Pessoa e os heterônimos
Mais do que
meros pseudônimos, outros nomes com os quais um autor assina sua obra, os
heterônimos são invenções de personagens completos, que têm uma biografia
própria, estilos literários diferenciados e que produzem uma obra paralela à do
seu criador. Fernando Pessoa criou vários desses personagens. Os estudiosos
seguem discutindo por que Pessoa teria criado seus heterônimos. Seria esquizofrenia?
Psicografia? Uma grande piada? Um genial jogo de marketing poético? Decerto,
sabemos que a genialidade de Fernando Pessoa é grande demais para caber em um
só poeta. Como bem o sintetizou o seu heterônimo mais atribulado, Álvaro de
Campos:
Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias
pessoas,
Quanto mais personalidades eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Além disso, Fernando Pessoa viveu durante os primórdios do Modernismo, uma época em que a arte se fragmentava em várias tendências simultâneas, as chamadas vanguardas: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo, Surrealismo e muitas outras.
A arte, no
momento da explosão das inúmeras vanguardas modernistas por todo o mundo,
também se dividia e se multiplicava. Fernando Pessoa, introdutor das vanguardas
modernistas em Portugal, ao se dividir, levou a fragmentação da arte moderna às
últimas consequências.
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Fonte:
Poemas Completos de Alberto Caeiro - Fernando Pessoa. Editora Martin Claret. São Paulo, 2007.
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