quinta-feira, 21 de julho de 2016

O primeiro homem

O primeiro homem
Louis Pauwels, fundador de Planete, mostra aqui por que o texto de Ardrey é importante. E como sua teoria provocou uma revolução nos meios da paleontologia. São novas luzes sobre o primeiro homem.
Publicamos estas páginas de Ardrey porque pensamos que o livro deste amador apaixonado está destinado a uma verdadeira notoriedade. Já chamou atenção de centenas de milhões de leitores nos Estados Unidos. Pela vivacidade e o calor do estilo, pela visão ampla, uma tal obra merece efetivamente uma grande audiência. E foi necessário sem dúvida um amador, um escritor (e, no caso, um dramaturgo) para conduzir essa investigação através da paleontologia e levantar os problemas que interessam ao homem, quando os especialistas se refugiam nas classificações estritas. Ardrey teve a coragem de tocar o coração do problema: de onde viemos nós? e de examinar com esse propósito, em todos os sentidos, os fatos e ideias que realmente nos concernem. O que não constitui um pequeno mérito.
Isto é dizer que nós partilhamos as teses do autor? Quase.
Outro mérito de Ardrey: ele trata os fatos como fatos, quer dizer, como realidades bastante firmes, capazes de demolir as mais sólidas teorias. Assim, parece a ele que de agora em diante está suficientemente provado que o instinto de território é uma dominante do reino animal. O que aspira a significar que a ideia de propriedade não é, entre os homens, uma resultante da economia e da estrutura da sociedade, mas um dom original. Não obstante, o autor cuidou para não evocar os animais sociais: térmitas, abelhas, formigas. Se têm o instinto de território, não o empregam mais aqui a título individual, mas a título global. E nas recentes experiências citadas por Remy Chauvin em sua obra sobre as Societés Animales, é mostrado que ele existe nas comunicações pacíficas entre formigueiros. Ora, o homem atual é aquilo que foi em suas origens: um solitário ou um tribal? Ele é um animal social em quem o instinto de território mudou de natureza ao mudar de dimensão. Se eu sou americano, meu território é a livre empresa. Se eu sou soviético, o meu território é o comunismo. E aproxima-se o tempo, no ímpeto acelerado das massas e nas precipitações do progresso, em que o território será para o homem o planeta inteiro, onde o homem se definirá, em consideração ao universo povoado por outras inteligências, como terrestre. Ele não poderá falar da permanência do instinto de território, como o faz Ardrey, sem, ao mesmo tempo, negar esta ladeira do fenômeno humano e cair na justificativa das atitudes mais reacionárias. É bom, por outro lado, que se tenha originado na África do Sul, onde as teses deste livro podem servir de ponto de apoio aos partidários da segregação.
É conveniente, aqui, retornar ao esquema de Teilhard de Chardin, segundo o qual toda a evolução se caracteriza pela passagem da zoos-fera, mundo dos instintos, à noosfera, mundo das tomadas de consciências. O homem, ao progredir, toma consciência da sua limitação, do conjunto biológico e energético ao qual está ligado, e do destino desta totalidade. A partir deste momento, pode-se dizer que a sua natureza mesma mudou. Uma natureza que toma consciência do seu futuro não mais é "natural": ela não mais está ligada à sua própria fatalidade, mas à visão que ela própria tem de sua direção.
E preciso ter muita atenção às distinções introduzidas por Teilhard. Aqueles que o combatem em nome do seu idealismo podem bem ser batidos em seu próprio terreno por outros realistas do tipo Ardrey.
Lá onde nós reencontramos nosso autor, é quando ele demonstra que a libido não é a base de toda atividade, que o instinto sexual é relativamente menos forte que o instinto de hierarquia e de responsabilidade. O pansexualismo freudiano acha-se ferido, o que nos parece salutar.
Lá onde nós nos afastamos ainda uma vez, é quando ele funda todas as suas teorias em cima das escavações africanas. Sabe-se da precariedade das descobertas, nesta matéria, das origens do homem. Amanhã, não se encontrará um elo que nos fará filhos de um vegetariano? E afinal, no atual estado de coisas, a única certeza é que nós não sabemos nada. O africantropo encontrado por Leakey teria 1.750.000 anos. Mas a última dotação lhe dá 3 milhões de anos. E não teria ele podido desaparecer depois, por ocasião das grandes glaciações? Seu crânio comporta uma crista óssea. Será verdadeiro que nós sejamos seus descendentes? E quanto ao crânio f r aturado de que fala Ardrey, ele testemunha um combate ou um acidente? Ninguém poderá dizer de forma segura. E o que é que me permite pensar que o crânio se desenvolve a partir do uso de uma arma? Em que a clava pode ter condicionado a afinação do crânio? Hipótese pura. Os delfins possuem uma estrutura cerebral comparável, se não superior, à do homem. Estes não são matadores. Então? O assassinato como condição da evolução? Suspeitamos, seriamente, sobre o plano das verdades como sobre o das deduções. Como a lei darwiniana de seleção natural pode servir como suporte ideológico à política de livre empresa e de struggle for life, receamos que esta teoria de "filhos de Caim" venha um dia a fornecer novo alimento a uma visão nietzschiana e a uma nova representação de super-homem emergindo de uma onda de sangue.
Não obstante, Ardrey talvez tenha razão ao acentuar a agressividade original. O adamismo é duvidoso. Mas ele tem dois tipos de agressividade, que dificilmente se explicam um pelo outro. A primeira é dirigida contra o semelhante. A segunda é dirigida contra a natureza. E não é a primeira a transformadora da espécie e do mundo, é a segunda. É agredindo a natureza, lutando contra esta para roubar os seus segredos, para compreender, orientar e governar as suas leis, que o homem modificou sua limitação e sem dúvida modificou a ele mesmo.
Atualmente, numa atmosfera carregada de mil radiações novas, ele não é mais convocado a certas mutações? Ele transformará as coisas sem se transformar no mesmo golpe? E ele as transformará em um poderoso esforço se ele mesmo não se sente mais chamado para qualquer benéfica transformação — para qualquer despertar, dito de outro modo?
Uma palavra ainda, como antídoto, onde o idealismo se associa talvez à realidade objetiva. E esta é uma palavra de Teilhard: "O futuro da Terra pensante está organicamente ligado à conversão das forças do ódio em forças de caridade".
Louis Pauwels
Durante estes quarenta últimos anos, uma revolução operou-se nas ciências naturais. Nós compreendemos, finalmente, o comportamento animal e o vínculo que a ele nos prende. Enfim, numa palavra, esta revolução diz respeito à mais apaixonante das especulações humanas, o conhecimento do homem pelo homem. No entanto, a ciência em seu conjunto ainda não tomou consciência das consequências filosóficas que resultaram das descobertas de seus especialistas. Tudo o que se acreditou e afirmou até agora sobre as origens e a natureza do homem, tudo isto que era admitido sem discussão pelo ensino, a psiquiatria, a política, a arte, talvez mesmo pela ciência, se vê minado por correntes vindas de fontes científicas pouco conhecidas. Poucos, entre nós, se dão conta disto, mesmo entre os especialistas. Comparadas aos sucessos da física nuclear, dos antibióticos e dos microssulcos, as descobertas da paleontologia parecem bem afastadas da atualidade. Acrescentemos que esta reviravolta é obra de sábios muito especializados: seus trabalhos não estão publicados senão em revistas como American Journal of Anthropology ou o Biological Symposia. Tais porta-vozes têm pouca audiência na praça pública.
Mas ainda mais importante que o seu caráter oculto é a instantaneidade desta reviravolta. Quando eu saí, em 1930, de uma respeitável universidade americana, o jovem honradamente instruído que eu era nessa época jamais tinha ouvido dizer que a propriedade privada pudesse ser outra coisa senão uma elaboração da inteligência humana. Quando nos anos seguintes, à maneira dos jovens da minha geração, eu gastei bastante a minha energia para a abolição da propriedade privada, eu pensava com toda a boa fé que uma tal reforma aliviaria a humanidade de muitas frustrações.
Através dos programas de psicologia, sociologia ou antropologia na universidade, ninguém teve a preocupação de nos ensinar que a noção de território - isto é, o instinto de adquirir, depender e manter um direito exclusivo sobre um local definido — nada mais é efetivamente que um instinto animal, tão primitivo e tão poderoso quanto o da sexualidade.

