A revolução sexual
Diretamente
relacionada com o hedonismo, verificou-se a chamada revolução sexual, acerca da
qual cabe assinalar alguns aspectos principais. A educação mista se impôs
lentamente nas escolas, o que contribuiu para Transpor grande parte do abismo
entre rapazes e moças. A relativa liberdade sexual concedida tacitamente aos
homens foi conquistada também pelas moças. Agora é mais patente que nunca um
espírito de companheirismo entre jovens de ambos os sexos.
As relações
sexuais pré-matrimoniais transformaram-se em moeda corrente, não só entre os
noivos mas também entre aqueles que, simplesmente, se estimam. Numerosos livros
e publicações tem divulgado que a maioria dos casamentos fracassam devido a más
relações sexuais. Antes, os jovens punham-se à prova durante o noivado no
referente às ideias, aos sentimentos e à situação econômica e social
respectivas, mas não em matéria sexual. A liberdade sexual converteu-se assim
na alternativa de muitos jovens perante a forma de casamento tradicional dos
mais velhos.
Ora bem, a
atenção atual dada ao prazer substitui nos jovens o que nos mais velhos foi
promessa de fidelidade "eterna". Daí que o casamento seja enfrentado
com escassa fé por parte da juventude. Para isto contribui, é claro, o fato de
que as constantes mudanças da fortuna — entendida como sorte e como capital econômico
— descaracterizem o casamento como um contrato financeiro para toda a vida,
além de que as mulheres têm agora a possibilidade de ganharem seu
sustento. Portanto, proliferam
os casamentos civis com o objetivo de poderem obter o divórcio quando o
desejem; também não são raras as uniões livres, isto é, a formação de casais
não abençoados religiosamente nem legalmente registrados.
Isto no que
se refere aos aspectos institucionais do casal. Quanto aos privados, pode-se
observar uma clara diferenciação entre amor e sexualidade, antes
necessariamente ligados e apenas separados através da válvula de escape da
prostituição. Tendo em conta que o verdadeiro amor entre homem e muIher não é
frequente e, sobretudo, é passageiro, os jovens não confiam demasiado nele e
resolvem suas necessidades sexuais de maneira franca e sincera: ligando-se
exclusivamente durante o tempo que dura a atração sexual. Se disto resulta
amor, a relação se prolonga e pode chegar a perpetuar --se. Em todo caso, o
amor romântico perdeu grande parte de seu prestígio, tanto por causa da
referida fugacidade desse sentimento como pelo conhecimento de que tal gênero
de amor é um produto cultural cujas origens remontam à transição da Alta para a
Baixa Idade Média.
Finalmente,
se pode assinalar que os anticonceptivos, surgidos no momento inicial da
rebelião juvenil, colaboraram profundamente, mas não de maneira decisiva, neste
fenômeno da revolução sexual.
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Fonte:
A Contestação Juvenil (Biblioteca Salvat de Grandes Temas), por: José Maria Carandell. Tradução: Maria Ester Vaz da Silva. Salvat Editora, 1979, págs. 93-96.
Fonte:
A Contestação Juvenil (Biblioteca Salvat de Grandes Temas), por: José Maria Carandell. Tradução: Maria Ester Vaz da Silva. Salvat Editora, 1979, págs. 93-96.
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