terça-feira, 26 de julho de 2016

O suplício do trabalho

O suplício do trabalho
Se por trás das grandes datas se escondem, muitas vezes, grandes tragédias, com o dia 1.° deste mês não foi diferente: em 1886, milhares de operários se reuniram nas ruas de Chicago (EUA) para protestar contra as condições desumanas a que eram submetidos no serviço e para exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para oito horas.
Reprimido com violência, o movimento resultou na prisão e morte de dezenas de pessoas. Três anos depois, porém, um congresso socialista realizado em Paris consagrou o l- de maio como o Dia Mundial do Trabalho.
Aliás, na própria origem, a palavra já tinha tudo a ver com suplício. Trabalho provém do latim vulgar tripalium, nome de um instrumento de tortura constituído por três pedaços de madeira cruzados ao qual era amarrado um condenado (tri = três; palus - estaca). Tripaliare (trabalhar) equivalia, por isso, a torturar. Esse sentido persistiu até o século XVIII (anos 1700), quando, por intermédio do francês, o vocábulo adquiriu o significado atual.
Se trabalho, com o tempo, perdeu a concepção original de tormento (há divergências, sabemos...), era preciso, de qualquer forma, recompensar quem empenhava seu esforço para levar a bom termo uma tarefa. Ou seja, trabalho exige salário. E o salário, com esse nome, teve origem na antiga Roma, que pagava o serviço de seus soldados e funcionários públicos com rações de sal (o salarium).
O produto, de grande valor na época, era usado por eles não apenas para o próprio consumo, mas também para a permuta por artigos de que necessitassem. Como a remuneração, depois, passou a ser feita em dinheiro para comprar o sal, o termo salário se estendeu à quantia recebida por um empregado.
Para ter trabalho e salário, porém, a pessoa depende, em geral, de um emprego, outra palavra que, com o tempo, mudou de conceito. Empregar vem do latim implicare (envolver, comprometer, unir, juntar, enlaçar). Como se vê, no início, emprego não constituía um simples contrato de trabalho entre o patrão e a pessoa a seu serviço. Pressupunha mais: um comprometimento, um envolvimento de ambas as partes em relações harmônicas e produtivas.


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Fonte:
Revista Historia Viva. Ano III - Nº 31. Ediouro. Rio de Janeiro, pág. 15.

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