de 260 dias, somavam 52
anos (18.980 dias). Por isso, uma combinação só poderia repetir-se a cada 52
anos — o que pode ser considerado como "século" maia.
Os
euro-asiáticos, utilizando o ano solar, enquadravam nele as festas civis e
religiosas, fixas ou móveis, no período de 365 dias ou 366 dias. Os maias eram
mais precisos. Inclusive sua cronologia se desenrolava por períodos batkun de 400 anos, que se iniciavam e
concluíam por fenômenos astronômicos.
---
Fonte:
A Descoberta do Mundo: Geografia Ilustrada. Abril Cultural. São Paulo, 1971, págs. 93-94.
Nenhum comentário:
Postar um comentário