Não há nada mais que a sexualidade
Atualmente, o papel do território no comportamento geral do animal não provoca mais objeções. Mas nós, os jovens de 1930, sem o auxílio desta observação capital, nos debatíamos num mundo onde as tomadas de posição eram tempestuosas. Por outro lado, ofuscados pelos atrativos dum país sem classes, nós não podíamos compreender que a hierarquia fosse uma instituição comum a todas as sociedades animais, e que a tendência a dominar o seu semelhante é um instinto que data de 300 ou 400 milhões de anos. Existe uma experiência clássica realizável com os porta-espadas (xiphophorus), esses peixes vermelhos, vivos como o relâmpago, que decoram numerosos aquários tropicais. Uma meia dúzia destes peixes machos, postos num mesmo jarro, estabelecerá muito rapidamente, entre eles, uma hierarquia linear; cada um, conforme sua força, sua combatividade e sua audácia, detecta os fracos que ele poderá dominar e os fortes a quem se submeterá. Sua posição lhe trará numerosas prerrogativas, quer se trate do acesso aos alimentos, do direito sobre as fêmeas ou mesmo de um canto reservado no aquário; a conservação desta posição constitui a principal meta dos seus combates.
A força exata deste instinto é muito fácil de medir: sendo gradualmente esfriada a água do aquário, chegará um momento em que o macho perderá todo o instinto sexual, mas ainda combaterá para conservar a sua posição. Em 1930, nós tínhamos vinte anos e não poderíamos conhecer esta experiência: ela nem mesmo tinha sido feita!
As pessoas da minha geração fizeram sua entrada em um mundo turbulento com um grande número de erros oficiais em suas bagagens. Depois de Darwin, por exemplo, a ciência admitiu que o homem foi um produto da evolução a partir de uma espécie de símio, não muito diferente de seus atuais congêneres. Nenhuma hipótese poderia ser mais razoável: com efeito, todos os primatas atuais sem exceção — gorila, macaco, chimpanzé, cercopiteco, gibão, babuíno — são seres mansos, pouco agressivos e que nunca se afastam muito do regime vegetariano senão por um gosto ocasional pelos insetos.
Portanto, os nossos mestres de psicologia e antropologia poderiam pensar logicamente que os nossos ancestrais tinham uma vida tranquila. Mas, em menos de dez anos, os paleontólogos especialistas de África demonstraram a existência sobre este continente de uma raça de símios viventes no solo, matadores e carnívoros, cuja espécie desapareceu depois de 5 mil anos mais ou menos. Durante os dez anos seguintes, ficou estabelecido que os primeiros traços do homem apareceram na mesma época, sempre nesse continente.
Enfim, o último decênio dessa confusão nas ciências naturais provou que os australopitecídeos, caçadores e carnívoros, pertenciam indiscutivelmente às formas pré-homíneas, e que eles eram os presumíveis inventores deste auxiliar permanente do homem: a arma que mata. Nós sabemos que os caracteres adquiridos não são transmissíveis e que, dentro de uma mesma espécie, cada ser, no seu nascimento, é a reprodução exata, em seus grandes traços, do primeiro da linhagem. Algumas de nossas crianças, nascidas no meio do século 20, não diferem sensivelmente do mais velho homo sapiens conhecido. Nenhum instinto — somático ou psicológico — que constituiu na origem uma parte da estrutura do homem, poderá jamais, no curso da história da espécie, ser definitivamente suprimido ou abandonado.
O caráter inextirpável de um instinto social é perfeitamente ilustrado pelo exemplo dos castores do Rhone. Uma colônia de castores constrói suas barragens, seus canais e seus ninhos para um trabalho em comum empreendido apenas pelos grupos de uma certa importância. Anteriormente, o castor da Europa era caçado tão ativamente por causa de sua pele, que a espécie logo estava em via de desaparecimento. Alguns sobreviventes formavam ainda minúsculas colônias, mas não mais podiam construir. Foi então que o governo francês decidiu colocar entre os animais protegidos esses últimos sobreviventes da espécie que viviam no vale do Rhone. Lentamente, através de numerosos decênios, sua população cresceu.
Veio, enfim, o momento em que os castores retornaram ao trabalho. Eles já eram suficientemente numerosos para isto. E, pela primeira vez depois de muitos séculos, barragens, canais e ninhos elevaram-se ao longo dos diferentes braços do Rhone: essas obras não se diferenciavam em nada das edificadas, a 9 mil quilômetros de lá, por seus primos canadenses.
Antes de 1930, somente duas comunicações anunciaram a transformação das ciências naturais. Uma vinha da África do Sul: ela procedia de um anatomista de origem australiana. Esta nova tese foi universalmente rejeitada. A outra participação, onde começa nossa história, nada mais era do que uma tranquila exposição de um ornitólogo inglês. Ela foi largamente ouvida, largamente admitida e mesmo assim largamente incompreendida.

