Modernismo
A história
do Modernismo começa, a rigor, com o movimento saudosista de Teixeira de
Pascoaes e outros, instalado em torno da revista A Águia (1910-1930), órgão da "Renascença Portuguesa". E
o Modernismo propriamente dito inicia-se em 1915, quando se publicou a revista Orpheu, que aglutinou um punhado de
jovens insatisfeitos, de ideias futuristas, como Fernando Pessoa, Mário de
Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Santa Rita Pintor, Rui Coelho, Alfredo Guisado e
Armando Cortes-Rodrigues. Reagindo contra as fórmulas estacionárias e
passadistas de arte, pregavam o inconformismo e a deificação do ato poético.
Tal espírito vigorou até 1927, quando surgiu a revista Presença, que a um só tempo continuava e renovava o pensamento
órfico. Este, essencialmente poético, apenas por exceção deu origem a uma obra
em prosa, o romance Nome de Guerra,
de Almada Negreiros, Nesse meio-tempo, já se impunham dois escritores que,
embora modernos em parte de sua sintaxe estética, ainda refletiam valores
culturais dos começos do século: Florbela Espanca e Aquilino Ribeiro. Com a Presença, representada por José Régio,
Miguel Torga, Antônio Botto, Irene Lisboa, José Rodrigues Miguéis e tantos
outros, a Literatura portuguesa abre-se ao convívio com determinadas tendências
europeias (encarnadas em Dostoievski, Proust, Gide e outros), mas não sem
examiná-las à luz dum código crítico que se deseja cada vez mais rigoroso e
vigilante. Em 1940, com Gaibéus, de
Alves Redol, instala-se o Neorrealismo, que, colocando-se frontalmente contra a
Presença e desenvolvendo alguns aspectos realistas da obra de Ferreira de
Castro, propugna por uma literatura empenhada, social e documental; além de
Alves Redol e Ferreira de Castro, citam-se Vergílio Ferreira, Fernando Namora,
Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, dentre outros. Em 1947, instala-se o
Surrealismo: Mário Cesariny de Vasconcelos é sua figura mais relevante. Após a
revolução de 25 de abril de 1974, que deu fim ao regime salazarista, as letras
portuguesas conhecem um período de efervescência, sobretudo na área da prosa.
Novos valores despontam, como Lobo Antunes, José Saramago, Lídia Jorge,
enquanto outros se firmam ou continuam a sua trajetória, como Agustina
Bessa-Luís, José Cardoso Pires, António Ramos Rosa, Urbano Tavares Rodrigues,
Almeida Faria, José Gomes Ferreira, Bernardo Santareno, Jorge de Sena, Eugênio
de Andrade, Maria Judite de Carvalho, Augusto Abelaira, Herberto Helder outros.
Teixeira de
Pascoaes, nome literário de Joaquim Teixeira de Vasconcellos, nasceu em Gatão
(freguesia do Concelho de Amarante, distrito do Porto), em 1877. De família
abastada, estudou Direito em Coimbra, e formou-se em 1901. Inicia então sua
carreira literária, com o livro Sempre
(1898), seguido de Terra Proibida,
publicado no ano seguinte. Terminado o curso, tenta a prática do Direito algum
tempo, até que a atividade agrícola e a literária o absorvessem por completo.
Em 1912, começa a dirigir A Águia,
órgão da "Renascença Portuguesa", e em sua direção permanece até
1916, quando termina a primeira fase da revista. A pouco e pouco vai
abandonando a vida literária em favor de uma existência bucólica em sua vila
natal, mas continua a escrever até o fim, em 1952. Deixou obra numerosa,
dividida entre a prosa de vário tipo (O Gênio
Português na sua Expressão Filosófica, Poética e Religiosa, 1913; A Arte de Ser Português, 1915; Os Poetas Lusíadas, 1919; S. Paulo, 1934; O Homem Universal, 1937; O
Penitente - Camilo Castelo Branco,
1942; Santo Agostinho, 1945) e a
poesia (Sempre, 1898; Terra Proibida, 1899; Jesus e Pã, 1903; Para a Luz, 1904; Vida Etérea,
1906; As Sombras, 1907; Senhora da Noite, 1909; Marânus, 1911; Regresso ao Paraíso, 1912; Elegias,
1913; O Doido e a Morte, 1913; i,
1921; Cânticos, 1925, etc.).
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Fonte:
A Literatura Portuguesa Através dos Textos, por: Massaud Moisés. Editora Culturix. São Paulo, 1997, págs. 388-389.
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