quinta-feira, 7 de julho de 2016

A Experiência Vazia

A Experiência Vazia
EM 1946, OS AMERICANOS estavam retornando a uma vida em período de paz — concluindo uma educação interrompida, comprando uma casa, construindo uma família. Alguns elementos novos iriam fazer parte do mundo pós-guerra. Um deles, que algumas pessoas haviam visto, mas a maioria apenas ouvido falar a respeito, era a televisão.
O pioneiro da indústria da televisão, Thomas Hutchinson, perscrutou o futuro para dar a todos uma ideia do que poderiam esperar: "Hoje estamos estabilizados no limiar de um futuro para a televisão que ninguém pode compreender inteiramente. Conhecemos algumas de suas possibilidades, mas estamos muito, muito longe de saber o que eventualmente pode ser feito. Sabemos, entretanto, que o mundo exterior pode ser trazido aos nossos lares, e, assim, uma das mais antigas ambições da humanidade já foi alcançada. Em sua casa, você assiste a eventos de importância nacional exatamente enquanto estão acontecendo. As personalidades que hoje apenas escutamos, amanhã serão tanto vistas como ouvidas."
As palavras de Hutchinson chamam nossa atenção novamente para a natureza notável da televisão. O que antes era apenas um sonho — comunicação visual instantânea à longa distância — tornou-se possível e corriqueiro. O maravilhoso tornou-se ordinário. E, ainda, se observarmos um pouco mais a fundo, o que se tornou corriqueiro permanece maravilhoso e um tanto misterioso. Após mais de trinta e cinco anos de estudo, estamos apenas começando a entender o que está acontecendo quando nós e milhões de outras pessoas estamos sentados em frente à televisão, comendo pipocas, fazendo o serviço de casa e casualmente alcançando "uma das mais antigas ambições da humanidade". Continuamos, conforme a expressão de Hutchinson, "muito, muito longe de saber" completamente o que está acontecendo, quando estamos vendo televisão, e quais os efeitos que ela pode gerar, a longo prazo, em nós e nas gerações que nos seguirão.
Alguns dos efeitos que conhecemos — e não conhecemos — dizem respeito ao que vemos na televisão, isto é, o conteúdo dos programas. Esses efeitos são assunto de capítulos posteriores. Neste capítulo, contudo, consideraremos alguns aspectos do ato de assistir à televisão em si. O que estamos fazendo ao assistir à televisão? Podemos estar fazendo algo mais estranho e talvez mais transformador do que possamos já haver pensado.
Ao assistir à televisão diariamente, estamos buscando relaxamento e entretenimento. Em tal disposição de espírito, somos bastante passivos. De fato, ver televisão é um ato bem mais passivo do que qualquer outra forma de entretenimento.
Ver televisão é um ato mais passivo do que outros tipos de entretenimento não participativos. A multidão, no estádio, assiste aos jogadores de futebol atirarem um ao outro na lama. O leitor de um romance beberica o seu drinque enquanto o protagonista rasteja entre arames farpados e fogo de artilharia. Mas essas não são atividades totalmente passivas. A multidão desempenha um papel: ela grita sua aprovação ou angústia e, de algum modo, acrescenta algo ao evento ou até mesmo faz parte dele. Afinal, como seria, para os dois times, um jogo em um estádio vazio? O leitor do romance procede à sua maneira, projetando para si mesmo a história e eventualmente voltando atrás, em busca de algum detalhe esquecido.
Quem vê televisão não faz nada disso. Ao contrário da multidão no estádio, ele está ausente para os jogadores. Ao contrário do leitor, ele não precisa imaginar nada. De fato, a constante mudança de cena à sua frente (a cena muda, em média, pelo menos a cada cinco segundos) faz com que seja difícil manter uma corrente de pensamento coerente. Ele é levado pelo jeito do programa, isto é, pela sua própria maneira de se desenvolver. Qualquer esforço físico ou mental do telespectador o distrai do que está sendo mostrado no vídeo. O telespectador ideal é receptivo, aberto. A televisão é descrita pelo velho mote do MacDonald: "Eles fazem tudo por você."
