Bíblia e a História
PROVAVELMENTE
NENHUMA PORÇÃO da Bíblia tem sido mais completamente vindicada pela descoberta
moderna do que aquelas porco - s que tratam da história do povo judaico e
daquelas nações com as quais ele entrou em conta to. No passado, era costume da
alta crítica atacar quase tudo quanto está mencionado na Bíblia, taxando-o de
não-histórico, escrito muito depois dos supostos eventos terem ocorrido, ou,
porque não, simplesmente fabricado pelo escritor. Entretanto, desde que
começaram a ser acumuladas as descobertas arqueológicas, em verdadeira
multidão, nestes últimos 75 anos, o pêndulo está balançando para o outro
extremo, e a Bíblia é considerada, até mesmo por aqueles que não acreditam em
sua inspiração, como um livro digno de confiança em alto grau, do ponto de
vista histórico.
É fato bem
conhecido que as mais antigas civilizações conhecidas no mundo foram as da
Suméria, do Egito, da Babilônia, da Assíria e de outros países na região
próxima às praias ocidentais do mar Mediterrâneo. Uma quantidade tremenda de
pesquisa tem sido aplicada ao estudo das histórias dessas terras pelos modernos
arqueólogos e historiadores. Seus achados ocupam literalmente centenas de
volumes, e não podemos nem ao menos começar a considerar todos eles aqui.
Entretanto, seria interessante examinar alguns poucos dos mais notáveis
exemplos da vindicação ao relato bíblico pelos campos arqueológicos e outros
relacionados.
Algumas das
mais interessantes dentre as descobertas babilônicas e egípcias dizem respeito
ao período antes do dilúvio. Nesses, como também em outros países, têm sido
descobertas numerosas histórias acerca da criação, a queda, os patriarcas
antediluvianos, e igualmente sobre o próprio dilúvio. Muitos desses relatos são
extremamente parecidos com os relatos bíblicos e, visto que muitos deles
antedatam a escrita do livro de Gênesis, por Moisés, os críticos ocasionalmente
reivindicam que Moisés obteve seu material dessas fontes e, que,
consequentemente, o relato do livro de Gênesis registra meras lendas, como as
outras histórias também o são. Entretanto, a mera comparação entre o majestoso
relato da Bíblia com a insensatez mitológica e fantástica de praticamente todas
as outras histórias, serve de evidência suficiente para provar que o registro
desses acontecimentos, apresentado na Bíblia, é incomparavelmente superior a
todos os demais registros históricos combinados, fato esse que só pode ser
explicado à base da inspiração. É apenas natural supor que algumas memórias de
tão importantes acontecimentos, como a criação e o dilúvio, tenham sido
transmitidas oralmente a todos os descendentes de Adão e de Noé. E é
extremamente significativo que, a despeito de seu caráter obviamente lendário,
esses registros espúrios demonstram notável semelhança com o relato dado na
Bíblia. Parece certo que essas histórias, por conseguinte, devem possuir uma
base real bem definida.
A história
da dispersão dos povos, após a edificação da torre de Babel, é usualmente
ridicularizada pelos críticos da Bíblia. Não obstante, é muito provável que uma
parte da torre original continue de pé. Há poucos anos foram escavados os
restos daquilo que parecia o maior dos zigurates babilônicos. Entretanto, foi
descoberto nos registros babilônicos que essa torre já era antiga durante o
clímax da civilização babilônica e que, em realidade, havia sido reparada e
restaurada para uso em sua adoração idólatra. O historiador grego, Heródoto,
cerca de 500 A.C. descreveu a estrutura, que consistia então de uma série de
oito torres ascendentes, cada qual com um patamar e com um caminho espiralado
ao redor, conduzindo até o cume. No alto havia um grande templo, que era
empregado para a adoração aos deuses da Babilônia. A lenda babilônica dizia que
essa torre fora originalmente edificada por Ninrode, isso coincide com os
registros bíblicos. De fato, a região até hoje se chama Birsnimroud, pelos
árabes. Essa grande estrutura tinha a altura de cerca de 230 metros, dos quais
ainda restam algumas dezenas de metros. Se essa torre não é realmente a
original torre de Babel, provavelmente pelo menos foi uma reprodução da mesma,
o que de fato pode ser o caso de muitos dos antigos zigurates da Mesopotâmia.
