"Amarás..."
"Amarás o teu próximo como a ti
mesmo." (Mt 22.39)
Por: Myrian
Talitha
Foi no
início da década de 70 que esse texto chamou minha atenção. Era a fase áurea do
movimento hippie, com seu lema:
"Paz e amor, bicho!"
Nessa
ocasião, converteu-se em nossa igreja um jovem hippie. A princípio, todos ficamos maravilhados com esse fato inusitado.
Pela primeira vez, chegava ali um cabeludo malcheiroso, de roupas desajeitadas
e "transpirando" maconha. E vimos nele um milagre diferente - o poder
de Deus libertando um viciado em drogas. A conversão do rapaz foi tão real que
acabou atraindo para a igreja seus familiares e amigos. Vários hippies passaram a frequentar nossos
cultos. E alguns deles se converteram. Houve uma onda de conversão de jovens.
Os meses se
passaram, e o ex-hippie e seus amigos
permaneceram firmes. Abraçaram de corpo e alma a mensagem do evangelho. Alguns
deles começaram a expressar sua fé em Cristo compondo corinhos e hinos.
Algum tempo
depois, porém, surgiu um problema. A igreja, que inicialmente rejubilara com a
conversão dos rapazes, começou a demonstrar certa repulsa pela sua aparência. É
que eles insistiam em usar calças jeans, camisas esporte e em manter o cabelo
comprido. Os membros tradicionais acreditavam que, para eles serem crentes de
fato, teriam de adaptar-se à maneira de ser do resto da igreja: cortar o cabelo,
usar terno e gravata, etc.
Formou-se um
conflito. Os jovens criam que podiam amar a Jesus e continuar com a mesma
aparência. Os tradicionais não aceitaram. Insistiam em que eles se ajustassem
ao jeito da maioria.
Afinal
percebeu-se que os dois grupos não iriam se entender. Houve a separação. Os
jovens ex-hippies e alguns irmãos
desligaram-se da igreja e formaram outra.
Essa divisão
me abriu os olhos para um fato: faltou
amor. Nenhuma das duas partes observara o princípio básico do amor, que
Jesus ensinou. Cada uma preferiu fazer valer seu ponto de vista.
Na verdade,
era preciso que houvéssemos dialogado, dando o primeiro lugar aos interesses do
reino de Deus. Mas não. Deixamos-nos levar pelo impulso muito humano de querer
que se fizesse aquilo que julgávamos acertado. Não agimos com base no amor, daí
a divisão.
De modo
geral, nós, os cristãos, evangélicos, falamos muito sobre amor. Grande parte de
nossas pregações, cânticos e literatura focaliza esse tema. Contudo, se
analisarmos nossos atos e atitudes, veremos que poucos amam de fato. Na
prática, não amamos o próximo como a nós mesmos.
Quando penso
em minha vida e nos erros que cometi, sinto que a principal causa deles foi
exatamente isso, falta de amor. Não amei o meu próximo como devia.
Hoje
reconheço que poderia ter tido um relacionamento muito melhor com meus país, se
os tivesse amado de verdade. É claro que tive por eles o amor filial, natural
ao ser humano. Contudo não os amei como a mim mesma. Não sacrifiquei meus
interesses egoístas em favor de uma relação mais profunda. E agi da mesma forma
com meus irmãos, com os irmãos da igreja, pastores, colegas, vizinhos,
conhecidos, enfim, com meu próximo.
Quanto tempo
perdido! Quanta energia desperdiçada em mim mesma! Como minha vida teria sido
diferente se eu tivesse resolvido amar! Eu poderia ter auxiliado mais aos
outros, e talvez até minorado em parte o sofrimento dos que me cercam. Tenho
certeza de que se o tivesse feito, hoje me sentiria muito mais realizada. E
sobretudo teria obedecido a uma ordenança de Deus.
Felizmente, porém, quando enxerguei esses fatos, resolvi tomar a decisão de amar meu próximo. Não estou querendo dizer que amo a todos "como a mim mesma". Ainda não. Contudo tomei a decisão de amar, que é o primeiro passo para vir a amar.
Não quero
dar a impressão de que amar é fácil. É muito difícil; é uma batalha árdua.
Todavia é uma luta em que já somos vitoriosos por meio de Jesus.
Por outro
lado, quando falo em amor não me refiro àquele sentimento agradável, àquela
emoção boa que temos por algumas pessoas, mas não por outras. Refiro-me ao amor
de Cristo, ao amor ágape, àquele que
"tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" e "jamais
acaba".
Você, que me
lê, não deixe passar mais tempo. Tome essa decisão também. Analise bem seu
coração e pergunte:
"Estou
amando o meu próximo?"
E se a
resposta for negativa, faça o propósito de amar.
"Vou
amar meu próximo! Vou aplicar à minha vida esse princípio que Jesus
estabeleceu."
E se alguém
pensa que não pode amar por se sentir falho e incapaz, não se preocupe. Deus
nos ensina a amar e nos capacita a isso. Ele é amor, e o que mais deseja é que
seus filhos também amem.
Então tome a
decisão de amar. Você nunca irá arrepender-se disso. Decida amar seus pais,
mesmo que eles lhe pareçam injustos e egoístas. Ame seu cônjuge, não só com o
amor romântico das novelas, mas com o amor ágape,
que é forte e resiste a tudo. Ame seus filhos. Ame amigos e vizinhos. Ame! Ame!
Ame! Por favor, ame! Tenho certeza de que sua vida vai mudar, vai ganhar um
novo significado! A minha mudou e não me arrependo nem um pouco da decisão que
tomei.
Acredito
firmemente que a única solução para os sérios problemas de relacionamento que
enfrentamos em nossos dias é amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a
nós mesmos. Pelo menos é a solução indicada por Deus.
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Fonte:
Revista Betânia. Ano II - Nº 4 - Maio a Agosto de 1999. Editora Betânia. Venda Nova - MG, págs. 26-27.
Fonte:
Revista Betânia. Ano II - Nº 4 - Maio a Agosto de 1999. Editora Betânia. Venda Nova - MG, págs. 26-27.
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