Antroponímia brasileira
Os
Antropônimos estão documentados e registrados em todas as raças e línguas,
fazendo parte da cultura de todos os povos desde as eras mais primitivas.
Apelidos ou
nomes foi a forma encontrada pelos seres humanos para distinguir as pessoas da
família e da comunidade, facilitando assim, a identificação de cada um de seus
membros.
Inicialmente,
apenas um nome era suficiente para a identificação, mas com o crescimento das
famílias e a população das comunidades, alguns nomes começaram a se popularizar
e a serem também usados por descendentes de outras famílias, gerando assim
dificuldades na distinção de cada pessoa. Houve então, a necessidade da criação
de um segundo nome que acrescentado ao primeiro identificasse melhor as
pessoas.
Esse segundo
nome foi surgindo naturalmente aliado a peculiaridades referente a pessoa, e
esta, fosse identificada facilmente: João Oliveira = João, que planta, cuida ou
vende olivas; Paulo Ferreira = Paulo, o ferreiro ou aquele que trabalha com
ferro; José Serra = José, o que mora na serra ou no alto da montanha; Pedro
Carneiro = Pedro, o que cria carneiros; Antônio Lago = Antônio, o que pesca ou
mora próximo a um rio ou lago; Sérgio Fortes = Sérgio, o forte, musculoso, de
aparência forte; Luiz Guimarães = Luiz, nascido ou procedente da cidade de
Guimarães; Cláudio Branco = Cláudio, o de cor bem clara, branca. Assim desta
forma simples de "apelidos", foram surgindo nomes que seriam adotados
como sobrenomes, simplificando a identificação dos indivíduos e das famílias
dentro das comunidades.
iVa formação
dos Antropônimos brasileiros houve a influência de vários povos e idiomas. O
Português, o Espanhol, o Italiano, o Alemão, o Hebraico, o Árabe, o Inglês, o
Francês, o Latim, o Anglo Sapcão e outros com menor participação, como o dos
indígenas que aqui habitavam, por exemplo.
No início da
colonização do Brasil, somente foram implantadas Cartórios de Registros Civis
nas principais cidades onde residiam a maioria dos fidalgos, ficou, então, para
os Padres da Igreja Católica, principalmente os Jesuítas que catequizavam pelo
interior, estabelecer através dos casamentos e balizados, os nomes e
sobrenomes. Porém, somente as crianças com os nomes de origem Bíblica, Santos
ou usados pelos fidalgos eram aceitos para balizar, enquanto os de procedência
indígena ou negra (afro) eram aconselhados a trocar por um desses nomes mais
conhecidos dentro das classes dominantes.
Deve-se
reconhecer entretanto, que foi muito proveitosa a colaboração cultural da
Igreja na formação dos Antropônimos no início da colonização do Brasil. Apesar
de algumas censuras a nomes indígenas e negros (afros), como também, saber que
se não existisse os livros de registros de balizados e casamentos da Igreja
Católica, muitos nomes e sobrenomes de famílias que aqui habitavam teriam
desaparecido no tempo e da história, já que os governantes da época não tinham
nenhum interesse em saber nomes e sobrenomes, onde, e como viviam as famílias,
que habitavam o país. Aliás, como é hoje, apesar dos 500 anos de história ainda
não possuirmos uma Legislação que determine e especifique os critérios que
Cartórios devam adotar para fazer os Registros Civis de nascimento ou
casamento.
A única Lei
existente é a de n- 6015/73, da qual reproduzimos os artigos mais específicos:
Art. 55 — § único
Os oficiais do Registro Civil não
registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores.
Quando os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por
escrito o caso, independente da cobrança de quaisquer emolumentos, a decisão do
Juiz competente.
Art. 56
O interessado, no primeiro ano após ter
atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante,
alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos da família, averbando-se a
alteração que será publicada pela imprensa.
Art. 58 — § único
Quando, entretanto, for evidente o erro
gráfico de prenome, admite-se a retificação, bem como a mudança mediante sentença
do Juiz, a requerimento do interessado no caso do Art. 55 — § único, se o
oficial não houver impugnado.
