sexta-feira, 17 de junho de 2016

Deus: o Argumento Cosmológico

Deus: o Argumento Cosmológico
O universo é um fenômeno ou um efeito que implica em uma causa adequada. O argumento cosmológico aduz a evidência que Deus existe e que Ele é a Causa Primeira de todas as coisas. Quatro teorias foram desenvolvidas pelos filósofos e metafísicos quanto à origem do universo material: a) que a constituição da natureza é eterna e que suas formas sempre existiram; b) que a matéria sempre existiu, mas que sua atual constituição e forma ficou sujeita a um auto-desenvolvimento, que foi o ponto de vista de Epicuro, e é a crença declarada do ateu moderno; c) que a matéria é eterna, mas que seu atual arranjo e ordem é obra de Deus, que foi a doutrina de Ratão, Aristóteles e muitos outros; d) que a matéria é uma coisa criada, tendo aparecido do nada pelo poder criador de Deus, que é a revelação bíblica. A última destas quatro filosofias não deve ser confundida com a noção impossível de que o universo evoluiu por si mesmo a partir do nada. Sua declaração é que Deus, através de poder infinito, fez a matéria existir. Está escrito: "No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gn. 1:1), e "... de maneira que o visível veio a existir das cousas que não aparecem" (Hb. 11:3). Leland declara: "Poucos, se é que alguns, dos antigos filósofos pagãos reconheceram a existência de Deus, no seu sentido mais adequado, como o Criador do mundo. Chamando-o de "Criador do mundo", eles não queriam dizer que ele o tivesse criado do nada; mas apenas que ele o construiu de material já existente, e o dispôs numa forma e ordem regulares" (Necessity of Revelation, citado por Watson, Institutes, I, 274).
O argumento cosmológico depende da validade de-ffes verdades contribuintes: a) que todo efeito deve ter uma causa; b) que o efeito depende da sua causa para a sua existência; e c) que a natureza não pode produzir-se. O caráter essencial, fundamental destas verdades contribuintes, como também a dedução conclusiva de que o universo foi causado pela criação direta de uma Causa auto-existente, inteligente e eterna, vai aparecer como a busca desta forma de progressos argumentativos.
Sobre o significado da palavra causa, uma citação do Dr. Charles Hodge é pertinente: "A doutrina comum sobre este assunto inclui os seguintes pontos: 1) Uma causa é alguma coisa. Ela tem existência real. Ela não é simplesmente um nome para uma certa relação. É uma entidade real, uma substância. Isto é evidente porque se não for uma entidade não pode agir. Se aquilo que não existe pode ser uma causa, então nada pode produzir alguma coisa, o que seria uma contradição. 2) Uma causa deve ter, além de ser real, poder e eficácia. É preciso que haja algo em sua natureza para explicar os efeitos que produz. 3) Esta eficácia tem de ser adequada; isto é, suficiente e apropriada para o efeito. Que esta é uma visão verdadeira da natureza de uma causa está evidente". O Dr. Hodge prossegue ilustrando estes pontos pela expe- riência humana. Ele escreve:
1) ... Nós somos causas. Podemos produzir efeitos. E todos os três particulares acima mencionados estão incluídos em nossa consciência de nós mesmos como causa. Somos existências reais; temos poder; temos poder adequado para os efeitos que produzimos. 2) Podemos interessar à consciência universal dos homens. Todos os homens dão este significado à palavra causa em suas línguas comuns. Todos os homens aceitam que cada efeito tem um antecedente à cuja eficácia ele é devido. Eles nunca consideram o mero antecedente, por mais uniforme que seja no passado, ou por mais certo que seja no futuro, como constituindo uma relação causal. A sucessão de estações tem sido uniforme no passado, e confiamos que continuarão sendo uniformes no futuro; mas ninguém diz que o inverno é a causa do verão. Cada um tem consciência de que a causa expressa uma relação inteiramente diferente da mera antecedência. 3) Esta visão da natureza da causa está incluída na crença universal e necessária de que cada efeito deve ter uma causa. Essa crença não é que uma coisa deve sempre vir antes de outra; mas que nada pode ocorrer, que nenhuma alteração pode ser produzida, sem o exercício do poder ou da eficácia em algum lugar; caso contrário, algo poderia vir a existir do nada. — Systematic Theology, I, 209.
