Argumento Moral
Esse
argumento apela para a natureza e a consciência do homem. Parte do pressuposto
que o homem, seja ele o ser mais carrasco ou o ser mais gentil, é um ser moral
e é também um ser que traz, dentro de si, um juiz. O homem tem uma natureza
moral que não foi adquirida por processo evolucionista de educação nem por um
desconhecido ato de implantação pelo acaso. A consciência de qualquer homem
testifica a realidade de uma lei. A lei leva a um legislador. E o conteúdo
desta lei revela-nos o caráter do legislador. O homem carrega, como parte
intrínseca e entranhavelmente interiorizada, o senso de responsabilidade. Ele é
obrigado a responder pelos seus atos. Há uma "pressão" (e é inútil
negar) que impulsiona o homem a cumprir a lei do dever, e não do querer. Sua
consciência o esmaga e o acusa quando ele age ao contrário da lei moral. Esse
argumento fascinava Kant, que chegou a dizer que é o argumento superior aos
demais e que leva a inferirmos a existência de um Deus-Legislador-Pessoal. Por
causa deste argumento, muitos afirmam que o que Kant destruiu em sua crítica da
razão pura, ele restaurou em sua crítica da razão prática. Kant acreditava
veemente que haveria um acerto de contas retributivo em função do aparato das
desigualdades reinantes, no dia de hoje. Se existem homens, cuja prosperidade e
gozo não correspondem com a verdade moral, tais homens devem ser julgados no
final. A transgressão e o pecado geram uma consciência culpada e
exacerbadamente convicta do mérito do castigo. Da mesma forma, uma consciência
limpa e inteiramente aprovada pela lei, traz refrigério e a paz para o homem.
De onde veio esta lei? Será que o semáforo foi construído pelos postes que,
para o bem do trânsito, decidiram construí-lo? Claro que não! Deus está aí...
Está claro que há um Deus Santo que aprova e reprova a conduta do homem pelo
juiz interno (consciência) no mundo do presente e que vai aprovar e reprovar a
conduta do homem, como o Supremo Juiz no mundo por vir. Toda moralidade ética
não se explica com expurgamento de Deus do cosmo. A consciência do homem é um
mero reflexo para atestar essa verdade. Isto levou Lord Davin a afirmar:
"Nenhuma sociedade tem sido capaz de ensinar moralidade sem religião".
Ao lado desses tradicionais argumentos, quero acrescentar outros três
irredutíveis: O argumento das duas leis da termodinâmica, o argumento das
respostas às orações e o argumento da existência do povo judeu. O primeiro
argumento diz que a primeira lei da termodinâmica assevera a conservação da
matéria e da energia. De acordo com ela, nada, absolutamente nada, está sendo
criado agora. Nada está sendo criado e nada está sendo destruído. Disto se
conclui: ou todo o universo foi criado no passado, não importa os
"milhões" de anos que os cientistas batiza-ram o natalício do
universo, ou todo o universo sempre existiu, como se crê no presente. Pela
segunda lei da termodinâmica fica descartada a ideia de que sempre existiu,
como no presente. Esta segunda lei assevera que o universo está se movendo
irreversivelmente em direção a degradação entrópica (energia tornando-se
inapropriada). Esta segunda lei não diz sobre a destruição da matéria, mas
afirma que o universo esta sendo, aos poucos, desfeito ou ficando velho,
desgastado e "enrugado" e que sua energia não está mais sendo útil.
Portanto, este argumento põe um basta nas teorias contrárias à Bíblia e a
verdadeira ciência. Tal é a veracidade dos fatos, que os próprios cientistas
concluíram que o universo vai acabar-se por si só .O segundo argumento é
simples, todavia muito poderoso; diz respeito às respostas das orações. Herbert
W. Armstrong, em seu livro, "Does God Exist?", cita pelo menos sete
provas sobre a existência de Deus. E na sua "Proof Number Seven", ele
fala sobre a "resposta da oração". Armstrong cita o exemplo de George
Muller na fundação e manutenção dos cinco orfanatos e das demais instituições
filantrópicas fundadas por ele, todas em nome da oração-fé. Armstrong enfatiza
que não é questão de "pensamento positivo" ou "ajustamento
psicológico", mas intervenção miraculosa e sobrenatural de Deus. E de fato
é verdade! Eu oro e Deus me responde! Quem é que responde às orações específicas
e pessoais? Será que é o diabo? As circunstâncias? As coincidências? Que os
ateus respondam: quem é que responde às orações??? O último argumento ousa
provar a existência de Deus pela existência do povo judaico. Só alguém
desprovido de conhecimento histórico considera os judeus como outra nação
qualquer. De fato, o próprio ateu Sartre reconheceu os Judeus como povo
desigual: "Não posso julgar o povo Judeu segundo os critérios aceitos da
história da humanidade. O povo Judeu é algo além do tempo" . Antes do
advento de Jesus, os judeus foram enjaulados e enclausurados por nações com
cultura e costumes esquisitos. Uma vez, eles ficaram 400 anos servindo aos
egípcios, outra vez, ficaram 70 anos servindo aos babilônios. Entretanto, algo
de milagroso aconteceu: a preservação da própria identidade nacional. Eles
continuaram os mesmos e não foram absolvidos nestas culturas alheias. Depois de
Cristo, mais uma vez, eles foram banidos de sua casa. Em 70 D.C., o General
Tito arruinou com os judeus. Acabou a nação. Todos os refugiados buscaram
asilos nos países estrangeiros. Quase dois milênios viveram sem pátria, sem
cultura cósmica-nacional, sendo perseguidos e sendo mortos aos milhões. Só em
1948, dá-se um novo milagre: eles voltam e formam novamente sua nação: com seus
costumes e com sua própria cultura. De lá para cá, o milagre persiste. Em meio
à guerras e conflitos políticos, diplomáticos e religiosos, os judeus continuam
sendo judeus. E assim sendo, contrariam a história provando que eles são a
única nação que não sucumbiu (como muitas sucumbiram) ao esquecimento. Será que
não há uma associação ou milagre de Deus com este povo? É coincidência Deus
ter-se revelado por meio deles ao mundo? É coincidência afirmar que muitos
deles reconhecerão a Jesus como o Senhor? O que o ateu tem a dizer?
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Fonte:
A Existência de Deus e dos Ateus, por: Laércio Pereira. Abba Press Editora. São Paulo, 1995, págs. 74-78.
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