Entrevista com Luiz Inácio Lula da Silva
"Os
evangélicos vão colaborar com meu governo"
O candidato do PT à presidência defende os
temas sócias, a soberania nacional e a liberdade religiosa
Por: Carlos
Fernandes
Nos últimos
20 anos, nenhum político brasileiro conseguiu se identificar mais com a classe
trabalhadora do que Luiz Inácio Lula da Silva. Casado com Marisa Letícia, cinco
filhos, 52 anos de idade, metalúrgico de profissão e líder por vocação, a vida
de Lula daria muito mais do que um livro. Desde que migrou, com a mãe e sete
irmãos, da pequena Garanhuns (PE), em direção a São Paulo, numa viagem de 13
dias a bordo de um pau-de-arara, sua vida não parou de dar voltas. Típico retirante
nordestino, o menino vendeu comida na rua, foi engraxate e office-boy. Por
acaso, conseguiu emprego numa fábrica de parafusos, o que lhe abriu as portas
para a profissão de metalúrgico, na qual haveria de tornar-se um dos maiores
líderes políticos da história do Brasil.
Como
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o mais poderoso do país,
Lula liderou as históricas greves no ABC Paulista, que desafiaram o regime
militar, no fim dos anos 70. Preso como subversivo, o líder emergente percebeu
que aquele movimento só poderia ser levado adiante através de uma ampla
mobilização dos trabalhadores. Em 1980, Lula e um grupo de sindicalistas, religiosos,
intelectuais e representantes de movimentos sociais fundaram o Partido dos
Trabalhadores (PT), sigla que, poucos anos depois, teria influência decisiva na
política brasileira. Nas eleições de 1986, Lula tornou-se o deputado federal mais
votado do país e teve atuação marcante na elaboração da Constituição de 1988,
sempre defendendo os interesses dos trabalhadores. Estava preparado, então, o
caminho para o mais alto voo jamais tentado por um operário brasileiro: a
disputa da presidência da República, em 1989. Se contava com o apoio de
inúmeros segmentos, Lula tinha contra si a antipatia de muitos grupos
evangélicos, que chegaram a dizer que, se eleito, o candidato do PT acabaria
com a liberdade religiosa e até fecharia igrejas. Numa campanha memorável, Lula
chegou ao segundo turno, onde obteve cerca de 31 milhões de votos, mas perdeu
para Fernando Collor de Mello. O fim do sonho embalado pela canção Sem medo de
ser feliz foi o pontapé inicial de uma série de viagens por todo o país, que
ficaram conhecidas como as Caravanas da Cidadania. Ao longo de quatro anos,
Lula despontou como candidato imbatível - a faixa presidencial parecia, apenas,
uma questão de tempo.
Nas eleições
seguintes, em 1994, nova derrota, desta vez para o atua! presidente da
República, Fernando Henrique Cardoso. Uma perda amarga, ainda mais porque,
apenas cinco meses antes daquele pleito, Lula já era considerado presidente
eleito, com uma aceitação popular que beirava os 50%. A partir dali, a oposição
se enfraqueceu, atropelada pela aliança de partidos de centro e direita que
compõem a base de sustentação política do Governo Federal.
Quando muita
gente não acreditava numa nova candidatura. Lula anunciou, no início deste ano,
sua intenção de concorrer, pela terceira vez consecutiva, ao Planalto.
VINDE
resolveu entrevistar os dois candidatos mais bem posicionados na corrida
presidencial deste ano. Nesta edição, Lula fala de suas ideias, seus planos
para o governo, sua relação com os evangélicos e faz, a seu modo, um retrato da
situação do país. Em setembro, a vez é do presidente Fernando Henrique - que
concorre à reeleição -, cuja entrevista já está agendada. Sem ter a pretensão
de influenciar a opção eleitoral do leitor, VINDE abre espaço para o debate
político, que deve ser tão democrático quanto a fé.