Naturalmente, isso é super-simplificar as coisas. Alguns programas puxam pela mente do espectador, a fim de solucionar um mistério, adivinhar o final, seguir a linha de argumentação, avaliar o desempenho. Mas quando estamos vendo televisão a fim de descansar e nos entreter, que é a nossa principal razão de fazê-lo, naturalmente escolhemos os programas que requerem o mínimo esforço mental. Assistindo-os, tendemos a nos deixar absorver pelo vídeo iluminado, o que pelo menos amortece nossa agilidade mental.
A passividade da assistência é, de algum modo, compensada pelo fato de que, grande parte do tempo em que estamos assistindo à televisão, o fazemos com outras pessoas, fazendo do comentários e até mesmo conversando sobre coisas que não têm absolutamente nada a ver com o que está no vídeo. Ao notar isso, um certo pesquisador declarou que ver televisão e uma atividade surpreendentemente ativa, em vez de um tipo de comportamento passivo. Entretanto, enquanto ver televisão é algo sempre acompanhado por desde brigas entre irmãos até um simples tomar banho, o ato de assistir, em si, é inerentemente passivo. Não há como se livrar do fato de que, quando estamos assistindo à televisão, ao contrário de nos distrairmos disso, estamos recebendo — recebendo apenas o que está sendo transmitido, do jeito que está sendo transmitido.
Muitas perguntas podem ser feitas a respeito dessa passividade, mas uma, quase nunca feita, é: "Até que ponto é ela realmente relaxante?" Essa questão surge porque geralmente não é a passividade o que encontramos, ao relaxar, mas atividades de um modo diferente daquela a que estamos acostumados.
A maneira normal de relaxar um músculo é contrair o músculo oposto a ele (há também remédios relaxantes musculares, mas não os consideramos normais). O que relaxa é o contraste de atividades, e não a inatividade. A fim de relaxar, as pessoas que trabalham em escritório jogam tênis, os operários de fábricas vão pescar, as donas-de-casa saem.
Essa dinâmica natural sugere que há algo essencialmente insatisfatório quanto à televisão ser um relaxante, pelo menos se em grandes doses. A inatividade física e mental da televisão nos priva da habilidade de produzir muitos dos benefícios das formas mais ativas de relaxamento. Ver televisão não tonifica os músculos nem nos prepara para o sono satisfatório que segue o exercício físico. A leitura, os "hobbies", os esportes, a música, a conversa — tudo tem, ao menos, a possibilidade de conferir um senso de realização, por conhecimento adquirido, projetos executados, oponentes derrotados, amizade alimentada, medos superados, habilidades adquiridas. É claro que temos que escolher a recreação com prudência. Pode-se "pintar e bordar" todas as noites da semana e nunca chegar a uma dessas satisfações — e até sofrer também algumas perdas. Mas confiar na televisão para relaxar é privar-se dos lucros mais comuns de formas mais ativas de relaxamento.
Uma palavra-chave, aqui, é "confiar". Confiar na televisão para relaxar, passando tanto tempo com ela como o fazemos, é um padrão que causa sérios prejuízos. Contudo, pode-se fazer um uso melhor da televisão em doses menores. Certo crítico de televisão forjou o termo "pipoca mental" para descrever os lucros da audiência limitada: não adiciona nutrientes à dieta, mas dá prazer, e não faz mal. A televisão certamente preenche essa necessidade. A questão é se precisamos não fazer nada por várias horas todos os •dias.
O nosso hábito de ver televisão demonstra que achamos a televisão fascinante, mas, quando nos são feitas as perguntas certas às horas certas, vemos que não estamos tão contentes assim com ela. Todavia, como acontece com os outros hábitos, permanecemos fascinados com a televisão bastante tempo depois de terminado o prazer.
