A guerra da Criméia
A guerra da Criméia e o Tratado de Paris. — O Império Otomano, depois do
Tratado de Londres de 1841, onde fora assinada a Convenção dos Estreitos, que
proibia a travessia do Bósforo e dos Dardanelos por navios de guerra europeus,
não melhorou politicamente apesar de restaurado em sua antiga posição de
guardião dos Estreitos. Todas as tentativas de reformas administrativas e
sociais empreendidas pelo sultão Abdul-Medjid (1839-1861) haviam encontrado
nítida reação na ignorância .e no fanatismo religioso da população muçulmana.
Externamente,
uma forte pressão continuava sendo exercida pela Rússia junto ao sultão.
Aproveitando-se da rivalidade existente entre gregos-ortodoxos e católicos pela
posse da igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém, dos santuários de Belém e
outros lugares e monumentos sagrados, o czar - Nicolau despachou para
Constantinopla um embaixador extraordinário, o príncipe Mentchilkof, para
exigir do sultão o protetorado russo sobre todos os cristãos ortodoxos do
Império Turco.
Repelida a
proposta pelo governo turco, que estava apoiado secretamente pela Inglaterra e
pela França, temerosas do domínio russo na Europa Ocidental, deflagrou-se então
a guerra, que se desenvolveu sobretudo na península da Criméia no mar Negro.
Os russos
ocuparam a Moldávia e a Valáquia, consideradas pelo czar "um simples
prolongamento do Império Russo", havendo então a esquadra anglo-francesa
bombardeado o porto militar de Odessa e o corpo expedicionário desembarcado
para encontrar-se com as tropas russas na batalha de Alma (20 de setembro de
1858). Preparavam-se os aliados para cercar Sebastopol, importante cidade
defendida por formidável sistema de fortificações, quando os russos, desejando
impedir o cerco, atacaram em Balaklava, combate que ficou famoso pela carga
suicida da cavalaria inglesa, e também em In-kerman.
As condições
em que lutaram os aliados foram as mais duras e penosas. O cólera-morbus, o
tifo e o escorbuto assolavam continuamente as fileiras inglesas e francesas,
tendo nessa situação avultado a figura profundamente humana de Florence
Nightingale, "a dama da lâmpada", cuja atuação junto aos hospitais
mal cuidados e repletos de feridos foi "o exemplo para toda a história das
enfermeiras voluntárias de guerra".
A situação
dos russos tornou-se difícil, e logo depois fechava-se o grande cerco de Sebastopol, que conseguiu
resistir heroicamente durante trezentos e quarenta e nove dias. Finalmente, foi
tomada a Torre de Malakof (8 de setembro de 1855) e a cidade já semidestruída
pêlos bombardeios foi incendiada.
Na Rússia,
já havia um novo czar. Nicolau havia morrido cheio de confiança "nos seus
generais Janeiro e Fevereiro que congelariam as tropas inimigas". Mas,
estes também falharam, porque chegaram tarde demais. A 30 de março assinava-se
em Paris um tratado que tornava neutro o mar Negro, colocava sob controle
internacional a navegação no Danúbio, ao mesmo tempo que proclamava a
integridade do Império Otomano e garantia por outorga do sultão a igualdade dos
direitos entro as populações cristãs e muçulmanas da Turquia. Desnecessário
torna-se dizer que estas duas últimas cláusulas existiam apenas no papel e
jamais foram cumpridas.
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Fonte:
"História Geral", por: A. Souto Maior. Companhia Editora Nacional. São Paulo, 1976, págs. 361-362.
Fonte:
"História Geral", por: A. Souto Maior. Companhia Editora Nacional. São Paulo, 1976, págs. 361-362.
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