Se o senhor for eleito, quais serão as
primeiras atitudes do governo Lula?
Vemos nos
concentrar na adoção de políticas capazes de gerar empregos. Essa é a prioridade
mais urgente. Junto com isso, cuidaremos desde o primeiro dia dos graves
problemas na área da saúde, da educação, da previdência social e da
agricultura. Também vamos atuar no combate à seca.
Que alterações o senhor pretende fazer na
política econômica?
A atual
política econômica defende os interesses dos grandes e dos gigantes. Mesmo quando
esses gigantes têm pés de barro, como foi o caso dos banqueiros socorridos com
os 20 bilhões de reais do Proer [programa criado pelo Governo Federal para
sanear instituições financeiras], dinheiro esse que faz falta no prato do
brasileiro. Mudaremos isso. Nossa preocupação maior será estimular
economicamente o pequeno e o médio, para que o país retome o crescimento, com
justiça social.
Quais os maiores defeitos, na sua opinião,
do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso?
O desprezo
pelo ser humano e o desinteresse pelas questões sociais.
O candidato a vice-presidente na sua chapa,
Leonel Brizola, declarou que pretende rever as privatizações, um dos
carros-chefes do atual governo. O que será feito, de fato, neste campo?
Meu governo
estará voltado para o futuro, e não para o passado. Mas algumas privatizações
tiveram aspectos muito suspeitos. Faremos apuração rigorosa e auditorias. Se
descobrirmos que houve delitos e irregularidades, cumpriremos com nosso dever e
vamos exigir punições judiciais.
No passado, criticou-se o PT por sua
política de isolacionismo. O senhor pretende fazer um governo de coalizão?
Na atual
campanha, nosso arco de alianças está mais amplo e mais forte. Os problemas do
Brasil são graves demais para serem enfrentados por um só partido. Nosso
governo contará com a força dos que já estão conosco e de muitas lideranças
independentes, que aceitarão o chamado dessa missão de justiça.
E o senhor aceitaria o apoio de forças como
o PMDB e o PFL?
Em alguns
estados, o PMDB tem figuras corajosas, que têm denunciado os erros e as
injustiças praticadas pelo atual governo. No Congresso Nacional, em particular,
buscaremos boas relações com esses setores. O PFL é o grande pilar de
sustentação do atual governo. Não tem sentido pensar em apoio de um partido
identificado com as elites, com a indústria da seca, com negociatas de todo
tipo.
O que será feito para reduzir o desemprego,
que o senhor tanto vem criticando em sua campanha?
Adotaremos
políticas emergenciais capazes de gerar empregos imediatamente, através de
incentivos à pequena agricultura, construção de moradias, obras de combate à
seca e redes de saneamento básico. Junto com a retomada do crescimento, isso
produzirá queda segura no desemprego.
As reformas constitucionais, consideradas
fundamentais pelo presidente FHC, alteraram profundamente as relações sociais e
trabalhistas no Brasil. O senhor pretende dar continuidade a este programa
reformista?
O que
Fernando Henrique tentou foi um conjunto de contrarreformas, sempre orientadas
para anular conquistas sociais e enfraquecer a soberania nacional. Vamos buscar
verdadeiras reformas, como a reforma agrária, que ampliem os direitos de cidadania,
garantam maior produção de alimentos e menos conflitos no campo.
O que fazer para frear o crescimento do
déficit público e da dívida externa?
A retomada
do crescimento econômico, e não a elevação de impostos, trará aumento na
arrecadação, reduzindo esse déficit. Mas, sobretudo, será preciso corrigir a
elevada taxa de juros fixada pelo Banco Central. Ela é a maior responsável pelos
déficits crescentes. O enfrentamento da dívida externa envolve várias medidas.
Uma delas é interromper a farra das importações. Outra é iniciar uma política
industrial séria, que faça as exportações crescerem. Também será preciso fazer
renegociação com os credores, com a voz firme de um país que não pode ser
tratado como republiqueta.