Um pesquisador que parece ter feito a pergunta certa é Mihaly Csikszentmihalyi, Presidente do Comité Para o Desenvolvimento Humano, da Universidade de Chicago. Ele e seus colegas recrutaram um grupo de voluntários adultos, a fim de estudar como eles utilizavam o seu tempo e como se sentiam a respeito do que estavam fazendo. Os voluntários foram equipados com diários, para registrarem suas atividades por uma semana. Também receberam "beepers", que funcionavam em determinados horários. Quando os voluntários eram "bipados", eles deviam registrar o que estavam fazendo naquele momento e como estavam se sentindo.
Csikszentmihalyi não se surpreendeu ao descobrir que os voluntários passavam mais tempo vendo televisão do que em qualquer outra atividade de lazer. Ele realmente se surpreendeu ao descobrir que as pessoas "bipadas", enquanto viam televisão, tendiam a sentir-se fracas, passivas, sonolentas, solitárias, desconcentradas e rejeitadas. Nenhuma outra atividade praticada por elas fazia com que se sentissem tão mal.
"A princípio", relatou Csikszentmihalyi, "não sabíamos se as pessoas começavam a ver televisão sentindo-se passivas e vazias, esperando que ela as animasse, ou se era realmente o ato de ver TV que as levava a tal estado de ânimo. Voltamos a estudar os dados, e parece que a última alternativa é a verdadeira — a TV causava a sua depressão." Csikszentmihalyi centra sua explicação na passividade da experiência da televisão. "Qualquer outra atividade em que você possa pensar resulta em mais positiva do que ver TV, mas todas elas custam um certo esforço e risco. Ver televisão é seguro e fácil. Você não fracassa. A TV está à sua disposição sempre que você quiser. Faz com que você se sinta como se estivesse fazendo algo, participando, quando, na realidade, não está. A TV é, acima de tudo, uma ilusão." Não é de admirar que algo tão seguro e passivo seja insatisfatório — e até deprimente — como forma de relax.
As diferenças entre ver televisão e outras formas de relaxamento mostram a diferença entre os dois tipos principais de relaxamento — o ativo e o passivo. As formas ativas podem ser chamadas de recreação; as formas passivas, de descanso. Ver televisão é uma forma de descanso. Ela nos relaxa não por exercitar partes inertes de nosso corpo ou mente, mas simplesmente por fazer com que nosso corpo e mente inteiros entrem num estado de neutralidade.
A ocupação principal da categoria "descanso" é dormir. Dormir e ver televisão revelam ter algumas conexões interessantes. Em média, as pessoas dormem um pouco menos — cerca de quinze minutos por dia — desde que a televisão apareceu, do que faziam antes. A permuta entre dormir e ver televisão sugere que as duas são atividades semelhantes, Certo pesquisador descreve o ato de ver televisão como "um estado de quase-sono, que induz os espectadores ao sono ou a "devaneios'". Muitas pessoas de fato usam a televisão corno um relaxante, antes de ir para a cama.
Há, inclusive, um paralelo entre ver televisão e sonhar. Ambos envolvem reflexos do mundo real rearrumado em padrões imaginários. Ambos, repetidamente, têm fantasias sexuais ou agressivas. Engajamo-nos em ambas as atividades por algumas horas em cada vinte e quatro, mas depois lembramo-nos muito pouco do que assistimos ou sonhamos.
Talvez a forma de descanso com a televisão mais se pareça com o devaneio — o que fazemos quando estamos contemplando a lareira ou sentados sozinhos num restaurante, esperando que o jantar seja servido, ao término de um longo dia. A diferença é que, quando devaneamos, flutuamos em fragmentos de nossa própria memória e fantasiamos através de nossa consciência, enquanto ver televisão permite que outras pessoas exponham os produtos de suas imaginações, através de nossa consciência, para seus próprios fins.