Guerra e nacionalismo, dois caracteres inatos
O ornitólogo inglês era Eliot Howard. Com uma minúcia e permanência infinita, ele observou as características dos combates entre os pássaros e então tirou suas conclusões. Os machos raramente combatem pelas fêmeas; mas eles se apropriam de um território; eles marcam os limites mais ou menos extensos segundo a sua combatividade e cantam para que os seus congêneres tomem conhecimento disto. E será sobre este território que eles se acasalarão e fundarão uma família. Mas a luta e a tomada de posse do espaço vital terá lugar antes da chegada da fêmea e não parece estar ligado a um objetivo sexual preciso. Sua conclusão, por tudo isso, foi a mesma: um macho, que corta um território para si, encontra e conquista uma fêmea sem dificuldade.
A maioria dos especialistas, em 1920, admirava as teorias de Howard sobre esse estranho comportamento dos pássaros, mas o considerava mais como uma característica inteiramente particular e própria somente dos pássaros.
Entretanto, as pesquisas prosseguiam em silêncio. Um zoólogo americano, o dr. C. R. Carpenter, por pouco não chega ao fundo da questão. Seus pacientes estudos sobre as sociedades de antropoides e outros símios em estado selvagem tornaram-se clássicos da ciência moderna. Eles demonstraram que o instinto do território é entre nossos mais próximos parentes uma lei universal. Fato ainda mais importante, esses trabalhos revelaram os caracteres profundos de uma instituição já mais evoluída: o território coletivo é ocupado e depois defendido pelo grupo todo.
A obra do dr. Carpenter inspira o grande homem da antropologia britânica sir Arthur Keith, que tirou uma das raras conclusões políticas até hoje publicadas sobre este assunto. Em seus últimos ensaios, Keith assinalou que as origens do nacionalismo, do patriotismo ou da guerra explicavam-se suficientemente pelo instinto do território. As observações ornitológicas de Eliot Howard arruinaram a teoria, já consagrada pelo tempo, que afirmava: a não ser pelas fêmeas, o macho não se preocupa com nada mais. Agora, depois dos trabalhos acumulados por toda uma geração, os numerosos zoólogos afirmavam sem rodeios que a opressão territorial é mais arraigada e mais poderosa que o instinto sexual. Mas as observações desta geração de naturalistas e de zoólogos revolucionários revelaram também que não se tratava somente de território.
O estudo das sociedades animais continuava sendo o objetivo principal de zoólogos, tais como Carpenter e Allee, e de naturalistas, como Konrad Lorenz e Eugene Marais. Suas pesquisas mostraram que a defesa do terreno dependia obrigatoriamente da ordem social, estando esta mesma ordem, por seus vínculos sutis, inseparavelmente subordinada à aceitação de encargos de poder pelos membros mais fortes da hierarquia, assim como a aceitação dessa autoridade pela massa dos indivíduos.
Ademais, a manutenção da ordem reclama a proteção coletiva de cada membro do grupo, nisto incluindo os não-adultos, e também a repartição dos deveres e relações entre os membros da sociedade; ela exige igualmente que seja reduzido ao mínimo todo o conflito sexual; ela precisa enfim um duplo imperativo de conduta; entendimento com os semelhantes de um mesmo clã e estado de guerra com todos os vizinhos do território. Em contrapartida, o desempenho da fêmea, guardiã das atividades. sexuais, revela-se feito cada vez mais para compensar a tendência social dos machos a se dispersarem para outras atividades que não a da reprodução.