Saúde, educação e segurança são temas recorrentes
em campanhas eleitorais. Objetivamente, quais são seus planos nestas áreas?
Na saúde,
vamos dar prioridade para a medicina preventiva e para o médico da família. É
mais eficiente e mais barato tratar as doenças antes de elas se tornarem
graves. Na educação, vamos promover a defesa do ensino público e a elevação de
sua qualidade, com o incentivo à qualificação dos professores e à pesquisa. Um
carro-chefe será a Campanha Nacional de Alfabetização que, finalmente, marcará
a data para completa erradicação do analfabetismo. Na segurança, o combate
rigoroso ao crime será feito em paralelo à valorização e reeducação das forças
policiais, eliminando a corrupção e o desrespeito aos direitos humanos.
Como será sua relação com as Forças
Armadas? O senhor pretende aumentar as verbas destinadas à defesa nacional?
Vamos criar
o Ministério da Defesa e manter com as Forças Armadas relações absolutamente
normais e regulares, conforme previsto na Constituição. Quanto à fatia do
orçamento, não existe mais Guerra fria, nem corrida armamentista. Os gastos não
podem ser os mesmos daquele tempo. Mas as Forças Armadas não podem perder
condições operacionais. Por isso, devem ser mantidos os níveis sensatos de
renovação de equipamentos.
O senhor se sente vítima do temor da
sociedade por um governo esquerdista ou acha que existe uma campanha permanente
contra o senhor?
Sinto
claramente que esses temores, onde existem, são fruto da desinformação e de
calúnias. Onde converso com as pessoas, expresso minhas ideias e adianto nossa
linha de governo, tudo isso cai por terra. Meu governo terá um perfil
democrático e popular.
O senhor disputou a presidência duas vezes
consecutivas e chegou em segundo lugar em ambas. Na sua opinião, quais foram os
motivos das derrotas eleitorais em 1989 e 1994?
Para o
Collor, em 1989, acho que perdi em dois momentos. O primeiro foi quando não tivemos
humildade de conversar com o PMDB, para ver se conquistávamos os 5% de votos
que o doutor Ulysses Guimarães teve. O outro foi aquele último debate [levado
ao ar pela Rede Globo de televisão, a poucos dias do segundo turno]. Eu cometi
um crime contra mim e contra as pessoas que acreditavam em mim. Eu não poderia
ter feito o comício do Rio de Janeiro - que terminou à meia-noite -, para
depois chegar em São Bernardo à uma da manhã, onde fui a um jantar para
angariar fundos até as 3h. Logo depois, viajei para Brasília, pensando que ia
voltar às 10h, mas só voltei às cinco da tarde. Aí, fui para o debate. Nas 48
horas que antecederam o debate, eu dormi apenas três horas. Acho que aquilo foi
uma total irresponsabilidade com o projeto que poderia ter feito com que eu
ganhasse. A terceira coisa foi a montagem do debate que a Globo fez no Jornal
Nacional. Já com o Fernando Henrique, eu acho que perdi porque ganhei as
eleições antes do tempo. Eu já era considerado presidente da República em maio
[a cinco meses das eleições]. Por isso, foi possível, então, fazer a aliança
que eles fizeram, além do plano de estabilização econômica. E, também, nós passamos
a campanha inteira sem ter a crítica correta ao projeto econômico, ao Plano
Real. Eu acho que isso foi fatal.
No momento desta entrevista, pesquisas de
opinião apontam 41% de preferência do eleitorado pelo candidato - e atual
presidente -Fernando Henrique, enquanto o senhor está com 25%. Há alguma
estratégia em andamento para reverter o quadro nesta reta final?