Há um suporte fisiológico para a comparação entre ver televisão e devanear. Os padrões de ondas cerebrais característicos, quando uma pessoa está devaneando, são dominados pelo que se chama ondas alfa. Esses padrões, relativamente lentos, de atividade elétrica, na superfície do cérebro, indicam que uma pessoa não está processando informações do mundo exterior. Erik Peper, um pesquisador no campo da eletroencefalografia da San Francisco State University, descreve as ondas alfa deste modo: "Os padrões de ondas alfa... desaparecem quando uma pessoa executa comandos visuais (focaliza seus olhos juntos num determinado objeto), quando ela se encarrega do processo de busca de informação. Qualquer orientação em direção ao mundo exterior aumenta suas frequências de ondas visuais e bloqueia a atividade das ondas alfa. Alfa ocorre quando você não se orienta em direção a algo. Você senta-se e tem imagens na mente, mas está numa condição totalmente passiva, inconsciente do mundo exterior «o de suas imagens. O termo certo para descrever alfa é realmente 'espaçado'. Não orientado. Quando uma pessoa focaliza a visão, ou a orienta em direção a algo, nota alguma coisa fora de si mesma, então acontece um aumento imediato das atividades de onda mais rápidas, e as ondas alfa são bloqueadas [desaparece]."
Pesquisadores como Peper descobriram que mesmo quando as pessoas estão assistindo aos programas de televisão em que estão interessadas, suas ondas cerebrais indicam que estão recebendo o material de modo passivo. Herbert Krugman, que escreveu sobre algumas reações de espectadores a comerciais, faz a observação de que "a resposta elétrica básica do cérebro é claramente direcionada ao meio, e não às diferenças de conteúdo."
Ver televisão, como devanear, é uma atividade de ondas alfa. Isso não quer dizer que sejamos incapazes de absorver informações ou que estejamos imunes a influências, quando estamos vendo televisão. Absorvemos certos aspectos da televisão, apesar do modo sem envolvimento, passivo, descuidado, com que muitos de nós veem TV. Isso é porque nem todo aprendizado requer concentração. Como já foi demonstrado por pesquisadores como Krugman, um certo tipo de aprendizado é possível mesmo quando nossas mentes estão em repouso o suficiente para que haja apenas uma certa dose de atenção. Os psicólogos denominam esse modo de absorção de informações de aprendizagem passiva. A aprendizagem passiva ocorre quando uma pessoa não está nem concentrada nem opondo resistência à fonte de informação. Uma pessoa em estado passivo pode não apenas aprender, mas também sugestões feitas a ela quando está mentalmente relaxada são mais prováveis de serem seguidas mais tarde.
Quando estamos vendo televisão, estamos geralmente aprendendo passivamente, em vez de ativamente. Nossas faculdades críticas estão em repouso e estamos recebendo uma corrente de imagens e sons sem examiná-los. Por estarem nossas faculdades críticas suspensas, não sujeitos a certos tipos de influências. Não confrontamos problemas ou ideias, de modo que não podemos ser vencidos por um argumento nem sermos levados a uma mudança radical. Mas estamos aprendendo, do mesmo modo, armazenando imagens do mundo. Peper diz, a esse respeito: "A informação chega a nós, mas não reagimos a ela. Vai direto à nossa mente, e talvez reajamos a ela mais tarde, mas sem sabermos a que estamos reagindo."
Assim, há um paradoxo na passividade de ver a imagem eletrônica. A televisão nos traz uma corrente poderosa de sons e imagens informativos, mas o meio de informação, em si, freia a nossa capacidade de processar a informação que ela traz. A televisão multiplica enormemente o número de informações recebidas por nossa visão e audição, pondo-nos em contato com pessoas e eventos distantes. Mas, ao mesmo tempo, diminui nossa capacidade de manejar inteligentemente o fluxo crescente de informação.
