O Israel do Velho Testamento
Atitudes positivas em relação às mulheres.
A mulher não era um produto secundário da criação, uma espécie de ideia
posterior. Homem e mulher, juntos, constituíam a imagem de Deus (Gn 1.26,27).
Essa imagem só ficou completa depois que Eva foi criada.
Alguns não
aceitavam esse fato, mas outros, sim. E por causa disso, muitas mulheres hebreias
tinham uma participação ativa no relacionamento familiar e comunitário, eram
criativas, e expressavam suas opiniões. Joquebede, por exemplo, foi quem teve a
iniciativa de salvar seu filho Moisés que, pelo decreto do faraó, deveria ser
morto. E tomou as providências necessárias para isso (Êx 2). Ana foi outra
mulher que tomou uma atitude e fez uma aliança com Deus para ter um filho, e
veio a ser a mãe de Samuel (1 Sm 1.1-25).
E houve
mulheres também que chegaram a ocupar posições de liderança entre o povo de
Israel. Débora, por exemplo, foi uma juíza que ajudou a orientar um exército
(Jz 4.6-9). Miriam ocupava uma ocupava uma alta posição no comando de Israel,
vindo logo abaixo de Moisés e Arão. E em certa ocasião liderou uma rebelião
contra o irmão. Ester foi outra mulher notável. Tornou-se rainha da Pérsia, e,
com muita coragem, conseguiu abortar um genocídio de judeus. Hulda foi uma
profetisa a quem o rei Josias consultou, e que lhe entregou a mensagem de Deus
para ele (2 Rs 22.14-20). O judaísmo não impediu que essas mulheres ocupassem
posições de liderança.
Precisamos
considerar também a mulher ideal, descrita em Provérbios 31.10-31. Ela
supervisiona bem a sua casa, com seus muitos servos e tudo o mais, confecciona
roupas, dirige um negócio e compra um terreno. Trata-se de uma mulher que detém
uma ampla gama de responsabilidades e de oportunidades.
O mandamento
bíblico de honrar pai e mãe não faz distinção entre eles; ambos devem receber
igual honra. Pio caso de um homem e uma mulher serem surpreendidos em
adultério, ambos deveriam ser apedrejados (Dt 22.22).
Quanto às
mulheres de grande fé, todas foram elogiadas pelo fato. É o caso de Sara e
Raabe que são incluídas na famosa lista dos grandes heróis da fé (Hb 11).
Restrições
impostas à mulher. Israel era uma sociedade definidamente patriarcal. Em geral,
os homens eram os chefes da família e do governo. Embora aos olhos de Deus a
mulher fosse de importância igual à dos homens, estes não as viam assim. Havia
algumas leis que impunham sérias restrições à mulher.
No primeiro
século, havia uma célebre oração que os judeus recitavam, na qual agradeciam a
Deus por não terem nascido mulher. Esse sentimento era generalizado, e alguns
homens chegavam a cometer abusos.
Eis algumas
das leis que pareciam impor restrições à mulher em suas atividades, em sua
atuação social e em seu valor pessoal básico.
1. Normalmente
só os homens podiam ser donos de alguma propriedade. Uma mulher podia herdar os
bens de seus pais somente no caso de não haver filhos do sexo masculino (rim
27.8).
2. Se uma
mulher fizesse uma promessa ou um juramento, só poderia mante-lo se o marido
concordasse (Hm 30.10-12).
3. Se uma
mulher não tivesse filhos, logo se supunha que o problema estava restrito a
ela, e que isso era sinal de que Deus não se agradava dela (Gn 30.1,2,22).
4. A mulher
tinha que ter as provas de sua virgindade (Dt 22.20,21). Para o homem, isso era
impossível.
5. O valor
monetário atribuído à vida de uma mulher equivalia à metade do valor atribuído
à do homem (Lv 27,1-8). Os que achavam que as mulheres eram propriedade de
alguém, criam também que elas eram muito simples e precisavam de proteção. Por
causa disso, não se estimulava a educação extra-familiar para elas, e eram
muito poucas as que tinham uma carreira própria. Muitas se casavam
tranquilamente, sem questionar nada, e as que não se casavam continuavam
debaixo da autoridade e proteção do pai.
Nessa
sociedade, os pais gostavam mais de ter filhos do sexo masculino do que do
feminino. Essa atitude tinha reflexos no baixo valor atribuído à mulher.
Isso não
quer dizer que os homens não amassem sua esposa e filhas, e por vezes não as
tratassem de igual para igual. Quando um homem maltratava ou humilhava sua
mulher, muitas vezes era repreendido pelo pai e irmãos dela. É evidente que
alguns homens amavam profundamente a esposa, o que é demonstrado pelo fato de
Jacó ter trabalhado quatorze anos para se casar com Raquel (Gn 29.15-30).
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Fonte:
Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, por: William L. Coleman. Tradução: Myrian Talitha Lins. Editora Betânia. Minas Gerais, 1991, págs. 92-94.
Fonte:
Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, por: William L. Coleman. Tradução: Myrian Talitha Lins. Editora Betânia. Minas Gerais, 1991, págs. 92-94.
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