quinta-feira, 7 de julho de 2016

Filósofo e religioso?

Filósofo e religioso?
Além de grande cientista, Einstein teria sido também um filósofo? Para alguns biógrafos, sim, sendo que seu pensamento filosófico transparece na forma quase inocente - porém, não ingênua - de fazer perguntas à natureza.
Mesmo os que veem em Einstein um filósofo concordam que ele não era do tipo convencional, que escreve tratados. Seu pensamento filosófico era expresso em seus artigos científicos, bem como em cartas, palestras, livros, jornais ou revistas. Esses escritos demonstram que Einstein tinha um amplo conhecimento dos grandes debates filosóficos, antigos e contemporâneos, bem como sobre a história da humanidade. Teve discussões penetrantes com filósofos conceituados, como o norte-americano Russell, o francês Henry Bergson e o alemão Hans Reichenbach.
Em relação à posição religiosa, limitamo-nos a dizer que Einstein não acreditava em um Deus pessoal, que se preocupa com o destino das pessoas. Sua posição a esse respeito foi exposta em pelo menos quatro artigos (1930, 1939, 1940 e 1948), sendo o primeiro e o terceiro considerados os mais polêmicos por teólogos. E isso lhe causou enxurradas de cartas de protesto.
Einstein tampouco era ateu, qualificativo que geralmente - e para seu desgosto - lhe era atribuído. Para ele, negar a existência de um Deus pessoal não era negar a Deus. Sua posição, comumente designada "religiosidade cósmica", está mais próxima das ideias do filósofo a quem mais admirava, Spinoza. A religiosidade de Einstein pode ser expressa pela profunda admiração que tinha pela natureza, pelas simetrias do universo e pelo fato de este poder ser compreensível através da racionalidade. Em um assunto ainda polêmico como esse, o melhor é dar voz ao próprio Einstein:
"Eu não posso conceber um Deus pessoal que teria uma influência direta sobre as ações das pessoas [...] Minha religiosidade consiste em uma humilde admiração do espírito infinitamente superior que se revela no pouco que podemos compreender da realidade.
Eu acredito no Deus de Spinoza, que se revela na harmonia de tudo que existe, mas não em um Deus que se preocupa com o destino e as ações dos seres humanos."
Apesar de incisivas, as passagens - respectivamente de 1927 e 1929 - estão longe de abarcar a complexidade da posição de Einstein em relação à sua religiosidade.

O século de Einstein
A obra científica de Einstein foi de tamanha grandeza que seu colega Max Born a resumiu com as seguintes palavras: "[Ele] poderia nunca ter escrito uma só linha sobre a relatividade, mas, mesmo assim, teria sido um dos maiores físicos do século XX". Muitos concordam que seria uma tarefa difícil escolher entre Einstein e Newton para o posto de maior cientista de todos os tempos.
Einstein morreu à 1h15 da manhã de 18 de abril de 1955, devido ao rompimento de uma artéria abdominal, depois de recusar um possível tratamento cirúrgico. "Já fiz a minha parte. É hora de partir", disse aos médicos. Ainda na cama do hospital, trabalhou no que seria um discurso para a cerimônia do dia da independência de Israel.
Seus olhos e seu cérebro foram retirados para pesquisa. Até hoje, não se notou nada muito significativo nesse último, a não ser o fato de ele ter um pouco mais de um tipo de células (gliais) na parte esquerda, que controla as habilidades matemáticas e da linguagem.
Einstein foi cremado na tarde do mesmo dia, e suas cinzas oram lançadas, a seu pedido, em local desconhecido, pois ele temia que seu túmulo virasse um local de peregrinação. Desconfia-se que o local seja um lago próximo a Princeton onde Einstein gostava de praticar seu esporte predileto: velejar. Bertrand Russell resumiu a vida do amigo assim:
"Einstein não foi apenas um grande cientista, foi um grande homem. Ele defendeu a paz em um mundo que caminhava para a guerra. Ele se manteve são em um mundo insano, e liberal em um mundo de fanáticos."
Pelo legado moral e intelectual que deixou, é provável que, no futuro, o século XX seja conhecido como "o Século de Einstein".

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Fonte:
O grande Albert Einstein, por: Fernando Cury. Odysseus Editora. São Paulo, 2003, págs. 113-114.

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