Principais seitas dos primeiros séculos do
Cristianismo
Circulavam
nas igrejas livros espúrios e tendenciosos que os não ortodoxos usavam para
consubstanciar suas crenças. Era um problema para os cristãos, pois, como saber
quais os livros inspirados, revestidos de autoridades entre uma chuvarada de
outros livros?
Gnosticismo ou docetismo. Movimento que chegou ao apogeu entre 135 -160 AD. Eles
eram grupos muito diversificados em suas doutrinas, pois diferiam de lugar para
lugar, e em seus períodos. Suas crenças eram um enxerto das filosofias pagãs
nas doutrinas cristológicas. Negava o cristianismo histórico (segundo ela, o
Senhor Jesus não teve um corpo, isto é, não veio em carne, o seu corpo seria
uma mera aparência, que chamavam de corpo docético). Tinham um apreço especial pelas
epístolas paulinas, mas rejeitavam outros escritos autorizados do Novo
Testamento.
Ebionitas. Eram uma comunidade de
judeus cristãos. O nome vem do hebraico e significa "pobre". Os
ebionitas criam em Jesus como o seu Messias, mas negavam sua deidade. Viviam o
ritual da lei e os costumes judaicos, eram hostilizados tanto pelos judeus
quanto pelos cristãos. Reconheciam o evangelho aos Hebreus, basicamente Mateus
de forma expandida. Jerônimo identificou esse livro como o evangelho dos
Nazarenos, encontrado na Síria.
Maniqueus. Era um movimento fundado por
Mâni (morto em 276 AD por determinação do governo persa). Sua doutrina
consistia no dualismo pérsico: "O universo compõe-se do reino das trevas e
do reino da luz e ambos lutam pelo domínio da natureza e do próprio
homem". O Cristo dos maniqueístas era um Cristo "celeste" e por
isso rejeitavam a Jesus, pelo fato de ter vivido como homem.
Apolinarianismo. Apolinárío foi bispo
de Laudicéia e morreu em 392. Uma vez definida a divindade do Logos e resolvida
a questão ariana, a controvérsia girava agora em torno das duas naturezas de
Cristo: a humana e a divina. Apolinário foi diametralmente oposto ao arianismo.
No entanto, combateu uma heresia desenvolvendo outra tão grave quanto a que
combatia: deu muita ênfase à divindade de Cristo e sacrificou a sua genuína
humanidade: — Substituiu a alma de Jesus pela sua deidade. Ora como perfeito
homem possuía corpo, alma e espírito.
Nestorianismo. Nestório foi bispo de
Constantinopla entre 428-431 e desenvolveu a teologia do seu mestre Teodoro de
Mopsuéstia, a qual ilustrava as duas naturezas de Cristo como sendo marido e
mulher "uma só carne", sem contudo, deixarem de ser duas pessoas e
duas naturezas separadas. Dizia que a divindade de Cristo residia nele assim
como o Espírito Santo habita no cristão.
Monarquianismo. Em virtude das
discussões sobre a cristologia do Logos,
na segunda metade do segundo século e na primeira do século seguinte, surgiram
os chamados monarquianistas, termo dado por Tertuliano aos opositores da
doutrina do Logos, os alogoi, aqueles que rejeitavam o Evangelho
de João. Os monarquianis-tas se dividiam em dois grupos: monarquianismo
dinâmico, que ensinava ser Cristo Filho de Deus, mas por adoção, e o
monarquianismo moda-lista, que ensinava ser Cristo apenas uma forma temporária
da manifestação do único Deus. Desta última escola destacou-se o bispo Sabélio
que tornou-se um grande líder desse movimento (por isso os seus seguidores
foram chamados de sabelianistas ou sabelianos).
Sabélio
ensinava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo não eram três pessoas distintas,
mas apenas os três aspectos do Deus único. Segundo este bispo, nos tempos do
Velho Testamento, o Pai se manifestou como o Legislador, nos tempos do Novo,
este Pai era o mesmo Filho encarnado, e este mesmo Pai fazia o papel de
Espírito Santo como inspirador dos profetas.
Na verdade,
os sabelianos não negavam a divindade do Filho e nem a do Espírito Santo, mas
sim a distinção destas Pessoas; o que é diametralmente oposto aos ensinos do
Novo Testamento, visto que este ensina a unidade composta de Deus em Três
Pessoas distintas. Os modalistas pregavam a unidade absoluta de Deus, coisa que
nem mesmo o Velho Testamento ensina, e, tal ensino mutilaram os textos
neotestamentários.
Arianismo. Fundado por Ano. entre
321-325, foi a maior controvérsia da história do cristianismo. Ário pregava que
o Filho era criatura (doutrina advogada ainda hoje pelas Testemunhas de Jeová) e
esta inovação sacudiu o cristianismo da época. Esta controvérsia nasceu em Alexandria,
Egito, e terminou no primeiro concílio ecumênico da história, o Concílio de
Nicéia, onde pela primeira vez se reuniram os bispos do Oriente e do Ocidente
para discutir a causa arianista, na cidade de Nicéia, em 325 AD.
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Fonte:
Revista Defesa da Fé. Ano 3 - Nº 14 - Setembro de 1999. Instituto Cristão de Pesquisas. São Paulo, págs. 31-32.
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