O homem nasceu na África?
Duas descobertas fundamentais, como dissemos, deflagraram a transformação nas ciências naturais. A primeira — que nós abordamos agora — mostrava que a cena principal da dramática passagem do indivíduo do mundo animal à sua conduta de homem tinha-se desenvolvido no continente africano. Raymond A. Dart dirigiu até a sua aposentadoria (1958) o serviço de anatomia da Universidade de Witwatersrand (Johanesburgo). De origem australiana, criado na Inglaterra e nos Estados Unidos, ele chegou à África do Sul em 1922 para organizar o serviço de anatomia da Escola de Medicina. Dois anos mais tarde, ele descobriria o australopiteco (Australopithecus africanus), primata carnívoro do alto veld antigo; ele se surpreende, então, mergulhado em uma controvérsia que ainda perdura.
Dart é um homem pequeno e robusto; e é um espírito aberto a numerosas disciplinas. Emana de seu ser uma ascendência verdadeira. E ele é dotado de uma incrível resistência. Nos últimos tempos, ele ainda ministrava cursos de anatomia comparada; diante de sua classe estupefata, ele imitava o comportamento dos símios, suspendendo-se pelos braços nos canos do aquecimento central, acima das cabeças dos estudantes.
Eu me lembro que uma vez — isto há alguns anos — escalamos uma escarpada encosta do vale selvagem de Makapan, ao norte do Transvaal, perto do rio Limpopo. Nós tínhamos visitado uma caverna de acesso muito difícil. A meio caminho, eu já respirava como uma foca! Paramos. "De fato, este lado é muito duro", disse num tom amável e compreensivo Raymond Dart; ele respirava tão serenamente como uma criança adormecida. Eu pensei amargamente que Dart tinha mais de 65 anos.
Na minha opinião, é a Raymond Dart, à sua obstinação e à sua fé inquebrantável que nós devemos nosso atual conhecimento das origens do homem. O crânio de Taungs (Bechnauanland), encontrado em 1924, era o de uma criança; a descrição que dele fez Dart feriu os prejuízos da época. Seu agudo sentido de anatomia comparada levou Dart a conceber um ser adulto, de 1,20 m aproximadamente, bípede, portanto de postura vertical, mas cujo volume de cérebro ainda era o de um gorila: em outras palavras, um animal a meio caminho entre o símio e o homem.
E mais, Dart concluiu, pelo estudo dos dentes e do habitat da criatura, que o Australopithecus africanus era um carnívoro que vivia da caça. O homem-símio revelava-se um ser de transição que possuía todas as características do homem, excetuando-se o grande desenvolvimento cerebral. Esta descoberta, dentro do espírito de seu autor, designava a África como tendo sido o teatro do aparecimento do homem.

