segunda-feira, 18 de julho de 2016

Machado de Assis - Contista

Machado de Assis - Contista
O conto foi por excelência o gênero literário que melhor se ajustou a Machado de Assis. Seu espírito de síntese encontrava na história curta, mais do que na longa, facilidade de expressão. Se procedêssemos a um recenseamento da sua atividade neste setor, o resultado espantaria a muitos pela quantidade e, sobretudo, qualidade patente. A vida nos seus mais variados aspectos foi por ele fixada com a perícia de autêntico mestre. Observou, de preferência, as minudências, o cotidiano, os problemas rotineiros, as reações humanas sem grandiosidade, dos seres comuns com aspirações limitadas, como sucede fora dos livros. Poucas vezes a ficção suplanta a realidade. No entanto, assinale-se a tempo, o verídico sem o colorido da sua imaginação nenhum interesse especial desperta. A pena de Machado de Assis possuía o poder de transfigurar o banal em lances de extraordinários efeitos raros. Seus contos, sem favor algum, igualam-se aos mais distinguidos da literatura universal.
No presente livro adotamos o critério de não repetir os contos mais conhecidos de sua autoria. Recorremos, por isso, às descobertas mais recentes de R. Magalhães Júnior que reuniu, como se sabe o que estava esquecido em jornais antigos em volumes, completando, assim, a obra do contista. Visa esse critério divulgar o menos conhecido de Machado de Assis. Como se trata de dois volumes, no seguinte daremos ao leitor uma impressão diversa desta. Escolheremos alguns dos seus contos mais conhecidos, consagrados e nunca demais lidos. Esperamos, deste modo, atender às duas exigências. Machado de Assis não é como se acreditou por tanto
tempo, um escritor de determinado público, mas sim do público em geral. Portanto, não comporta a escolha que fizemos restringir a sua produção a supostos leitores mais credenciados intelectualmente do que a outros.
Andamos bem? Incorremos em errôneo juízo?  O leitor o dirá.
H. PEREIRA DA SILVA


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Fonte:
Contos Selecionados: Machado de Assis. Prefaciado por: H. Pereira da Silva. Prazo-Livro. Rio de Janeiro, s/d.

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