Nossa
campanha está apenas começando. A do FHC já dura dois anos e tem todo o apoio
dos grandes veículos de comunicação. A estratégia é percorrer os estados e mostrar,
no nosso horário de rádio e TV, que a seca do Nordeste está se agravando, que o
desemprego cresce, e as elites tiraram esses temas do noticiário. A seca
continua no Nordeste com a mesma gravidade. Só que, do ponto de vista político,
não interessa à classe dominante continuar falando de seca, porque pode
prejudicar. Mas acontecerá o que diz aquela passagem bíblica que os evangélicos
conhecem bem: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".
E por falar em pesquisas eleitorais, o
senhor acredita nelas?
As pesquisas
refletem apenas um momento, ou seja, a intenção de voto na ocasião da pesquisa.
Todos sabem que ocorrem mudanças e reviravoltas, até mesmo na véspera das
eleições. Nos últimos anos, aconteceram também casos de manipulação e de apurações
mostrando resultados opostos aos das pesquisas.
Então, o FHC de 1998 pode ser o Lula de
1994 e perder uma eleição tida como ganha?
Pode. E em
minhas viagens pelo Brasil, em meus contatos com o povo, com os pequenos, sinto
isso com muita força.
No seu governo, o que será feito em face do
processo de globalização que domina o mundo? Além do Mercosul, o senhor
pretende apoiar a aproximação do Brasil com outras alianças de nações, como a
União Europeia e o Nafta, que inclui os países da América do Norte?
A globalização
pode trazer aspectos muito positivos. Mas desde que o Brasil participe nela
como uma nação soberana, portadora da décima economia mundial, de reservas
estratégicas incalculáveis, uma população de 160 milhões e um dos mais ricos
territórios do planeta. Não como uma pequena peça, secundária e subordinada.
Vamos participar da globalização de cabeça erguida, com projetos de
desenvolvimento nossos, sem vergonha de sermos brasileiros, querendo gerar
empregos aqui, querendo melhorar a agricultura. Este ano, o Brasil vai importar
US$ 2 bilhões em arroz, milho e feijão. Para que importar feijão, que na
lavoura dá em setenta dias? É por isso que o superávit argentino em relação ao
brasileiro foi de US$ 1,4 bilhão. Vamos fazer abertura de fronteiras de acordo
com os nossos interesses. Os Estados Unidos fazem assim, e por isso mandam no
mundo. O Mercosul é um passo muito importante, e as relações com a União
Europeia interessam muito ao Brasil. Quanto ao Nafta, e principalmente à Alça
[aliança de países da América Latina], proposta pelo presidente americano Bill
Clinton, há necessidade de cautela, porque existem indícios de imposição de
força. E o Brasil não pode aceitar isso. Nós queremos uma nação forte,
soberana, e uma nação forte tem de ter ingerência nas grandes decisões econômicas,
no país e na Organização Mundial do Comércio, que é onde as coisas se decidem.
Portanto, nós temos divergência com muitos pensadores americanos, que querem
tornar o Estado brasileiro uma zona franca. Nós queremos uma nação livre e
soberana, em que o povo tenha orgulho de andar de cabeça erguida.
Qual será a receita do seu governo para
evitar que o país sofra um ataque especulativo e enfrente uma crise semelhante
à da Indonésia e outras nações asiáticas?
A retomada
do crescimento econômico e a estabilidade social que vamos garantir atrairá
investimentos produtivos, que são muito mais necessários que os especulativos.
Medidas econômicas consistentes, interligando taxa de juros, câmbio, equilíbrio
fiscal e correção na balança comercial, afastarão todos os riscos de ataque,
O senhor acredita em Deus? Professa alguma
religião?
Acredito em
Deus e sou católico.
O que o senhor acha do crescimento do
segmento evangélico no Brasil?
Acho
importante, porque isso significa uma liberdade de opção e de credo religioso,
o que é fundamental numa democracia.
Na sua opinião, de que forma a rede de
igrejas evangélicas espalhadas pelo Brasil poderia ajudar a resolver problemas
como a fome, o analfabetismo e o desemprego?