O degrau perdido entre o símio e o homem
Mas, por volta de 1920, a ciência ainda estava convencida de que o berço da humanidade encontrava-se na Ásia. Nessa época, uma célebre expedição passou pelo crivo seriamente as areias do deserto de Gobi, para descobrir o elo da corrente que faltava na cadeia, aquele que levava do símio ao homem, porque nenhum fóssil descoberto na África tinha vindo justificar a tese de Dart.
A hipótese da origem asiática prevalecia sempre. Por motivos da mesma ordem, a ciência recusava-se a admitir que o homem-símio tivesse sido um carnívoro. Como nós já mencionamos, os primatas comedores de carne eram desconhecidos da ciência e por consequência não podiam existir. Entretanto, um terceiro preconceito pesava ainda mais do que estes.
A antropologia estava convencida — ninguém sabia por que — de que o grande desenvolvimento do cérebro é o primeiro e não o último quanto à data dos dons concedidos ao homem. Todas as características humanas, postura vertical, alimentação e modo de viver, deveriam decorrer do desenvolvimento anterior do céccoo do cérebro. Como Dart havia concebido uma criatura, com seu corpo de homem e seu cérebro de símio, vinha pôr tudo novamente em discussão.
A situação não se tinha modificado doze anos mais tarde, quando o segundo enfant terrible da ciência foi ele próprio conduzido por força das convicções de Dart. Robert Broom era oriundo da África do Sul; com a idade de sessenta anos, ao longo de uma notável carreira, tinha se elevado à categoria dos maiores zoólogos mundiais. Em 1936, ele deixou o seu retiro e, numa manhã de domingo, visitou uma caverna a menos de uma hora de carro de Johanesburgo. Como Dart, ele também era de pequena estatura, mas ao contrário deste último, ele se mostrava excessivamente cerimonioso. De chapéu preto, gravata preta e colarinho duro, ele começou a escavar cuidadosamente a caverna. Na segunda-feira seguinte, justamente oito dias mais tarde, ele descobriu os dentes e a caixa craniana de um australopitecídeo adulto. E tudo confirmava em cada detalhe as extrapolações que Dart tinha feito a partir do crânio da criança.
Descobertas ulteriores feitas na África do Sul nos trouxeram, de cinco locais diferentes, os restos de mais de cem australopite-cos. Conhecemos melhor atualmente a natureza dos últimos animais do que a dos primeiros homens. Mas a descoberta de Broom, em 1936, era bastante significativa, e o que ele demonstrou foi que a criança de Taungs não tinha sido um capricho nem uma fantasia de anatomista. Entrementes, a mais de 3.000 km ao norte, na região do lago Vitória, o terceiro enfant terrible da ciência africana punha-se a arruinar a teoria tradicional: S. B. Leaky, nascido em Kenya, hoje conservador do Museu Coryndon em Nairóbi.
A partir de 1930, o homem de Kenya exumou de leitos fossilíferos do lago Vitória, vários fósseis de símios quadrúmanos não arborícolas, entre os quais poderia figurar um ancestral dos primatas de postura vertical do sul. Os australopitecídeos abundavam no alto veld do Transvaal, já há 750 mil anos. Os símios são arborícolas da família "procônsul", que existiam às margens dos lagos de Kenya, durante o miocênio, 20 milhões de anos antes.

O primeiro homem era pequeno, forte e feroz
A objeção dos cientistas, segundo a qual nenhum fóssil relacionado com a descoberta de Raymond Dart existia no continente africano, tinha marcado um tento. Mas Leaky sentiu-se no dever de explorar o subsolo. Seiscentos esqueletos de símios não arborícolas foram então exumados. Num período onde a presença de símios era desconhecida nos outros continentes, os símios da família de "procônsul" eram tão comuns na África Oriental como o antílope de hoje.
Apesar de tudo, os numerosos testemunhos dos anos 1930-1940 em favor da origem africana do homem se acumulavam nos museus e laboratórios. E, portanto, considerar o símio austral como um elo a meio caminho da evolução humana era ainda uma audácia que chocava as convicções místicas da antropologia: a ciência se obstinava em pretender que o desenvolvimento prévio do cérebro tinha determinado entre os homens toda a sua evolução. Este preconceito permaneceu intato até 1953.
Quando os sábios do Museu Britânico provaram que o homem de Piltdown era uma fraude, eles deflagraram um dos maiores escândalos científicos do século; e os testes com flúor do dr. Kenneth P. Oakley ficaram logo conhecidos no mundo inteiro. Mas, enquanto a revelação da fraude repercutia através da imprensa mundial, a verdadeira significação dos testes passava despercebida.
O homem de Piltdown reunia à perfeição os elementos que a antropologia — a antropologia inglesa em particular — considerava como a marca essencial do limiar da humanidade. Não lhe faltava nem a queixada do símio, nem o crânio humano abaulado, origem de toda a gloriosa evolução futura. O autor desconhecido da fraude havia fornecido à ciência exatamente aquilo que ela procurava.
Assim, a verdadeira importância das descobertas de Londres não residia na exclusão do homem de Piltdown da glória científica, mas no fato de que a filosofia tradicional teve de rejeitar a tese da anterioridade do desenvolvimento cervical. Nenhuma descoberta, sobre as terras da África, melhor poderia servir ao nosso conhecimento 4as origens humanas que os testes de Oakley executados nos fundos de um laboratório londrino.
Por que a antropologia britânica dessa época se agarrava à ideia de que as faculdades intelectuais eram o fundamento da evolução humana? Eis aí um problema, certamente, que obcecava Oakley. Depois de seus testes terem demonstrado que a calota craniana e o maxilar do homem de Piltdown pertenciam a duas criaturas diferentes, houve ainda um eminente sábio britânico que lhe confiou uma esperança desencantada: quem sabe se o primeiro homem, quando afinal vier a ser descoberto, venha a assemelhar-se, apesar de tudo, ao homem de Piltdown! Foram necessários três anos para que o dr. Oakley encontrasse, tal como ele próprio me contou, uma solução para este problema.
Bruscamente, após uma conferência nos EUA sobre um outro tema completamente diferente, a resposta dardejou como um relâmpago atrás de sua fronte abaulada: "Naturalmente, nós acreditávamos que primeiramente era o cérebro que se desenvolvia. Nós presumíamos que o primeiro homem era inglês!"

