O homem e a música
Por: Walena
Marçal
Se dermos um RÉ na história, descobriremos
que antes do SOL a música existia. Foi presente de Deus para o homem olhar pra
SI, pra Ml, pra LÁ, e não ter DÓ de ser feliz.
A música tem
sido assunto para pauta de diversos debates e discussões, principalmente pelo
fato de que, apesar de ser considerada há muito como uma linguagem universal,
é, na realidade, uma linguagem que fala a todos, mas de diferentes maneiras,
dependendo de aspectos como raça, cultura, idade, língua e etc.
O termo
"música" refere-se, de maneira geral, à arte relacionada aos aspectos
dos sons, ou seja, música é a arte da combinação dos sons e seus componentes.
A origem da
música é ainda muito discutida. A única coisa da qual se tem certeza é que ela
é quase tão antiga quanto o homem, surgindo na Pré-história e tendo
desenvolvimento paralelo ao do restante da cultura.
Dentre os
elementos que compõem a música, destacam-se: melodia, harmonia e ritmo; o
primeiro a surgir teria sido o ritmo, uma vez que esse elemento faz parte da
vida humana desde a fase intrauterina, quando o coração é formado e surge a
pulsação. A partir desse aspecto, é que o notável pianista Hans De Buelow,
parafraseando a Bíblia, disse: "no princípio era o ritmo". O ritmo é
o elemento mais dinamogênico da música, pois age sobre a parte física do ser
humano, e, por isso, é um elemento tão marcante.
O som teve
um desenvolvimento mais tardio que o do ritmo. As músicas conhecidas da época
são em geral pouco sonoras e bastante rítmicas. Provavelmente havia dificuldade
para os povos primitivos criarem instrumentos melódicos muito ricos. Só mais
tarde, no desenvolvimento da história, é que surgiram instrumentos melódicos
mais trabalhados.
Com o
desenvolvimento da civilização (4.000 a.C.), se dá o aparecimento de uma música
um pouco mais elaborada, já semelhante aos padrões que temos hoje. As
civilizações antigas passam a organizar os sons de forma consciente e os
agrupam em escalas que foram determinadas teoricamente. É nesse contexto que a
música se desenvolve no Egito, Mesopotâmia, Pérsia, Israel e posteriormente na
Grécia, Macedônia e Roma. Em Israel, mais especificamente, a música era diretamente
relacionada à religiosidade, sendo usada nas celebrações de vitória e regozijo
e também como lamento. Havia utilização de coros e instrumentos diversos,
inclusive os de percussão.
Do meio do
povo de Israel nasceu a comunidade cristã, que herdou suas diversas
características e, dentre elas, sua música. Após o ano 70, ocorreu a dispersão
de judeus e cristãos pelo mundo antigo, acontecendo, então, uma maior
influência pagã (greco-romana) sobre a cultura e, por conseguinte, sobre a
música cristã.
Na Idade
Média (476-l 453), com a intensificação da influência eclesiástica sobre a
sociedade secular europeia, percebe-se o desta que da música sacra que ocupou
lugar de vanguarda. Houve, então a organização das notas como as conhecemos
hoje (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si), por Guido d'Arezzo e o desenvolvimento,
pelo papa Gregário Magno, do cantochão, que consistia em melodias que fluíam
livremente, sem grandes saltos e com ritmos irregulares que acompanhavam a
acentuação das palavras.
No contexto
secular, percebe-se o desenvolvimento de danças e canções, onde se observa a
ideia clara de tom, mais não um ritmo organizado, e sim ainda baseado no ritmo
natural das palavras.
Dentre os
instrumentos usados nessa época podemos mencionar o tamboril, o órgão, o
carrilhão (uma espécie de harpa), a viola, a rebeca, o saltério, flautas doces
de diversos tamanhos e instrumentos de percussão variados (címbalos, triângulos
e tambores).
Surge,
então, a Renascença (Século XIII a XVI), que foi elo de transição entre as
Idades Média e Moderna. Esse período, caracterizado pela busca intensa do saber
e do conhecimento e pela volta à cultura clássica, sendo berço de novas ideias
e instituições, dentre elas, o Protestantismo. Aqui aparece a figura de Martinho
Lutero, grande compositor sacro e hinólogo, que transformou seus hinos em armas
poderosas para o desenvolvimento da Reforma. Ele não hesitou em usar hinos
medievais e canções populares de sua época, adaptando-lhes letras religiosas,
que alcançaram entre o povo maior efeito que seus próprios sermões e teses.
Na
Modernidade propriamente dita (1453 a 1789), notamos o aparecimento do Barroco,
que, na música, possui fortes traços religiosos. Isso pode ser confirmado na
música de um dos maiores compositores da época: Johan Sebastian Bach, cuja obra
abrange corais, oratórios e missas, dentre outras formas. Dessa mesma época são
as obras de Haendel, das quais podemos mencionar "O Messias", de que
faz parte a célebre música "Aleluia", que ainda hoje é largamente
executada por corais do mundo inteiro.
Continuando a
falar sobre Modernidade, chegamos ao período Clássico, cujo nome tem sido
erroneamente aplicado a toda música não popular. E importante lembrar aqui que
música clássica é a música do Período Clássico (1750 -1810) e que a música dos
grandes mestres poderia ser melhor chamada de "erudita".
A palavra
"clássico" significa cidadão da mais alta classe e bem denomina a
música feita na época, que tinha por principais características um estilo galante
e elegante de composição. Dentre os grandes compositores desse período, podem-se
destacar os nomes de Mozart e Beethoven. Houve nesse período também um grande
desenvolvimento da orquestra. Além disso, o piano passou a ser grandemente
explorado e, pela primeira vez na história da música, passou a ter um lugar de
maior destaque do que o canto.
Na Idade
Contemporânea (1789) originou-se o Romantismo, cujas obras foram norteadas pela
imaginação, sonho, e espírito aventureiro e cujos temas preferidos foram as
noites de luar, o amor, a magia, os mistérios, etc. Nesse período encontram-se
nomes como os de Chopin, Strauss eTchaikovsky.
Após o
Romantismo surgiu a música do século XX, com tendências bastantes inovadoras,
técnica totalmente nova de criação e exploração de novos sons, chegando a serem
considerados, algumas vezes, algo radical. É nesse contexto que vemos aparecer
os nomes de Ravel, Schoenberg e Bela Bartok, dentre outros.
É importante
ressaltar que a música do século XX sofreu influências da "Indústria Cultural"
que a massificou e popularizou, redundando no aparecimento de novos ritmos,
como Jazz, Blues e Rock and Roll, que passaram a influenciar diversas gerações.
No Brasil, mais especificamente, pode-se notar o aparecimento do Choro, Samba e
Bossa Nova, dentre outros.
Vale notar
que a música acompanhou o processo histórico, suas nuances, seus objetivos e
mudanças. Cabe a esta geração, porém, valorizar e aproveitar o que de bom foi
feito, além da responsabilidade de saber criar e optar por novos rumos que nortearão
a música daqui por diante.
REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
BENNETT,
Roy. Uma Breve História da Música. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1986.
KEITH, Edmond D. Hinódia
Cristã. 2° ed. revista e atualizada, Rio
de Janeiro, JUERP, 1987.
PERRUCI,
Gamaliel. Música Sempre Música. Rio de
Janeiro, JUERP, 1982.
---
Fonte:
Revista UniJovem. Ano XI - Nº 47 - 1993. JUMOC. Rio de Janeiro, págs. 25-27.
Nenhum comentário:
Postar um comentário