Enigma
no deserto
Por: Carlos Fernandes
Arqueólogos procuram no lêmen vestígios do
existência da rainha de Sabá e uns tempos para cá, cada vez mais pesquisadores
investigam fatos e personagens bíblicos que, num passado recente, eram
considerados simples mitologia pela comunidade científica. Agora, é a vez de
uma das mais misteriosas mulheres citadas na Palavra de Deus, a rainha de Sabá,
que de acordo com o Antigo Testamento, visitou o rei de Israel, Salomão. O
encontro, que muitos especulam ter ido bem além do mero interesse diplomático,
ocorreu em Jerusalém por volta do ano 950 a.C., época em que Salomão, terceiro
monarca hebreu, reinava no lugar do pai, o célebre rei Davi.
A sabedoria e a riqueza de Salomão eram tão
grandes que a rainha, segundo o relato bíblico, ficou "fora de si".
Houve troca de presentes nababescos, e o rei, encantado, deu à rainha tudo
quanto pediu e ainda respondeu aos enigmas propostos por ela.
Desde 1998 uma equipe internacional de
arqueólogos vem buscando evidências da existência da rainha no lêmen,
localizado ao sul da Península Arábica. O sítio arqueológico é um conjunto de
ruínas monumentais, quase totalmente encobertas pelas areias do deserto.
Segundo os pesquisadores, podem ser vestígios do Reino de Sheba, ou Sabá. A partir daí, tudo é especulação. Embora seja
citada na Bíblia e no Alcorão, o livro sagrado islâmico, nada se sabe sobre a
rainha fora dos textos religiosos. Não há referências a seu nome, embora os
árabes a chamem de Bilqis — termo que encerra significado religioso. Logo, ela
seria também uma espécie de sacerdotisa de seu povo. E provavelmente unha
traços negróides, já que a tradição grega a cita como Minerva Negra.
Vaso
de perfume - Apesar das
pistas rarefeitas, os pesquisadores acreditam que estão no caminho certo.
"Até agora, só escavamos 1% do complexo", anima-se o arqueólogo
canadense William Glanzman, que chefia uma equipe de estudiosos iemenitas,
americanos, britânicos e australianos que trabalha no local. Eles já
descobriram o que seria um grande templo, guarnecido por um pórtico com oito
pilastras. Dentro, há um salão oval, com 90 metros de comprimento. Mas o melhor
são os artefatos achados em seu interior. Há fragmentos de estátuas, cacos de
cerâmica e vasos que ainda conservam tênue fragrância de incenso. Segundo a
Bíblia, entre os presentes que levou ao colega hebreu, a rainha de Sabá
carregou diversas especiarias — provavelmente, havia também perfumes finos.
Algumas inscrições, ainda não decifradas, compõem o quebra-cabeças do deserto.
"Os achados compreendem um período entre
1.200 a.C. e 600 d.C., o que inclui a época da rainha", contínua
Glanzman. Mas o trabalho é de formiguinha. Mesmo mantido o ritmo atual, ainda
seriam precisos de 10 a 15 anos para desenterrar o resto do templo. E o radar
dos arqueólogos já localizou indícios de outras estruturas, espalhadas num raio
de 240 mil metros quadrados.
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Revista Eclésia. Ano VI - Nº 71. Editora Eclesia. São Paulo, pág. 34.
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