O grande canion da evolução humana
Durante os últimos trinta anos, o dr. Leaky e sua mulher encontraram na região do lago Vitória, utensílios de pedra grosseiramente talhados, a mais antiga testemunha da cultura humana. Eles datam de uma época mais ou menos contemporânea dos australopitecídeos da África do Sul, e precedem de mais de um milhar de séculos às mais velhas pedras talhadas descobertas no resto do mundo. Assim como os fósseis de símios não arborícolas, de 20 milhões de anos de idade, designam a África Oriental como o teatro do aparecimento do ramo humano, assim também esses utensílios de pedra talhada de cerca de l milhão de anos de idade testemunham em favor do aparecimento do próprio homem nessa região.
Então os Leaky começaram as suas pesquisas na garganta vizinha de Olduvaï em Tan-ganika.
A garganta de Olduvaï é um canion dessecado de cerca de 40 km de comprimento, habitado hoje exclusivamente por seres tão pouco recomendáveis como a serpente, o rinoceronte e o leão de juba negra. Nas camadas aparentes das paredes do canion, os Leaky encontraram os sucessivos níveis das antigas margens do lago; lá estavam os traços da ocupação humana. Nos níveis inferiores estava o mais antigo e grosseiro conjunto de ferramentas da idade da pedra, enquanto, nos leitos superiores mais recentes, podia-se ler a evolução contínua do trabalho da pedra, até mesmo as tentativas mais complexas do homem neolítico.
A garganta de Olduvaï: este é "o grande canion da evolução humana". Em 1959, com a estupefaciente descoberta dos restos do primeiro fabricante de utensílios em pedra, efetuada por L. S. B. Leaky, este local antropológico tornou-se o primeiro do mundo. Com esta grande descoberta, os dois grupos da revolução antropológica fizeram sua junção. Durante trinta anos, a zoologia tinha aprofundado nosso conhecimento do comportamento animal. Durante o mesmo espaço de tempo, a antropologia tinha feito recuar para o passado nosso conhecimento da história do homem. Deste modo, numa garganta árida do Leste africano, as duas ciências se reencontraram.
O fundador de toda nossa cultura humana não foi um homem, mas um animal.
Em 1949, Dart jogou o restante dos seus trunfos. Ele publicou um artigo na American Journal of Phisical Anthropology, onde afirmava que o Australopithecus africanus servia-se de armas. O exame de uns cinquenta crânios de babuínos, vindos de diferentes regiões onde coabitavam com o símio austral revelou um duplo afundamento característico. Dart concluiu que os babuínos tinham sido surpreendidos e massacrados pelo próprio símio austral; ele acrescentou que este homem-símio tinha se servido de uma arma, e que sua arma favorita era um osso, o úmero do antílope. O uso de armas revelou-se mais antigo do que o homem propriamente dito.

