sábado, 16 de julho de 2016

O Israel do Velho Testamento

O Israel do Velho Testamento
Atitudes positivas em relação às mulheres. A mulher não era um produto secundário da criação, uma espécie de ideia posterior. Homem e mulher, juntos, constituíam a imagem de Deus (Gn 1.26,27). Essa imagem só ficou completa depois que Eva foi criada.
Alguns não aceitavam esse fato, mas outros, sim. E por causa disso, muitas mulheres hebreias tinham uma participação ativa no relacionamento familiar e comunitário, eram criativas, e expressavam suas opiniões. Joquebede, por exemplo, foi quem teve a iniciativa de salvar seu filho Moisés que, pelo decreto do faraó, deveria ser morto. E tomou as providências necessárias para isso (Êx 2). Ana foi outra mulher que tomou uma atitude e fez uma aliança com Deus para ter um filho, e veio a ser a mãe de Samuel (1 Sm 1.1-25).
E houve mulheres também que chegaram a ocupar posições de liderança entre o povo de Israel. Débora, por exemplo, foi uma juíza que ajudou a orientar um exército (Jz 4.6-9). Miriam ocupava uma ocupava uma alta posição no comando de Israel, vindo logo abaixo de Moisés e Arão. E em certa ocasião liderou uma rebelião contra o irmão. Ester foi outra mulher notável. Tornou-se rainha da Pérsia, e, com muita coragem, conseguiu abortar um genocídio de judeus. Hulda foi uma profetisa a quem o rei Josias consultou, e que lhe entregou a mensagem de Deus para ele (2 Rs 22.14-20). O judaísmo não impediu que essas mulheres ocupassem posições de liderança.
Precisamos considerar também a mulher ideal, descrita em Provérbios 31.10-31. Ela supervisiona bem a sua casa, com seus muitos servos e tudo o mais, confecciona roupas, dirige um negócio e compra um terreno. Trata-se de uma mulher que detém uma ampla gama de responsabilidades e de oportunidades.
O mandamento bíblico de honrar pai e mãe não faz distinção entre eles; ambos devem receber igual honra. Pio caso de um homem e uma mulher serem surpreendidos em adultério, ambos deveriam ser apedrejados (Dt 22.22).
Quanto às mulheres de grande fé, todas foram elogiadas pelo fato. É o caso de Sara e Raabe que são incluídas na famosa lista dos grandes heróis da fé (Hb 11).
Restrições impostas à mulher. Israel era uma sociedade definidamente patriarcal. Em geral, os homens eram os chefes da família e do governo. Embora aos olhos de Deus a mulher fosse de importância igual à dos homens, estes não as viam assim. Havia algumas leis que impunham sérias restrições à mulher.
No primeiro século, havia uma célebre oração que os judeus recitavam, na qual agradeciam a Deus por não terem nascido mulher. Esse sentimento era generalizado, e alguns homens chegavam a cometer abusos.
Eis algumas das leis que pareciam impor restrições à mulher em suas atividades, em sua atuação social e em seu valor pessoal básico.
1. Normalmente só os homens podiam ser donos de alguma propriedade. Uma mulher podia herdar os bens de seus pais somente no caso de não haver filhos do sexo masculino (rim 27.8).
2. Se uma mulher fizesse uma promessa ou um juramento, só poderia mante-lo se o marido concordasse (Hm 30.10-12).
3. Se uma mulher não tivesse filhos, logo se supunha que o problema estava restrito a ela, e que isso era sinal de que Deus não se agradava dela (Gn 30.1,2,22).
4. A mulher tinha que ter as provas de sua virgindade (Dt 22.20,21). Para o homem, isso era impossível.
5. O valor monetário atribuído à vida de uma mulher equivalia à metade do valor atribuído à do homem (Lv 27,1-8). Os que achavam que as mulheres eram propriedade de alguém, criam também que elas eram muito simples e precisavam de proteção. Por causa disso, não se estimulava a educação extra-familiar para elas, e eram muito poucas as que tinham uma carreira própria. Muitas se casavam tranquilamente, sem questionar nada, e as que não se casavam continuavam debaixo da autoridade e proteção do pai.
Nessa sociedade, os pais gostavam mais de ter filhos do sexo masculino do que do feminino. Essa atitude tinha reflexos no baixo valor atribuído à mulher.
Isso não quer dizer que os homens não amassem sua esposa e filhas, e por vezes não as tratassem de igual para igual. Quando um homem maltratava ou humilhava sua mulher, muitas vezes era repreendido pelo pai e irmãos dela. É evidente que alguns homens amavam profundamente a esposa, o que é demonstrado pelo fato de Jacó ter trabalhado quatorze anos para se casar com Raquel (Gn 29.15-30).

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Fonte:
Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, por: William L. Coleman. Tradução: Myrian Talitha Lins. Editora Betânia. Minas Gerais, 1991, págs. 92-94.

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