A diferença vital entre causa e efeito inere na própria natureza da fala humana. "A língua de cada nação é formada sobre a conexão entre causa e efeito. Pois em cada língua não existem apenas muitas palavras diretamente expressando ideias sobre este assunto, como, por exemplo, causa, eficiência, efeito, produção, produto, efetuar, criar, gerar, etc., ou palavras equivalentes; mas cada verbo em cada língua, com exceção dos versos impessoais intransitivos, e o verbo substantivo, envolve, naturalmente, causalidade ou eficácia, e refere-se sempre a um agente, ou causa, de tal modo que, sem a operação desta causa ou agente, o verbo não teria significado. Toda a humanidade, com exceção de alguns poucos filósofos ateus e céticos, concordaram assim no reconhecimento desta conexão, e eles (os céticos) reconheceram-na tão completamente quanto os outros em sua linguagem costumeira" (Dwight, Theology, I, 5, citado por Watson, op. cit., 290-81).
A crença intuitiva de que cada efeito tem de ter uma causa é o princípio básico sobre o qual o argumento cosmológico avança no sentido de suas certas conclusões. Ex nihilo, nihil fit — do nada, nada pode surgir — é um axioma que tem sido reconhecido pelos filósofos de todas as idades. Afirmar que algo se fez existir é afirmar que agiu antes de existir, o que seria um absurdo. A não-existência não pode engendrar a existência. Se, na eternidade, houvesse uma situação quando não havia nem matéria nem espírito, nenhum ser de qualquer descrição, inteligente ou não inteligente, criado ou não criado, sendo o próprio universo um vácuo infinito, assim teria permanecido para sempre. Mas duas ideias básicas são possíveis, a saber: a) que o universo com todo o seu sistema organizado e formas complexas existiu sempre, teoria que, embora sem nenhuma aparente justificativa, tem sido o maior impedimento para a crença racional em uma Causa Primeira através de todas as gerações; e b) que o universo foi planejado e criado por Deus e para fins dignos. A primeira é o ponto de vista do ateu, enquanto que a outra é a do teísta.
Partindo da premissa aceita de que não há Deus, o ateu sente-se compelido a falar da matéria, declarando-a eterna e, portanto, auto-existente. A matéria é composta de inúmeras partículas que não se relacionam ou não têm dependência umas das outras. Assim, cada partícula deve receber o atributo da auto-existência eterna. Junto à matéria inerte ficam todas as forças químicas, as leis da natureza e o princípio da vida em todas as suas formas. O ateu não pode modificar as exigências de sua filosofia com base na premissa aceita de que não há Deus. Se ele fizer a mínima concessão em sua reivindicação de eterna auto-existência da matéria, ou se ele permitir que ela passe como uma hipótese em vez de certeza infalível, toda a estrutura do ateísmo desmorona. O ateu se vangloria de sua incredulidade e escravidão despótica de raciocinar; mas, se a ideia que a matéria é auto-existente e eterna for desmascarada como nada mais que uma conjectura ou teoria, tudo capitula. Na verdade, a noção de que a matéria é uma entidade auto-existente e eterna deveria ser demonstrável, no caso de verdadeira, e deveria ser tudo menos uma proposição axiomática. Mas isto não acontece. A filosofia ateísta repousa sobre uma hipótese que não pode ser provada e que ficou enfraquecida até o ponto da extinção pelos últimos descobrimentos da ciência. A afirmação de que a criação da matéria é impossível baseia-se na observação de que a criação da matéria é impossível ao homem. Mas quem é que já comprovou a reivindicação de que a criação da matéria é impossível ao Deus infinito? A reivindicação de que Deus criou todas as coisas não apresenta nenhuma contradição, mas simplesmente atribui a Deus maior capacidade do que a que reside no homem. Cudworth afirma:
Sendo inegavelmente certo em relação a nós mesmos, seres absolutamente imperfeitos, que nenhum de nós pode criar qualquer substância nova, os homens se dispõem a medir todas as coisas pela sua própria dimensão, e supõem que seja universalmente impossível que qualquer outro poder crie alguma coisa. Mas considerando que seja certo que seres imperfeitos podem produzir algumas coisas a partir do nada pré-existente, como novas cogitações, novos movimentos locais e novas modificações de coisas corpóreas, certamente é razoável pensar que um ser absolutamente perfeito possa fazer alguma coisa mais, isto é, criar novas substâncias, ou conceder-lhes todo o seu ser. E é fácil de imaginar um Deus ou um Ser onipotente fazendo todo um mundo, matéria e tudo mais,... como é para nós criar um pensamento ou movimentar um dedo, ou para o sol soltar os seus raios, ou a vela dar luz, ou, finalmente, para um corpo opaco produzir uma imagem sua num copo d'água, ou projetar uma sombra; todas estas coisas imperfeitas não passam de energias, raios, imagens ou sombras da Divindade. Para que uma substância seja feita do nada por Deus, ou um Ser infinitamente perfeito, não é o mesmo que ser feito do nada no sentido impossível, pois vem daquele que é tudo... Mas nada em si mesmo é impossível, o que não implica em uma contradição: e embora seja uma contradição que uma coisa seja e não seja ao mesmo tempo, certamente não há contradição na imaginação de um ser imperfeito, que não era antes, para ser depois. — Citado por Watson, ibid, I, 325-26.
Como uma cega rejeição da verdade, a afirmação do ateu de que a matéria é auto-existente e eterna é igual à impressão absurda e não comprovada de que a natureza é capaz de auto-produção, que o acaso serve para explicar o universo, ou que a necessidade é a base sobre a qual todas as coisas existem. Sem dúvida, em sua determinação de rejeitar a Deus, os homens estimularam-se a buscar estas noções falsas que desonram a Deus. Contudo, o argumento cosmológico da existência de Deus como a Causa Primeira de todas as coisas permanece integralmente em seu valor evidenciai.
Pela mesma lógica ou raciocínio que demonstra que o universo existente não poderia produzir-se agindo antes de ter existido, portanto a Causa Primeira não foi auto-criada, mas é eterna e portanto auto-existente, uma vez que não depende de nada fora dela, não tendo causa, a proposta de uma sequência de causas secundárias, isto é, que cada causa é o efeito de uma causa anterior, não oferece solução do problema da origem das coisas. É verdade que a mente pode ser estultifïcada pela extensão indefinida de uma tal sequência; mas a razão afirma que há um Original — uma Causa Primeira. Esta ideia da sequência das causas secundárias resultando em uma causa primeira que foi ilustrado por Wollaston: "Imagine uma cadeia pendente dos céus de uma altura desconhecida, e embora cada elo seu gravite na direção da terra, não sendo visível onde está suspensa, ela não cai, mas se mantém no seu lugar; surge, então, a pergunta: o que sustenta ou mantém a cadeia. Bastaria responder que é o primeiro ou o segundo ou o próximo elo? o segundo, ou melhor dizendo, o primeiro e o segundo juntos, sobre o terceiro; e assim por diante in infinitum? Mas o que mantém o todo? ... E é isto que acontece, em uma cadeia de causas e efeitos, inclinando-se ou (como estava) gravitando numa certa direção. O último, ou o mais baixo, depende, ou (como alguém poderia dizer) está suspenso na causa acima dele. Este, novamente, se não for a causa primeira, está suspenso como um efeito em alguma coisa acima dele" (Religion of Nature Delineated, citado por William Coke, The Deity, 2? ed.,pág. 40). A isto o Dr. Paley acrescenta: "Uma cadeia composta de um número infinito de elos não poderia manter-se mais do que uma cadeia composta de um número finito de elos. Se nós aumentarmos o número de elos de dez para cem e de cem para mil, etc., não faríamos o menor progresso, não notaríamos a menor tendência para o auto-sustento" (citado por Watson, op. cit., I, 283). Há uma Causa Primeira auto-existente e eterna, e essa Causa Primeira é bastante sábia para conceber a criação em todas as suas maravilhas, e bastante poderosa para lhe dar existência. A declaração do argumento cosmológico de Locke é o seguinte: "Eu existo: eu não existia sempre: tudo o que existe deve ter uma causa: a causa deve ser adequada: esta causa adequada é ilimitada: ela deve ser Deus" (citado por Watson, ibid, I, xv). Semelhantemente, a declaração do argumento de Howe é conclusivo: "1) Algo existiu desde a eternidade: portanto 2) não deve ter causa: portanto 3) é independente 4) é necessário: portanto 5) auto-ativo: e portanto 6) originalmente vital, e a fonte de toda a vida" (citado por Watson, ibid.).