A arma criou o homem
A tempestade provocada nos corredores solenes da ciência acadêmica pelas pretensões de Dart nem mesmo poderia ser chamada de controvérsia, já que ele não encontrava absolutamente ninguém para defender a sua tese. A acolhida muito reservada que haviam feito ao crânio da criança de Taungs, exatamente 25 anos antes, constituía em comparação um coro de elogios. Mas Dart, como de hábito, perseverou como se ninguém o desaprovasse. E em 1953, ele publicou um artigo que poderá um dia tomar lugar, ao lado do Manifesto Comunista, entre os documentos que abalaram o mundo.
"O animal de rapina, transição entre o símio e o homem" era um artigo do qual nenhum jornal científico de peso teria querido ouvir falar; por fim, ele foi publicado na International Anthropological and Linguistic Review de Miami. O redator-chefe dessa revista notável, completamente aturdido pelo acontecimento, colocou na cabeça do artigo de Dart uma advertência ao leitor, que concluía com estas palavras: "Naturalmente, os australopitecos não passavam de ancestrais dos bosquímanos e dos negros atuais, mas de nenhuma outra pessoa".
O que Dart sublinhava em sua exposição, era que o homem tinha saído de um meio antropoide pela única razão de ter sido ele um matador. Há muito, muito tempo, talvez milhões de anos, uma linhagem de símios não arborícolas desligou-se do tronco dos primatas mansos. Por razões vitais, a dita linhagem teve de adotar os costumes dos animais de rapina. Por razões da necessidade dos animais de rapina, a linhagem evoluiu. Nós aprendemos em primeiro lugar a ficar de pé, porque esta era uma obrigação dos bons caçadores. Nós aprendemos a correr em perseguição da caça através da savana africana sequiosa. Pois que nossas mãos estavam livres para agarrar e arrancar, prescindíamos de focinho: deste modo, muito lentamente, este se retraiu. Já que nós não tínhamos mais nem garras nem dentes para matar aquilo com que nos alimentávamos, tivemos que encontrar uma arma.
Uma pedra, um bastão, um osso, eis aí do que dependia a existência de nosso ancestral matador. Mas o emprego dessas armas conduziu a novos e múltiplos apelos ao sistema nervoso para a coordenação dos músculos, do tato e da visão. E é assim que o cérebro se aperfeiçoa, e enfim chega o homem.
Muito longe da verdade está a velha hipótese que afirma que o homem criou a arma; ao contrário, a arma criou o homem. Depois de tantos seres intermediários, a aparição do mais poderoso dos animais de rapina marca a conclusão lógica da evolução. Com seu cérebro grosseiro e seu "soco" de pedra, o homem aniquilou o seu predecessor, para o qual o osso constituía a única arma. E se toda a história humana desde essa época se confunde com a do aperfeiçoamento das armas é com justa razão; trata-se de uma necessidade genética. O instinto de proteção do mundo animal se traduz entre os homens pelo desenvolvimento de suas armas.
Raymond Dari não teve apenas que enfrentar os preconceitos que são atribuídos em geral às descobertas feitas à l'office. De fato, ele teve que enfrentar a inexpugnável falange do pensamento moderno inteiro. Sua teoria do animal de rapina, ser de transição, poderá ser verdadeira ou falsa, mas o mundo que se consagra à fabricação de explosivos dificilmente poderia se dar ao luxo de ignorar as teorias de Dart. Quanto a mim, em 1955, fui visitá-lo.

Somos nós os filhos de Caim?
Durante seis anos, Raymond Dart e seus alunos acumularam pacientemente testemunhos provando que o australopitecídeo tinha sistematicamente e deliberadamente feito uso de armas. Eu examinei sua coleção e minha convicção foi definitiva. Nós estávamos sentados em seu escritório, no outro extremo do mundo; Dart olhando pela janela as nuvens negras perseguindo-se no céu da África. A porta da sua sala de trabalho tremia intermitentemente como se algum minúsculo tremor de terra tivesse sacudido o subsolo, indício de que um túnel abandonado uma vez tinha se desmoronado nas minas de ouro, a 1.500 m abaixo dos nossos pés. Crânios estavam postos sobre a escrivaninha de Dart.
Apanhei o maxilar de um símio austral de doze anos, encontrado alguns anos antes em Makapan. O maxilar estava quebrado dos dois lados, os dentes da frente faltavam. Podia-se notar uma marca lisa e escura sobre o queixo, onde.o golpe havia sido desferido. A criança tinha morrido porque o osso não tinha se soldado. Havia sido verdadeiramente usada uma arma para matá-la? Tinha em minha mão a prova de que havia sido cometido um crime com arma contundente. Esse matador — ser de tradição - representava verdadeiramente uma etapa da trajetória do homem? Nas desesperadas horas que nós atravessamos, seria necessário deixar de acreditar no nascimento nobre do homem?
Perguntei a Dart o que ele pensava da responsabilidade que tomava ao expor uma tese semelhante em uma tal época. Eu lhe disse que eu partilhava da sua convicção: o período transitório em que o homem não foi senão um animal de rapina e sua obsessão pelas armas eficazes explicavam sua história sanguinária, sua agressividade eterna, sua procura doentia, insensata e inexorável da morte pela morte. Mas acrescentei: seria lícito acentuar isto no preciso momento em que o homem possui, enfim, os meios para aniquilar o planeta? Dart afastou-se da janela, sentou-se ante a escrivaninha. Em alguma parte, a 1.500 m sobre nossos pés, uma galeria desmoronava e os crânios diante de nós tremeram. Então ele disse: "Já que tentamos tudo, resta-nos um último recurso: dizer a verdade".

