O que o Hanucá e o Natal têm em comum?
Por: Fredi
Vinkler
As duas
festas acontecem no inverno [em Israel]: o Natal a 25 de dezembro e Hanucá em
25 de quisleu (conforme o calendário
judaico). Como o calendário judaico é lunar, a cada ano Hanucá cai em um dia
diferente do mês de dezembro.
A festa de
Hanucá (Dedicação) lembra a reinauguração
do templo em 165 a.C. por Judas Macabeu. O templo havia sido saqueado e o altar
tinha sido profanado anteriormente pelo rei selêucida Antíoco Epifânio
(conforme predito em Daniel 11.35, profecia que será cumprida integralmente
através do Anticristo, veja Mateus 24.15). A dedicação do altar restaurado
aconteceu no dia 25 de quisleu, na
mesma data em que três anos antes ele havia sido profanado por sacrifícios
pagãos. Mas antes o templo teve de ser purificado e colocado em ordem e o altar
foi totalmente reconstruído, pois tinha-se tornado impróprio para sacrifícios.
A alegria pela reconsagração do templo foi tão intensa que decidiu-se fazer uma
grande festa, como a dos Tabernáculos, que dura oito dias. Após anos de
opressão e perseguição religiosa, a festa representou um enorme fortalecimento
da consciência nacional e religiosa do povo de Israel, razão porque passou a
ser comemorada anualmente. Assim surgiu essa festa nacional de alegria, com cerimônias
e cânticos semelhantes aos que se tornaram usuais na festa dos Tabernáculos. O
templo era iluminado para a festa e também nas casas eram acesas muitas luzes.
Por isso, Flávio Josefo chamou-a de "Festa das Luzes". Daí vem o
costume de acender um candelabro com velas em Hanucá. Não está bem claro por
que são justamente oito as velas ou lâmpadas acesas nessa festa. Diversas
razões são citadas como a origem do costume. É provável que originalmente as
oito chamas simbolizassem os oito dias da festa e que a nona chama servia para
acender as outras oito. Essa nona chama era chamada "shamash", o que
significa "serva". O Mishná
(coleção de leis e costumes judaicos) relata o milagre do óleo, que teria
acontecido quando o templo estava sendo limpo. Supostamente foi encontrado um
frasco com óleo santificado para o candelabro em quantidade suficiente apenas
para um dia; mas, por um milagre, o óleo teria durado oito dias. Entretanto, os
livros dos Macabeus não fazem menção desse episódio.
Para os
judeus religiosos, os macabeus eram um grupo controvertido. Eles tinham
realizado coisas grandiosas pelo país, mas simultaneamente haviam tomado para
si o ministério sumo-sacerdotal e o reinado sobre a nação, o que não lhes competia
segundo os preceitos bíblicos. Os macabeus não eram da linhagem
sumo-sacerdotal, nem da casa de Davi. Essa parece ser a razão do Mishná, que surgiu 200 anos mais tarde,
salientar o milagre do óleo mas não mencionar os macabeus. Além disso, há um
fato pouco lembrado, mas que teve consequências desastrosas: os macabeus
fizeram um pacto com os romanos contra os selêucidas. No final, esse pacto
levou à aniquilação da nação judaica e à destruição do templo e da cidade de
Jerusalém (em 70. d.C.).
Assim, os vitoriosos
macabeus poderiam servir de alerta para o Israel de hoje. Continuamente a
pequena Judéia buscou amparo com as grandes potências. E isso sempre foi fatal.
Os macabeus pensavam ter encontrado proteção junto a Roma. Por décadas o
sionismo contemporâneo seguiu a orientação da Grã-
Bretanha, e
agora o Estado de Israel confia nos poderosos Estados Unidos.
Nos anos 20,
Martin Buber já alertava em relação a essa orientação política perigosa. Na sua
opinião, esse apoio não deveria ser buscado em países muito distantes, mas
junto aos elementos árabes presentes na própria terra, por mais difícil que
isso fosse.
Curiosamente,
a festa de Hanucá (Festa da Dedicação) é mencionada no Novo Testamento:
"Celebrava-se em Jerusalém a Festa da Dedicação. Era inverno. Jesus
passeava no templo..." (Jo 10.22-23). A proximidade entre Hanucá e o
Natal, bem como a tradição de se acender luzes em ambas as festas, faz surgir a
pergunta: até que ponto a festa de Hanucá influenciou a festa de Natal? Em
alemão, por exemplo, o Natal é chamado de "Weihnacht" ("Noite da
Dedicação"), o que demonstra essa influência. Alfred Edersheim, um judeu
crente em Jesus e erudito bíblico, escreveu em 1874 que a festa da consagração
do templo - 25 de quisleu - foi usada
pela Igreja primitiva como sendo o dia do nascimento de Jesus Cristo - o dia do
Natal - que passou a ser considerado o dia em que o templo verdadeiro, o corpo
de Cristo (Jo 2.21), foi dedicado.
As datas, 25
de quisleu ou 25 de dezembro, deixam
entrever a derivação da festa do Natal de Hanucá. Assim, estaria também
refutada a afirmação frequente de que o Natal seria originário da festa pagã do
solstício do inverno.
No Natal
devemos nos lembrar que a pedra angular (Jesus) do templo atual (a Igreja) foi
lançada espiritualmente há 2000 anos passados (Ef 2.20-22). Além disso, somos
chamados para ser luzes em meio à escuridão que se alastra!
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Fonte:
Notícias de Israel. Ano 23 - Nº 12 - Dezembro de 2001. Obra Missionária Chamada da Meia Noite. Porto Alegre, págs. 8-9.
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