Do que ficou acima declarado podemos notar que o argumento cosmológico foi destacado para provar as diversas qualidades de Deus, a saber, auto-existente, eterno, todo-sabedoria, poderoso, ilimitado, auto-ativo, vital e a fonte de toda a vida. Embora estas conclusões sejam alcançadas totalmente à parte da revelação e somente pela razão, a inferência é completa. O espaço não pode ser aqui dedicado a uma discussão extensa que explique cada um destes argumentos. Isto deverá ser feito pelo aluno como leitura colateral. Uma citação de John Howe (1630-1705), um puritano inglês, servirá para apresentar alguns aspectos do argumento cosmológico e também para revelar a maneira pela qual os grandes lógicos do passado faziam seus ataques contra o ateísmo. Citando:
Nós, portanto, começamos com a existência de Deus; de cuja evidência estamos mais do que certos, primeiro, que sempre houve alguma coisa ou outra desde toda a eternidade; ou que, quando olhamos para trás, algum ser real tem de ser declarado eterno. Que aqueles que não estão acostumados a pensar em coisa alguma além daquilo que podem ver com os seus olhos, e para os quais o raciocínio parece difícil apenas porque não tentaram o que poderiam fazer, que usem seus pensamentos um pouco, e dando alguns poucos passos fáceis, logo descobrirão por si mesmos tão certamente quanto o que eles vêem, ou ouvem, ou entendem, ou são qualquer coisa.
Tendo certeza de que uma coisa existe agora (que você vê, por exemplo, ou é alguma coisa), você pode então reconhecer, que certamente alguma coisa sempre foi, e sempre existiu, ou foi desde toda a eternidade; ou, então, você pode dizer que, numa determinada época, não existia nada; ou que tudo não era uma vez. E assim, considerando que você descobriu que alguma coisa é agora, houve um tempo quando tudo começou a ser; isto é, que até aquele momento não havia nada; mas, agora, nesse momento, uma coisa começou a ser pela primeira vez. Pois o que poderia ser mais simples do que se todos os seres antes não eram, e agora existem, que todas as coisas tiveram um começo. E, daí segue que algum ser, isto é, o primeiro que já existiu, começou do nada, ou fez-se para ser quando antes não havia nada.
Mas, agora, você não percebe claramente que é totalmente impossível qualquer coisa fazer isso? isto é, que não havia nada que pudesse criar-se, ou vir a existir de si mesmo? Pois certamente fazer-se é fazer alguma coisa. Mas pode aquele que não é nada fazer alguma coisa? Para todo fazer tem de haver algum fazedor. Portanto uma coisa tem de ser antes de fazer alguma coisa; e, portanto, segue-se que ela foi antes de ser; ou foi e não foi, foi alguma coisa e nada ao mesmo tempo. Sim, e que foi diferente de si mesmo; pois uma causa tem de ser uma coisa distinta daquela que foi causada por ela. Portanto, torna-se aparente que algum ser sempre existiu ou nunca começou a existir.
De onde, prosseguindo, também é evidente, em segundo lugar, que algum ser não teve causa, ou sempre foi por si mesmo sem nenhuma causa. Pois aquele que nunca saiu de outrem nunca teve uma causa, nada podendo ser a sua própria causa. E, portanto, como parece do que foi dito, nunca veio a ser de outrem. Ou poderíamos explicitamente argumentar da seguinte maneira; ou algum ser foi sem causa, ou todos os seres tiveram causa. Mas se todos os seres tiveram causa, então pelo menos um foi a causa de si próprio; o que já provamos ser impossível. Portanto, a expressão comumente usada com referência ao primeiro ser, que ele foi de si mesmo, só pode ser aceita negativamente, que não veio de outrem; não positivamente, como se numa determinada ocasião se fizesse. Ou o que há de positivo nessa forma de fala, só deve ser assim aceito, que houve um ser dessa natureza, pois seria impossível que nunca tivesse existido; não que numa determinada ocasião saísse do não ser para ser.