ROBERT ARDREY
Nascido em Chicago em 1908. Estudos e\ pesquisas de ciências naturais na Universidade de Chicago. Durante vinte anos, de 1935 a 1955, ele se lançou às atividades literárias e cinematográficas. Escreveu várias peças de teatro, entre as quais Thunder Rock, que foi encenada em Paris sob a direção de Jean Mercure. Em 1955, ele encontra na África do Sul o professor Raymond Dart, encontro que o leva a voltar à sua primeira vocação de homem de ciência. Seu livro Os Filhos de Caim é o primeiro balanço de Robert Ardrey depois de seu retorno às fontes da ciência.

Eles procuraram o primeiro homem
Gênese
Deus criou o homem à sua imagem, depois a mulher. Os cálculos mostravam que isso se passou em 4004 a.C. A ciência precisou de séculos para se libertar da imagem da criação imposta pela Sagrada Escritura.

Jean-Baptiste Lamark (França), 1744-1829
Pai do transformismo. Em sua Philosophie Zoologique (1809), ele desenvolveu a ideia da evolução dos seres viventes sob a influência do meio. O meio provoca o desenvolvimento ou a atrofia de certos órgãos. Os indivíduos transmitem estas modificações à sua descendência.

Georges Cuvier (França), 1769-1832
Ele funda a estratigrafia: o estudo dos fósseis segundo os leitos do terreno. Ele rejeita o transformismo. Segundo ele, as catástrofes do gênero do dilúvio destruíram repetidas vezes a fauna. Todas as espécies, e o homem inclusive, existiam na origem da criação; algumas desapareceram; outras subsistiram sem se modificar. Cuvier, esse huguenote, segue a Bíblia quase passo a passo. Ele é o criador da anatomia comparada e da paleontologia. Estabelece em princípio: \°, que certos órgãos têm, no conjunto do organismo, uma influência decisiva, daí a lei de subordinação dos órgãos; 29, que certos caracteres se atraem mutuamente, enquanto outros se excluem, de onde a lei de correlação das formas.

Jacques Boucher de Perthes, (França), 1788-1868
É chamado o "fundador da pré-história". Ele escava metodicamente a região de Abbeville, onde resgata numerosas ossaturas e utensílios (jazigo de Saint-Acheul). Ele redige suas Antiguidades Célticas e Antidiluvianas. Na época, sua última palavra tinha ressonâncias revolucionárias. O investigador foi por um longo tempo rejeitado pela ciência oficial.

Édouard Lartet (França), 1801-1871
Ele escava obstinadamente no Sudoeste da França, onde descobre numerosas grutas pré-históricas (como Lês Eyzies, onde foram descobertos

Charles Darwin (Inglaterra), 1809-1882
Ele defende o evolucionismo, na Origem das Espécies (1859). Darwin se absteve, em seu livro, de evocar a origem do homem, mas todo mundo pensa isso. Dois anos depois, Julien Huxley publica sua Evidência do Lugar do Homem na Natureza e o alemão Vogt começa suas Lições Sobre o Homem. Darwin faz- então publicar suas Lições Sobre o Homem. Admite-se pouco a pouco a antiguidade geológica do homem, e, deste modo, que o homem não foi sempre o homem. O homem descende do símio, e, por conseguinte, inicia-se a procura do elo que falta.

Pierre R. P. Teilhard de Chardin (França), 1881-1955
Paleontologista que participou da descoberta do sinantropo (1927) ou homem fóssil da China (escavações de Chou Kou Tien). Ao lado das obras técnicas, publicou obras essenciais de reflexão filosófica. Ele se esforçou para reconciliar a tese evolucionista e o pensamento cristão. O universo vibra, mas a evolução não se faz ao acaso; ela se faz segundo uma ideia, um plano que leva a Deus. O padre persiste na subida do psiquismo paralelamente à complexificação e ao aperfeiçoamento das formas. No fim de sua vida, R. P. Teilhard de Chardin pensava que as descobertas paleontológicas seriam feitas na África.

Raymond A. Dart (Austrália),  professor  em Johanesburgo
Assinala em 1925 a descoberta (1924) do crânio de Taungs (crânio de criança) que revela a existência de uma raça, atualmente extinta, entre os antropóides e os homens. O fóssil foi denominado Australopithecus africanus. Em 1947, ele descobre uma espécie gigante que utilizava o fogo, é o que lhe parece; ele a chama Australopithecus prometheus. É um símio (com um pequeno cérebro) mas que se mantinha em pé.

Keny L. B. S. Leakey
Ele escava em Kenya onde descobre os símios (procônsul) e em Tanganika (gargantas de Olduvaï) onde descobre, em 1959, o zinjantropo, o mais hominizado dos australopitecídeos (mas ainda com um cérebro miniatura). Aos restos do esqueleto estavam bem unidos os utensílios. Cada descoberta acrescenta um elo entre o símio e o homem, tal como nós o conhecemos. O zinjan-tropo teria 1.750.000 anos.


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Fonte:
Planeta, nº 50. Editora Três. São Paulo, novembro de 1976, págs. 52-66.

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