Existe Deus?
Não há na
existência humana uma pergunta mais profunda exigindo uma resposta.
"Existe um deus?" é a pergunta que deve ser respondida por todos os
seres humanos individualmente, e a resposta tem um longo alcance em suas
implicações.
Mortimer
Adler, em seu ensaio sobre Deus, na monumental obra Great Ideas Synopticon ("Sinóticos das Grandes Ideias")
declara: "Exceção feita a certos matemáticos e físicos, todos autores dos
"Grandes Livros" estão representados neste capítulo. Só na enorme
soma de referências, tanto quanto na variedade, é o capítulo mais longo. A
razão é óbvia. Para o pensamento, bem como para a ação, há mais consequências
resultantes da afirmação ou da negação de Deus do que da resposta a qualquer
outra pergunta fundamental." E ele prossegue, descrevendo as implicações
práticas: "Todo o teor da vida humana é atingido pelo fato de os homens,
ou se considerarem os seres supremos do universo, ou reconhecerem um ser
sobre-humano que eles concebem como objeto de medo ou de amor, uma força a ser
desafiada ou um Senhor a ser obedecido. Entre aqueles que reconhecem uma
divindade, importa muito se ela é representada meramente pelo conceito de Deus
— objeto de especulação filosófica — ou pelo Deus vivente que os homens adoram
em todos os atos de piedade que compõem os rituais da religião."
Devemos
dizer claramente desde o princípio que não é possível "provar" Deus
no sentido científico do termo. Mas pode-se dizer com ênfase idêntica que não
se pode "provar" Napoleão pelo método científico. A razão jaz na
própria natureza da História e nas limitações do método científico. Para que
alguma coisa seja "provada" pelo método científico, ela deve ser
passível de repetir-se. Ninguém pode anunciar ao mundo uma nova descoberta
baseado numa única experiência. Mas a História, na sua natureza real, não é
passível de repetição. Ninguém pode "reprisar" o começo do universo,
ou trazer Napoleão de volta, ou repetir o assassinato de Lincoln ou a
crucifixão de Jesus Cristo. Porém o fato de que estes acontecimentos não podem
ser "provados" pela repetição, não refuta a sua realidade como
acontecimentos.
Existem
muitas coisas reais que escapam ao critério da verificação pejo método
científico. Este só é útil para coisas mensuráveis. Ninguém jamais viu três
metros de amor, ou dois quilos de justiça, mas seria verdadeiramente uma
estultícia negar a realidade destas coisas. Insistir em que Deus seja
"provado" pelo método científico equivale a insistir em que se use um
telefone para medir a radiotividade. Ele simplesmente não foi feito para isso.
Quais são as
evidências a favor de Deus? É muito significativo que recentes pesquisas
antropológicas revelaram que, entre povos primitivos mais longínquos e remotos,
hoje em dia, há uma crença generalizada em Deus. E que nas histórias e lendas
mais antigas de todos os povos ao redor do mundo o conceito original era de um
só Deus, que era o Criador. Parece que, em suas consciências, mesmo aquelas
sociedades que hoje são politeístas, tinham a princípio um Deus supremo. Esta pesquisa,
nos últimos 50 anos, desafiou o conceito evolucionista do desenvolvimento da
religião, que sugeria que o monoteísmo — o conceito dum só Deus — era o ápice
dum desenvolvimento gradual que começou com os conceitos politeístas. Está cada
vez mais claro que as tradições mais antigas por toda parte eram dum único Deus
supremo.
Para os
nossos objetivos atuais, contudo, é suficiente observar que a vasta maioria da
humanidade, em todos os tempos e em todos os lugares, tem crido em alguma
espécie de Deus ou deuses. Embora este fato não seja de modo algum uma prova
conclusiva, devemos conservá-lo na mente à medida que tentamos responder à
grande pergunta.
[...]
---
Fonte:
Você pode explicar sua fé?, por: Paul E. Little. Tradução: Gordon Chown. Editora Mundo Cristão. São Paulo, 1997, págs. 18-20.
Nenhum comentário:
Postar um comentário