A rede de
igrejas evangélicas pode desempenhar um papel fundamental em meu governo,
através de parcerias e, mais que isso, através da apresentação de propostas
concretas de políticas públicas. A Campanha Nacional de Alfabetização é um
exemplo de área onde essa rede pode ter um desempenho fabuloso. Outro exemplo é
o conjunto de atividades que dedicaremos a setores como a infância
desassistida, acompanhamento de pessoas da terceira idade, mobilizações de
saúde preventiva, campanhas de combate à fome etc.
O senhor conta com algum assessor de
campanha que o aconselha em relação aos evangélicos?
Não tenho um
assessor formalmente designado para tanto. Mas, em meus frequentes encontros
com pastores e com lideranças ligadas a esse segmento, recebo boas doses de
assessoria, conselhos e explicações.
E pretende contar com algum evangélico na
sua equipe de governo?
Pretendo
contar com pessoas de todas as religiões.
O senhor acha que o Lula não assusta mais
os crentes? A que atribui isso?
Quando as
pessoas decidem conversar comigo, me ouvir, trocar opiniões, nenhum medo
sobrevive. A verdade liberta.
Na sua atual campanha, o senhor chegou a
pedir o apoio de algum líder evangélico? Qual foi a receptividade?
Tenho pedido
apoio de inúmeros líderes evangélicos e a resposta tem sido bastante positiva.
Até a grande imprensa tem noticiado isso, embora parecendo estar sentindo algum
incômodo.
Alguns grupos cristãos, como o Movimento
Evangélico Progressista (MEP), com sede em Belo Horizonte (MG), apoiam sua
candidatura publicamente. Sua campanha tem tido apoio de outras entidades
evangélicas?
Tenho a
impressão de que citar o nome de algum movimento poderia ocasionar uma
injustiça, pelo possível esquecimento de outro. Estão brotando iniciativas
neste sentido em todo o país. Um comitê evangélico de Belém do Pará está
solicitando agenda. Como vocês falaram, existe o MEP de Belo Horizonte. A
senadora Benedita da Silva está articulando apoios no Rio, e acontece o mesmo
em praticamente todos os estados. Eu sinto uma força incomparavelmente maior do
que nas campanhas anteriores.
O senhor tem algum projeto voltado
diretamente para o segmento evangélico?
Tenho aquele
conjunto de projetos de que já falamos, envolvendo a parceria entre governo e
igrejas. Em resumo, trata-se do próprio coração do meu projeto de governo, que
é a ampliação dos projetos sociais, da valorização do ser humano, da
solidariedade exercida com fé e compromisso. E não frases vazias e mera
propaganda clientelista, como aconteceu com o governo FHC.
Qual a sua maior preocupação nesta
campanha?
O que mais
me preocupa é a manipulação do poder econômico e dos meios de comunicação. Eu
estou disputando com um cidadão que é presidente da República, então o que vai
acontecer? A partir da convenção oficial, eu não posso entrar no ar, em rede de
rádio ou televisão, porque sou candidato. Ele pode entrar como presidente da
República. Eu quero saber qual vai ser o momento em que se vai separar o
presidente do candidato. Nós não estamos fazendo uma campanha em igualdade de
condições. Nós estamos disputando contra o poder do Estado e o poder da
comunicação. E qual é a nossa vantagem? É que nós temos o poder da razão.
Milhões de brasileiros estão indignados com a quantidade de mentiras, e a nossa
campanha vai ser um movimento em que vamos envolver artistas, intelectuais,
empresários, pastores, padres, freiras, desempregados, empregados, pequenos e
médios produtores, quem quiser. E nós vamos ganhar (1998)
---
Fonte:
Revista Vinde. Ano III - Nº 33 - Agosto de 1998. Editora Vinde. Rio de Janeiro, págs. 12-15.
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