Águas sagradas
Por: Carlos
Fernandes
Local exato do batismo de Jesus pode ter
sido descoberto na Jordânia
De acordo
com a Palavra de Deus, Jesus de Nazaré, ao iniciar seu ministério na Terra, foi
batizado por João Batista no Rio Jordão. Através do relato bíblico, nunca foi
possível estabelecer com precisão o local exato do batismo do Filho de Deus,
apesar da enorme curiosidade a respeito. Pois uma equipe de arqueólogos anda
anunciando que há fortes indícios de que o local exato fica na localidade de
Wadi El-Kharrar, na Jordânia. Os estudiosos baseiam suas pesquisas na
descoberta de ruínas na margem oriental do rio. Trata-se dos restos de templos
cristãos do séculos 6. Um deles seria a igreja de São João Batista, citada pelos
primeiros peregrinos que ali foram comemorar o batismo de Cristo. Um dos
escritos de Teodósio, o patriarca de Alexandria, datado de 530, diz claramente:
"No local onde o Senhor foi balizado, encontra-se a igreja de São João
Batista, construída por ordem do imperador Anastácio." O arqueólogo
Mohammed Wahib, da Universidade da Jordânia, não tem dúvidas de que as ruínas
encontradas faziam parte do templo.
Interesse turístico - O local das escavações
fica próximo ao riacho Wadi El-Kharrar, afluente do Jordão, a poucos quilômetros
da margem norte do Mar Morto. Novamente, há coincidência com antigos documentos
— de viagem do anônimo Peregrino Bordeaux, por volta de 330, situam o local do
batismo de Jesus "a .cinco milhas romanas" (cerca de sete quilômetros)
do litoral. De acordo com os evangelhos, João pregava e balizava em Betânia,
além do Jordão - ou seja, na margem oriental do rio. já em território
jordaniano. Em boa parte de seu curso, o rio serve como fronteira entre Israel
e Jordânia.
As
escavações revelaram ainda antigos mosaicos, altares, degraus que davam acesso
ao rio, piscinas batismais e até uma coluna votiva. Tudo indica que no local
costumava-se celebrar ofícios e batismos entre os séculos 4 e 6 da Era Cristã.
Com o domínio islâmico da região, iniciado no século 7, os santuários cristãos
foram destruídos. Somente com o início dos trabalhos de escavação, em 1995, a
comunidade científica teve seu interesse despertado pelo local, que chegou a
ser visitado pelo papa João Paulo II no ano passado.
Além do
interesse histórico e religioso, a novidade deve representar uma mina de ouro
para a indústria do turismo na Jordânia. Antes mesmo da confirmação da
descoberta, já está em construção um complexo para abrigar peregrinos e visitantes.
Quem não vai gostar nadinha mesmo é o governo de Israel. Além do dissabor de
ver uma preciosa relíquia cristã em poder dos jordanianos, antigos desafetos, a
novidade deve desviar para o país vizinho boa parte do fluxo do turismo
religioso. Atualmente, cristãos do mundo todo celebram batismos na localidade
de Yardenit, na margem israelense do Jordão. Sabendo que o Filho de Deus foi
balizado do outro lado do rio, quem é que vai querer ficar fora dessa?
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Fonte:
Revista Eclésia. Ano VI - Nº 72. Editora Eclesia. São Paulo, pág. 52.
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