Charles Darwin: vida e obra do autor
Charles
Robert Darwin foi talvez o mais revolucionário biólogo e naturalista que já
viveu. Este cientista britânico fundou as bases da teoria moderna da evolução
com seu conceito do desenvolvimento de todas as formas de vida por meio de um
processo lento de seleção natural. Seu trabalho foi decisivo para as ciências
da vida e da terra. Darwin mudou todo o pensamento moderno em geral.
Nascido em
Shrewshury. Shropshire. Inglaterra, em 1809, Darwin foi o quinto filho de uma
rica e sofisticada família inglesa. Depois de se graduar na escola em
Shrewsbury em 1825, Darwin ingressou na Universidade de Edinburgh para estudar
medicina. Entretanto, em 1827 abandonou os estudos e entrou na Universidade de
Cambridge com o objetivo de se tornar ministro da Igreja Anglicana. Foi em
Cambridge que Darwin conheceu duas figuras que iriam despertar seu interesse
pelas ciências naturais: o geólogo Adam Sedgwick e o naturalista John Stevens
Henslow.
Foi com
Henslow que Darwim aprendeu a ser um observador meticuloso e cuidadoso dos
fenómenos naturais e a ser um colecionador de espécimes. Depois de se graduar
em Cambridge em 1831 - aos 22 anos - foi convidado para viajar como naturalista
a bordo do barco inglês de investigação HMS Beagle. Por causa das boas
recomendações de Henslow, Darwin embarcou sem pagamento numa expedição
científica ao redor do mundo.
A tarefa de
Darwin como um naturalista a bordo do Beagle lhe deu a oportunidade de observar
as diversas formações geológicas em diferentes continentes e ilhas ao longo do
percurso, bem como uma ampla variedade de fósseis e organismos vivos. Em suas
observações geológicas, Darwin se impressionou com o efeito que as forças
naturais tiveram na forma da superfície da terra.
À época, a
maioria dos geólogos aderiu à teoria da catástrofe, que teorizava que a terra
experimentou uma sucessão de criações de vida animal e vegetal, e que cada
criação tinha sido destruída por uma catástrofe repentina, como um levantamento
da superfície da terra. De acordo com essa teoria, a mais recente catástrofe, o
dilúvio universal, eliminou toda a vida exceto aquelas formas que se salvaram
na arca. O resto poderia ser visto apenas na forma de fósseis. Do ponto de
vista dos chamados "catastrotístas", as espécies foram criadas
individualmente e eram, sobretudo, imutáveis.
A teoria dos
"catastrofistas" foi questionada pelo geólogo inglês Sir Charles
Lyell em seu trabalho de dois volumes Princípios
de Geologia (1830 - 1833). Lyell sustentava que a superfície da terra
estava sofrendo uma mudança constante, como resultado das forças naturais que
operam uniformemente durante longos períodos de tempo.
A bordo do
Beagle, Darwin descobriu que muitas de suas observações se encaixavam
perfeitamente na teoria "uniformista" de Lyell. Notou, por exemplo,
que certos fósseis de espécies pretensamente extintas lembravam sobremaneira
espécies vivas na mesma área geológica. Nas ilhas Galápagos, na costa de
Equador, observou que cada ilha tinha sua própria forma de tartaruga terrestre;
e essas diversas formas estavam relacionadas diretamente, mas diferiam na
estrutura c nos hábitos de alimentação em cada uma das ilhas. Darwin concluiu
que estas espécies não tinham aparecido nesse lugar, e que tinham migrado para
Galápagos vindas do continente. Darwin não percebeu naquele momento que os tentilhões
das diferentes ilhas do arquipélago pertenciam a espécies diferentes. Ambas as
observações originaram a pergunta, para Darwin, de possíveis cruzamentos entre
espécies diferentes, porém similares.