Tem sido
difícil encontrar evidência arqueológica direta que diga respeito aos primeiros
patriarcas de Israel, antes do tempo de Josué. Isso, naturalmente, pode ser
explicado pelo fato que Israel ainda não era uma nação; e seria uma
coincidência extremamente afortunada se fossem encontradas relíquias pessoais
de indivíduos tais como Abraão, Isaque, Jacó, José ou Moisés. Por outro lado,
existe 'um grande acúmulo de evidência colateral que ilumina os relatos
bíblicos, e que comprova que as descrições dos países, povos, e condições gerais
de vida durante aqueles tempos, conforme apresentados na Bíblia, são
perfeitamente exatos e devem ter sido escritos ou por testemunhas oculares
dignas de confiança ou escritos sob a inspiração do Espírito Santo. Por
exemplo, a cidade natal de Abraão é dada como Ur dos Caldeus. A localização e a
própria existência desse lugar eram anteriormente incertas; em anos recentes,
todavia, tudo tem sido descoberto e amplamente explorado. Os críticos
anteriormente negavam que o Pentateuco pudesse ter sido escrito por Moisés, por
dizerem eles que a arte da escrita era desconhecida durante o tempo da vida do
patriarca. Entretanto, descobertas feitas em Ur e em outros lugares, têm
provado além de qualquer dúvida que a escrita era arte já muito bem
desenvolvida pelo menos durante muitas centenas de anos antes do próprio tempo
de Abraão. Além disso, é interessante notar aqui que as "teorias de
gabinete" da alta crítica, acerca da evolução gradual da cultura, da
ciência, da religião, etc., estão sendo gradualmente demolidas em cada nova
descoberta arqueológica. Explorações recentes, em grande número dessas antigas
cidades tem revelado, por muitas e muitas vezes, que as civilizações
descobertas e verificadas como mais antigas são justamente as superiores, e que
houve uma degeneração constante das artes e ciências, com a passagem do tempo.
Tem mesmo sido demonstrado que a religião do homem era originalmente
monoteísta, e posteriormente essa se degenerou em politeísmo, e não vice-versa,
conforme os críticos afirmavam anteriormente.
A destruição
de Sodoma e Gomorra, pela chuva de fogo e enxofre caída do céu, soa muito
parecido com uma erupção vulcânica, suposição essa que é amplamente confirmada
em um exame da região anteriormente ocupada por essas cidades, nas margens do
mar Morto. As grandes quantidades de enxofre e betume, bem como as rochas
vulcânicas e os gases sulfúricos gerados no solo, apontam para algum horrendo
holocausto do passado. Até o próprio caso sucedido com a esposa de Ló se torna
mais claro à luz desses fatos. É provável que ela se tenha demorado para trás (
o sentido provável de "olhou para trás") e foi envolvida pela
catástrofe. Há enormes camadas de sal nessa região, e é possível que ela tenha
sido sepultada por uma massa de sal lançada para o ar. A palavra traduzida como
"sal" não denota necessariamente o cloreto de sódio, mas pode
significar qualquer composto químico cristalino. .É concebível que ela tenha
sido sepultada pela lava e que mais tarde, através dos anos e pelas forças
ordinárias da natureza, tenha se tornado, petrificada ou fossilizada, assim
sendo realmente transformada em "sal". Esse mesmo fenômeno
reconhecidamente sucedeu a um grande número de indivíduos na destruição
vulcânica da cidade romana de Pompéia. Acresce que as explorações arqueológicas
no local provam em definido ser a região habitada durante o tempo de Abraão,
ainda que imediatamente após ficou por completo estéril a habitantes, assim
permanecendo pelo espaço de cerca de dois mil anos.
