quarta-feira, 29 de junho de 2016

A guerra da Indochina

A guerra da Indochina
A derrota da França em 1940, o estabelecimento do governo colaboracionista em Vichy (1940-1944), o apelo do general Charles de Gaulle (1890-1970) para prosseguir o combate, foram três fatores que provocaram a primeira cisão no edifício colonial francês. O Líbano e a Síria iludiram imediatamente a autoridade da metrópole e alcançaram a independência respectivamente em 1941 é 1943, em pleno conflito bélico.
Enquanto a África negra se orientava progressivamente a favor da política do general De Gaulle, os dirigentes do Norte de África optavam por permanecer fiéis ao marechal H. Philippe Pétain (1856-1951); mas, a partir de outubro de 1943, após a capitulação alemã na Tunísia, todo o império ficou debaixo da autoridade da França livre, simbolizada pela figura de De Gaulle.
A Conferência de Brazzaville (30 de Janeiro de 1944) estabeleceu as bases para uma Comunidade Francesa que englobava todos os territórios coloniais; adotaram-se algumas disposições para promover a evolução das populações indígenas, mas reafirmou-se c princípio da soberania francesa. Em Marrocos e na Tunísia, em parte influenciados pelos americanos, os nacionalistas começaram a dar sinais de vida em 1944; os manifestos do partido Al Istiqlal e da Frente Tunisina condenaram o protetorado e reclamaram a independência.
Todavia, para a França,  os problemas mais graves surgiram na Indochina; a ocupação japonesa criara uma situação propícia à resistência nacionalista, agrupada na Liga Patriótica para a Independência do Vietnã (Vietminh) desde 1941. Sob a direção de Ho Chi Minh, as forças populares aproveitaram a capitulação nipônica para proclamarem, em Hanói, a República Independente do Vietnã (2 de setembro de 1945). Pela primeira vez, o Governo de Paris encontrou-se perante o fato consumado de ter um poder nacionalista implantado em uma de suas colônias.
Apesar das pressões dos Estados Unidos, a França não se resignou. A tática empregada para recuperar o poder baseou-se no anticomunismo e na submissão do imperador Bao-Dai; após o fracasso das negociações com Ho Chi Minh em Fontainebleau (julho de 1946) foram buscar o ex-imperador ao seu retiro para presidir à formação de um "Estado vietnamita" na Cochinchina. O bombardeamento do porto de Haifong e o retorno das tropas francesas a Hanói assinalaram o começo da guerra entre a França e o Vietnã; esta terminou com a derrota francesa na célebre batalha de Dien Bien Phu e com os acordos de Genebra (julho de 1954); o país ficou dividido em dois ao longo do paralelo 17, fórmula que trazia já os germens do conflito posterior.
A guerra da Indochina não desarmou o colonialismo francês. Face às revindicações dos nacionalistas no Norte da África, o Governo pôs a circular a tese da "sosoberania". Os. distúrbios no território tunisino a partir de 1950 e as tensões marroquinas, exacerbadas pelo pró-consulado do marechal Alphonse-Henri Juin (1888-1967) combinaram-se com o desastre da Indochina para criar uma grave crise política na metrópole; esta foi resolvida com a chegada de Pierre Mendès-France ao poder executivo como primeiro liquidador do império. Quando a França reconheceu a independência da Tunísia e do Marrocos (1956), fazia mais de um ano que fora criada, na Argélia, a Frente de Libertação Nacional (FLN; 1 de novembro de 1954), que prosseguiria a luta até 1960.
Durante o mesmo período, a União Democrática Africana e o Grupo dos Independentes do Ultramar começaram a defender a emancipação dos territórios da África negra. À resposta francesa à agitação nacionalista revelou uma obstinação perigosa por parte dos governos da IV República, uma vez esgotada a experiência inteligente de Mendès-France. A Lei das Bases (23 de junho de 1956), se bem que criando assembleias territoriais, eleitas e dotadas de poderes deliberativos, manteve o princípio da República "una e indivisível". Esta política colonial acabaria por provocar uma mudança no regime; ele veio com o general De Gaulle (junho de 1958) e a Proclamação da V República.


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Fonte:
Colonialismo e Neocolonialismo. (Biblioteca Salvat de Grandes Temas), por: Mateo Madridejos. Tradução: Felipe Rosas e Irineu Garcia. Salvat Editora, 1979, págs.  99-102.

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