Enquanto a passividade de ver televisão torna esse ato indesejável em grande proporção para os adultos, pode torná-lo positivamente daninho para as crianças. O desenvolvimento mental, físico, emocional e espiritual das crianças ocorre com a interação do crescimento de seus corpos e mentes com as pessoas e coisas ao seu redor. Os seres humanos progridem da passividade e dependência da infância até o domínio das aptidões e autonomia da maturidade. A jornada é, em grande parte, feita na base de tentativa e erro, repetição e experiência de consequências de decisões. O crescimento físico e mental é um processo inerentemente ativo. Não pode ser exigido de crianças passivas.
Já tivemos a oportunidade de discutir como o ato de ver televisão em excesso reduz as oportunidades dos pais de orientar o crescimento de seus filhos. Contudo, a passividade de ver televisão parece ter outras consequências adicionais, para o desenvolvimento das crianças. Quando as crianças estão passando tempo vendo televisão, elas estão afastadas de todos os meios normais de crescimento. Ver televisão priva as crianças da interação com as pessoas, com as coisas e até mesmo, dado o estado mental em que se dá a audiência, com as ideias. Ligar o aparelho significa desligar o processo de crescimento. As milhares de horas que as crianças passam em frente ao vídeo, em casa, podem estar causando sérios efeitos de longo alcance em seu desenvolvimento.
Em certo sentido, a televisão, na realidade, acelera o processo de crescimento. As crianças hoje tornam-se familiares ao estilo adulto, ao seu tipo de entretenimento, linguagem, comportamento sexual, independência e cinismo mais cedo do que seus pais e avós. Mas a exposição precoce às imagens do mundo adulto não é um atalho para a maturidade, visto que, de fato, não há atalhos. A autodisciplina só se adquire através da prática e da experiência — por exemplo, a satisfação de se completar um projeto difícil ou a culpa e a vergonha por haver decepcionado um amigo. O autocontrole brota, pelo menos até certo ponto, da disciplina envolvida na aquisição de aptidões. O julgamento do caráter vem do trato com as pessoas. A capacidade de relacionamentos pessoais — saber como lidar com conflitos, o entendimento das necessidades e opiniões alheias, ser apropriadamente modesto e positivo — vêm da experiência. A maturidade real é adquirida no mundo real, não diante do vídeo. A televisão pode sofisticar as crianças, e não amadurecê-las.
Assim, ver televisão é uma forma passiva de relaxamento que é menos desejável do que as formas com que se parece. Se queremos sonhar ou devanear, decerto é geralmente preferível fazê-lo nós mesmos, em vez de submergirmos diariamente nos sonhos de outras pessoas, que não participam de nossa experiência de vida ou percepções da realidade. Por que deveriam suas esperanças e receios, seus anseios e tristezas, tornar-se nossos, simplesmente porque estamos demasiadamente passivos, física e mentalmente, para pensarmos em nossos próprios desejos, para sucumbirmos aos nossos próprios sonhos, ou simplesmente irmos para a cama?
Nossa transformação em uma sociedade de adultos e crianças que passam de duas a três horas por dia de forma grandemente devaneadora tem suas consequências. Seria surpreendente se a televisão não tivesse, ao menos, contribuído para o desvio dos ideais de autodisciplina, economia e trabalho árduo, que eram a característica da sociedade americana, para o atual império dos ideais de lazer, gratificação instantânea e liberdade das restrições pessoais. A urbanização e a riqueza também desempenharam papel importante nessa mudança, mas nossos hábitos "televisivos" certamente nos ajudaram bastante nessa mudança. Assim, torna-se a televisão num agente de mudança cultural.


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Fonte:
Controlando a TV Mania, por: Kevin Perrotta. Tradução: Jussara Marindir Pinto Simões Áires. JUERP, 2ª Edição. Rio de Janeiro, 1989, págs. 47-57.

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