sábado, 30 de julho de 2016

Por que os anjos são tão populares? (Religião)

Por que os anjos são tão populares?
Por: Ciro Sanches Zibordi
Nunca os anjos foram tão populares como nos dias de hoje. Nos Estados Unidos da América, três em cada quatro pessoas creem em anjos, e cinco em cada dez livros entre os best-sellers são obras voltadas à angelologia. No Brasil, a simpatia pelo esoterismo transformou o mundo angélico em um grande negócio. Segundo José Tadeu Arantes, os anjos "...estão nas páginas dos livros mais vendidos, nos palcos de teatro e nas telas de cinema, nas capas de revistas... e nas convicções mais íntimas de milhões de pessoas" (Globo Ciência, fevereiro/96, pág. 23).
Há alguns anos, Mônica Buonfiglio, mãe-de-santo e apresentadora de um programa de televisão, vem se notabilizando no mercado editorial. Sua notoriedade começou com o confuso livro Anjos Cabalísticos, que superou a marca das 135 edições. Suas obras mais recentes já ocupam as primeiras posições nas listas de best-sellers dos principais jornais e revistas. Quanto à inspiração para escrever, ela declara: "Comecei trabalhando com a potência dos Orixás" (Anjos Cabalísticos, pág. 11).
Não é preciso ler muitos parágrafos das obras da senhora Buonfiglio para descobrir quão antibíblicas são as suas ideias. Segundo ela, "Deus não precisa perdoar (...) É inútil e desnecessário pedir perdão a Ele" (Anjos Cabalísticos, pág. 13). É claro que o Deus citado por ela não é o mesmo da Bíblia, amoroso e perdoador: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça", 1 Jo 1.9.
Biblicamente, os anjos (do grego angelos) são mensageiros espirituais. Mas nem todos são portadores de mensagens de Deus. Para quem não sabe, satanás e seus agentes são anjos do mal (Ap 12.7).
Conhecendo a existência de anjos caídos, Paulo alertou: "...ainda que (...) um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado seja anátema", Gl 1.8. O apóstolo falou de "anjo do céu" porque os anjos caídos habitam as regiões celestiais (Ef 6.12), tendo como líder o príncipe das potestades do ar, o diabo (Ef 2.2).
E impressionante a variedade de nomes de anjos constantes da literatura encontrada nas principais livrarias do País. Na verdade, desde a Idade Média, diversas tentativas de acrescentar nomes à lista de anjos têm sido feitas. No século XV, Amadeu, um monge português, disse que Deus lhe revelara o nome de mais quatro anjos: Uriel, Baraquiel, Jeudiel e Seatiel. A igreja católica romana reconhece o "arcanjo" Rafael, mas este só aparece no livro apócrifo de Tobias, inserido na Bíblia católica por ocasião do Concilio de Trento, em 1546.
Tomando emprestados alguns ensinamentos do romanismo, os escritores modernos apresentam nove classes angelicais, nessa ordem: serafins, querubins, tronos, dominações, potências, virtudes, principados, arcanjos e anjos. Segundo a senhora Buonfiglio, essas nove categorias possuem príncipes (ou arcanjos): Metatron, Raziel, Tsaphkiel, Tsadkiel, Camael, Rafael, Haniel, Mikael e Gabriel.
De onde foram tirados esses nomes? Da teosofia, da magia egípcia, do espiritismo etc., menos da Palavra de Deus. Nas Escrituras, os únicos anjos de Deus identificados por nomes próprios são: Miguel, o arcanjo, príncipe dos anjos de Deus (Dn 12.1; Jd 9), e Gabriel (Dn 8.16; Lc 1.19), os quais assistem diante do Senhor. Além disso, as páginas sagradas apresentam claramente apenas duas categorias específicas, além dos anjos propriamente ditos: os serafins (Is 6.1-8) e os querubins (Gn 3.24).
Outro conceito muito difundido pela angelologia moderna é o de que para cada pessoa existe um anjo da guarda. Paulo Coelho, principal propagador da Nova Era no Brasil, narra, em seu As Valkírias, uma curiosa experiência que teve nos EUA. Depois de conversar com um mago sobre anjos, ele e sua mulher encontraram oito motoqueiras com roupas pretas (as "valkírias"), que lhes ensinaram a maneira de encontrar o anjo da guarda.
A categoria "anjo da guarda", entretanto, não consta das páginas sagradas, embora os crentes fiéis e tementes a Deus, além das crianças, sejam protegidos por anjos (SI 34.7; Mt 18.10). Isso não significa que o amoroso Deus se recuse a proteger, eventualmente, as demais pessoas, a fim de lhes conceder oportunidades de salvação (Hb 1.14).
Afinal, por que os anjos são tão populares? Porque os homens estão cada vez mais longe de Deus. Embora os seres angelicais sejam apenas criaturas do único Deus verdadeiro (Jo 17.3), eles são invocados e adorados como deuses. Essa ideia não é recente, pois os pensadores dos séculos II a.C. a IV d.C. já afirmavam que os anjos são parte integrante da "divindade única".
Embora "magníficos em poder", os anjos limitam-se a executar a ordem do Senhor (SI 103.20). Por isso, não devem ser adorados pelo ser humano (Ap 22.8,9). Como seres criados por Jesus (Cl 1.16), eles adoram ao seu Criador (Hb 1.6). Nesse ponto, vale lembrar a enfática declaração de Paulo sobre os homens dos últimos dias:"... mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram a serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém", Rm 1.25.


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Fonte:
Revista  A Seara. Ano 40 - Nº 2 0 Janeiro de 1997. CPAD. Rio de Janeiro, pág. 15.

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