A ideologia do mercantilismo
A ideologia
mercantil e burguesa, patrocinada pelo Absolutismo, se empenhava pelo aumento
da população (o que significava mais braços para o trabalho), pela posse de
metais preciosos (que passavam a dar a medida da riqueza, até então
representada pela terra) e pela intervenção direta do monarca na economia
social (como forma de coroar seu poder e proteger as iniciativas comerciais e
burguesas contra aquela parte da aristocracia que ainda teimava em manter seus
antigos privilégios, acumulados durante séculos de economia feudal). Somada a isso,
a queda do Império Bizantino acabou deslocando o eixo cultural do Oriente para
o Ocidente: fugindo dos turcos, homens de arte e ciência emigravam para Roma e
Florença, onde passavam a ensinar a filosofia, a língua e a poesia da Grécia
antiga.
Dinheiro e cultura
Acumulado
pelo comércio, o capital mercantil pôde promover o embelezamento das cidades, o
progresso das universidades e das escolas de arquitetura, música, pintura.
Grandes viagens se tornaram rotina, e com elas foi possível conhecer o mundo e
trocar informações. As cidades italianas (como acontecera com Atenas, na
Antiguidade) recebiam curiosos de todas as partes.
O
mercantilismo, favorecido pelos novos conhecimentos náuticos e geográficos,
estimulou, por sua vez, o desenvolvimento de tecnologias para melhor dominar os
mares c persuadir os povos ao comércio dentro e fora do Mediterrâneo.
Era o
florescer de um otimismo singular, resultado do antropocentrismo, visão de
mundo segundo a qual o homem, com todos os seus novos ideais, ocupa o centro do
universo.
O caráter
aventureiro e empreendedor das monarquias vai oferecer aos artistas uma
dimensão mais ampla de temas e possibilidades de criação mais livre e mais
audaciosa, numa total revogação dos horizontes medievais. Podemos perceber a
força desses novos elementos no clima e na temática de Os lusíadas, onde se
canta a glória de um povo que sai de seus limites geográficos para se apoderar
de boa parte das terras do mundo.
---
Fonte:
Roteiro de Leitura: Sonetos de Luís Vaz de Camões, por: Antônio Medina Rodrigues. Editora Ática. São Paulo, 1998, págs. 16-17.
Fonte:
Roteiro de Leitura: Sonetos de Luís Vaz de Camões, por: Antônio Medina Rodrigues. Editora Ática. São Paulo, 1998, págs. 16-17.
Nenhum comentário:
Postar um comentário