E, agora, torna-se a partir daí mais evidente, em terceiro lugar, que algum ser é independente de qualquer outro, isto é, visto já parecer que algum ser nunca dependeu de qualquer outro, como uma causa produtiva, e não dependeu de qualquer outro, para poder vir a ser; torna-se, logo, igualmente evidente que ele é simplesmente independente, ou não pode depender de ninguém para continuar existindo. Pois o que nunca precisou de uma causa produtiva, da mesma forma não precisa de uma causa sustentadora ou mantenedora. E para tornar isto ainda mais claro, ou algum ser é independente, ou todo o ser é dependente. Mas não há nada fora do perímetro de todos os seres do qual ele possa depender. Portanto dizer que todos os seres dependem é dizer que ele depende do nada, isto é, que não depende. Pois depender do nada é não depender. Há, portanto, uma manifesta contradição em dizer que todos os seres dependem; contra o que não há argumentos, todos os seres dependem uns dos outros circularmente. Pois, assim, todo o círculo ou esfera de seres dependeria do nada; ou pelo menos alguém depende de si mesmo, o que sendo aceito negativamente, como antes, é a verdade, e a coisa que defendemos, esse alguém, o apoio comum de todo o restante, não depende de nada além de si mesmo.
De onde também fica explicitamente consequente, em quarto lugar, que tal Ser é necessário, ou necessariamente existe: isto é, que é de tal natureza que não poderia deixar de existir. Pelo que existe no ser, não por sua própria escolha, nem de quaisquer outros, é necessário. Mas o que não foi feito por si mesmo (o que já provamos ser impossível), nem por qualquer outro (como já ficou provado), está manifesto, que não depende de sua escolha, nem de qualquer outro. E, portanto, sua existência não se deve a nenhuma escolha, mas à necessidade de sua própria natureza. Portanto, é sempre por uma necessidade simples, absoluta e natural; sendo de uma natureza à qual é totalmente repugnante e impossível não ter sido; ou deixar de ser. E, agora, tendo chegado até aqui, e estando certos que até este ponto temos o solo firme sob os pés; isto é, tendo chegado a uma plena certeza de que há um Ser eterno, sem causa, independente e necessário e, portanto, realmente e eternamente existente; podemos avançar mais um passo.
E com igual certeza acrescentamos, em quinto lugar, que este Ser necessário é eterno, independente, sem causa, e auto-ativo; isto é (o que no presente queremos dizer), não que aja sobre si mesmo, mas que tem o poder de agir sobre as outras coisas, em e de si mesmo, sem derivar de qualquer outro. Ou pelo menos, que há um Ser que é eterno, sem causa, tendo o poder de agir em si e de si mesmo. Pois ou tal Ser que já ficou evidenciado é por si mesmo ativo ou inativo, ou tem o poder da ação de si mesmo ou não. Se aceitarmos o último, vamos considerar o que dizemos, e com que propósito o dizemos ... — Living Temple, citado por Watson, ibid., I,281-84.
Tendo apresentado a falsidade da afirmativa ateísta de que a matéria com todas as suas formas é eterna, conjectura que o ateu apresenta para apoiar a sua crença de que não há Deus, o argumentum a posteriori em sua forma cosmológica começa assim com o reconhecimento do universo como um fenômeno ou efeito que implica em uma causa, e continua indicando que essa causa é auto-existente, eterna, todo-sabedoria, poderosa, ilimitada, auto-ativa, vital e a fonte de toda a vida. Se não houvesse um Deus, de onde viria o fenômeno ou o efeito que é o universo? A que Causa Primeira todos estes atributos tão evidentes seriam atribuídos?


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Fonte:
"Teologia Sistemática", por Lewis Sperry Chafer, Volume I, Tomo I. Imprensa Batista Regular do Brasil. São Paulo, 1986.

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