A nova fisionomia do século XIX
A partir da
segunda metade do século XIX, o ambiente sociocultural europeu apresenta
significativas mudanças. A civilização burguesa, industrial e mecânica, começa
a se firmar; as ideias de liberalismo e democracia ganham dimensões cada vez
maiores; as ciências naturais desenvolvem-se e os métodos de experimentação e
observação da realidade passam a ser encarados como os únicos capazes de
explicar racionalmente o mundo físico.
No Brasil,
os primeiros sintomas de agitação cultural verificam-se na década de 1870,
sobretudo nas academias de Recife, São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, que
constituíam centros de pensamento e de ação por seus contatos frequentes com as
grandes cidades europeias.
No aspecto
social, ocorriam no Brasil grandes transformações, pois com o desenvolvimento
das cidades surgiu uma significativa população urbana, marcada por
desigualdades econômicas que provocaram o aparecimento de uma pequena massa
proletária.
A nova literatura
A segunda
metade do século XIX presenciou, na verdade, o surgimento de três tendências
literárias: o Realismo, na prosa, e o Parnasianismo e o Simbolismo, na poesia.
O Realismo
teve início na França, em 1857, quando o escritor Gustave Flaubert publicou o
romance Madame Bovary; no Brasil, seu
início é assinalado pela publicação dos romances Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O Mulato, de Aluísio Azevedo, em 1881.
Constituindo
uma oposição ao idealismo romântico, o Realismo propõe uma representação mais
objetiva e fiel da vida humana. O romance não í mais visto como distração e sim
como meio de combate e de crítica às instituições sociais decadentes. Enquanto
o Romantismo exalta os valores burgueses, o Realismo os analisa com impiedosa
visão crítica, denunciando a hipocrisia e corrupção da classe burguesa,
focalizando principalmente suas duas instituições básicas: o casamento e a
Igreja.
Influenciados
pelos métodos experimentais postos em voga pelas ciências naturais, os
escritores realistas procuram ser objetivos e impessoais, evitando qualquer
manifestação de envolvimento sentimental com os fatos narrados. A linguagem
narrativa passa a ser mais minuciosa, com os autores procurando criar a
impressão de realidade por meio do acúmulo de detalhes, como você pôde observar
pela leitura do texto de O cortiço.
No Brasil, a
literatura realista encontrou boa expressão nas obras dos seguintes autores:
Machado de Assis, Raul Pompéia, Aluísio Azevedo, Adolfo Caminha, Domingos
Olímpio, Manuel de Oliveira Paiva e Inglês de Sousa.
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Fonte:
Estudos de Língua e Literatura, Volume 2, por: Douglas Tufano. Editora Moderna, 3ª Edição. São Paulo, 1986, pág. 101.
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