Depois de
regressar à Inglaterra em 1836, Darwin começou a organizar suas ideias sobre a
habilidade das espécies de se modificarem. A explicação que encontrou de como
evoluíram os organismos lhe surgiu depois de ler Um Ensaio do Princípio da População de 1798, de autoria do
economista britânico Thomas Robert Malthus, que explicou como as populações
humanas mantinham o equilíbrio. Malthus dizia que nenhum incremento na
disponibilidade de comida para a sobrevivência humana básica poderia compensar
o ritmo geométrico do crescimento da população. O último, portanto, tinha que
ser verificado pelas limitações naturais como a fome e a doença, ou por ações
humanas como a guerra.
Darwin
aplicou imediatamente o raciocínio de Malthus aos animais e às plantas, e em
1838 tinha elaborado já um esboço da Teoria
da Evolução por meio da Seleção Natural. Durante as duas décadas seguintes
trabalhou em sua teoria e outros projetos de história natural.
A teoria de
Darwin só se tornou pública pela primeira vez em 1858 num documento apresentado
junto com outro de Alfred Russel Wallace. A teoria completa de Darwin foi
publicada somente em 1859, com o nome que leva esta publicação, A Origem das Espécies. A obra ficou
conhecida como "O livro que abalou ao mundo". A Origem das espécies se esgotou no primeiro dia da publicação e o
mesmo ocorreu com seis edições posteriores.
A OBRA
A teoria da evolução
por seleção natural de Darwin tratava essencialmente que, devido ao problema do
fornecimento de alimento descrito por Malthus, as crias nascidas de quaisquer
espécies competem intensamente pela sobrevivência. As que sobrevivem darão
origem à próxima geração, que por sua vez tende a incorporar variações naturais
favoráveis - por mais sutis que essas possam ser —; e estas variações passam de
maneira hereditária à prole. Portanto, cada geração melhorará sua
adaptabilidade com relação às gerações precedentes, e este processo gradual e
contínuo é a causa da evolução das espécies. A seleção natural é só uma parte
do vasto esquema conceituai de Darwin; apresentou também o conceito de que
todos os organismos relacionados são descendentes de ancestrais comuns. Além
disso, forneceu apoio adicional para os conceitos anteriores de que a terra
mesma não é estática, mas sim está sempre evoluindo.
As reações à
Origem das espécies foi imediata.
Alguns biólogos argumentaram que Darwin não pôde provar sua hipótese. Outros
criticaram u conceito de variação de Darwin, argumentando que não pôde explicar
nem a origem das variações nem como passaram às gerações sucessivas. Essa
objeção científica, em especial, não foi contestada até o nascimento da
genética moderna nos inícios do século XX. De fato, muitos cientistas continuaram
expressando suas dúvidas durante os anos seguintes. Os ataques mais ferrenhos
às ideias de Darwin não vieram dos cientistas, mas sim dos opositores
religiosos. O pensamento de que coisas vivas tinham evoluído por processos
naturais negava a criação especial da raça humana e relegava a humanidade ao
mesmo patamar dos animais.
Darwin
passou o resto de sua vida desenvolvendo diferentes aspectos de problemas
surgidos em Origem das espécies. Seus
livros posteriores, incluindo A Variação
dos Animais e Plantas sob
Domesticação (1868), O Descendente do
Homem (1871), e A Expressão das
Emoções nos Animais e o Homem (1872), foram exposições detalhadas de temas
que estavam limitados a pequenas seções da Origem das espécies. A importância
de seu trabalho foi reconhecida por seus contemporâneos; Darwin foi eleito para
a Sociedade Real em 1839 e para a Academia Francesa de Ciências em 1878. Darwin
faleceu em 1882.
André Campos Mesquita
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Fonte:
A Origem das Espécies, por: Charles Darwin. Tradução: André Campos Mesquita. Editora Escala. São Paulo, s/d, págs. 11-14.
Fonte:
A Origem das Espécies, por: Charles Darwin. Tradução: André Campos Mesquita. Editora Escala. São Paulo, s/d, págs. 11-14.
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