O cativeiro
dos hebreus, no Egito, bem como o êxodo, por causa das evidências arqueológicas
são atualmente dados como acontecimentos históricos pelos críticos, embora
anteriormente tenham sido reputados como lendários. As dez pragas, embora ainda
não tenha sido descoberta qualquer evidência corroborativa a respeito das
mesmas, têm conseguido obter nova significação com a descoberta que cada uma
das pragas parece ter alvejado particularmente alguma fase da religião dos
egípcios. As deidades do Nilo, as deusas das rãs, da mosca, do gado, os deuses
da medicina, dos elementos, do sol, da fertilidade dos campos e, finalmente, a
deusa do nascimento, todos sofreram golpes tremendos em termos de perda de
prestígio nas mentes dos egípcios extremamente politeístas, por causa das
pragas enviadas por Jeová. A arqueologia, ao assim revelar a religião dos
egípcios no tempo de Moisés, consubstancia indiretamente os registros bíblicos
e por certo lhes proporciona maior significação.
A respeito
das peregrinações dos israelitas pelo deserto, pouco se sabe no tocante a registros
de natureza secular, além do fato que um povo chamado Khabiri (possivelmente os
hebreus) começaram a dominar os países da terra de Canaã cerca do tempo que a
Bíblia atribui a tais conquistas. A conquista começou com a travessia do rio
Jordão e com a destruição de Jericó, e ambos os eventos foram realizados por
meio da ajuda miraculosa da parte de Deus. A Bíblia relata como, quando os
sacerdotes que carregavam a arca da aliança pisaram na margem do Jordão,
"...pararam-se as águas, que vinham de cima, levantaram-se num montão...
então passou o povo defronte de Jericó". É interessante que coisa
semelhante aconteceu pelo menos três vezes na história, a última vez em 1927.
De cada vez foi provocada por uma deslocação de terras no curso superior de um
rio, que deixou o leito do curso inferior do rio seco por diversas horas. O
relato bíblico bem poderia descrever uma dessas deslocações de terra,
miraculosamente operada, com o consequente represamento das águas.
A história
da conquista de Jericó, que se seguiu a essa travessia, tem sido completamente
vindicada pela arqueologia. Descobriu-se que os muros de Jericó literalmente
"ruíram por terra, achatados". Tem sido sugerido que isso foi causado
por um terremoto. É possível que assim tenha sucedido, mas o próprio acontecimento
atesta a veracidade das Escrituras. Além disso, porém, foi descoberto que a
própria cidade não foi despojada, conforme era o costume naqueles dias, mas
antes, foi queimada, isso consubstancia ainda mais a história bíblica.
Um dos povos
mais poderosos que os hebreus tiveram de enfrentar para entrar na Terra
Prometida foram os hititas. Na Bíblia há numerosas referências a respeito desse
povo, mas, até os anos finais do século XIX não havia qualquer evidência
externa de que tal povo havia realmente existido. Durante muitos anos, a alta
crítica costumava usar a lenda dos Imitas como um de seus mais severos golpes
contra a inspiração das Escrituras. A erudição arqueológica, entretanto, há
muito tempo revelou que esse povo constituía uma das mais poderosas e
influentes nações da antiguidade, uma vez mais demonstrando, dessa maneira, a
fraqueza da posição da crítica e a veracidade do relato bíblico. A mesma coisa
pode ser dita a respeito de Edom e dos edomitas, os quais são mencionados
muitos e muitas vezes na Bíblia, mas que foram completamente esquecidos pela
história secular até o século XIX, quando foram encontradas referências a eles
nos monumentos egípcios e assírios. Finalmente, os restos esplendidamente
preservados de sua capital, Petra, "a cidade rocha", foram
encontrados. Assim, os críticos que haviam mantido ser os edomitas seres
lendários, foram novamente derrotados .
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Fonte:
A Bíblia e a Ciência Moderna, por: Henry M. Morris. Imprensa Batista Regular. São Paulo, 1985, págs. 84-89.
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