O Art. 55, apenas dá poderes aos Oficiais e Juízes
decidir sobre nomes que exponham ao ridículo o seu portador, e o Art. 58,
refere-se a erros gráficos. Entretanto não distingue ou especifica critérios
como também não estabelece regras ou uso de letras na composição de nomes ou
sobrenomes das novas famílias e cidadãos. Delegando este "poder" a
oficiais dos Cartórios, as vezes pouco esclarecidos sobre Antropônimos, influir
e até decidir sobre nomes e sobrenomes de muitas famílias, criando dificuldades
sobre nomes que desejam ser registrados com as letras K, W e Y ou TH, não
obedecendo o "Direito Consuetudinário" de qualquer cidadão.
Esquecendo-se que Antropônimos não são traduzíveis, apenas adaptados ou
aportuguesados para o nosso idioma. Isto é um direito da família decidir quais
as letras que comporão o nome de seus filhos, desde que esses nomes não venham
a infringir o Art. 55 da Lei nº 1 6015/73.
Evidentemente
que durante quase 500 anos muitos erros ortográficos e gráficos foram cometidos
por quem foi oficializar o nome ou por quem registrou: Bibiano ou Bibiana que
devido a pronúncia do imigrante português, surgiu Viviano e Viviana; do erro de
escrita no nome Ewaldo, nasceu Euvaldo; Alzira, que passou também a ser Elzira;
Eurides, que é Orides; e muitos outros que poderão ser comprovados no étimo de
nomes constantes neste livro.
Todavia
esses erros cometidos ingenuamente por Padres e Oficiais de Cartórios Registro
Civil muito colaboraram para o enriquecimento do nosso vocabulário de
Até o século
passado predominaram os Antônios, Joãos, Josés, Anas, Paulos, Pedros,
Terezinhas, Franciscos e alguns outros por serem de Santos de Igreja. Moisés, Abrão,
Samuel, Sara, Salomão, Adão, Eva, etc., por serem nomes Bíblicos. Os Joaquins e
Manuéis que eram muito populares um Portugal e essa popularidade veio junto com
a colonização.
Com as
imigrações dos Germânicos, Anglo sabões, Espanhóis, Italianos que aqui foram
chegando, começou também, a se diversificar os Antropônimos Brasileiros.
Se até
então, era predominante os Antônio, Josés, Marias..., a partir daí começaram a
surgir Adalbertos, Arietes, Cláudios, Clóvis, Ewaldos, Giovanis, Gertrudes,
Guilhermes, Robertos, Ronaldos, Walters, Wilsons..., acrescentando assim, uma
valiosa colaboração para enriquecimento dos Antropônimos Brasileiros.
Não se pode
esquecer a grande colaboração de José de Alencar, Anchieta, Lemos Barbosa,
Gonçalves Dias, Taunay, Teodoro Sampaio e outros escritores que através de suas
obras que fazem parte do patrimônio literário da nossa cultura, conseguiram
integrar e popularizar vários nomes indígenas, como: Guaraci, Iracema, Juçara, Juracy,
Jurandir, Moacir, Ubiratã, Yara e muitos outros, dentro dos costumes de
Antropônimos predominantemente das raças brancas.
A
participação do povo também foi importante dentro desta conjuntura. Da
criatividade popular nasceram: Josmari = justaposição de José e Maria;
Lucineide — Lúcio e Neide; Genivaldo = Geni e Osvaldo...
O étimo dos
Antropônimos exerceram e exercem pouca influência quando da escolha de novos
nomes. A Bíblia, a Igreja, a Música, a Política, a Literatura, a TV, tiveram e
tem maior influxo que os significados Etimológicos na popularização dos nomes
de pessoas.
Os nomes dos
Apóstolos e dos Santos se popularizaram em todas as camadas sociais sem
considerar os significados Etimológicos. Também nomes como: Adolfo, Afonso,
Amélia, Benjamim, Carmem, Carlos, Carol, César, Cláudio, Dante, Elizabeth,
Franklin, Getúlio, Guilherme, Henrique, Iracy, Iracema, Jânio, Joana, Julieta,
Juracy, Jurandir, Luiz, Marcos, Marina, Miguel, Roberto, Robson, Romeu,
Salomão, Víctor, Vladimir, Washington, Yara e tantos outros se tornaram
populares por se-mn nome de uma pessoa que tornou-se admirada por suas
qualidades de Político, Governante, Herói histórico ou Mitológico, Personagem
de um Romance ou Novela, Nome de Música ou Artista, ou ainda para homenagear a
pessoas amigas ou da família, e não pelo sentido Étimo.
A escolha de
um nome começa quando é anunciada e confirmada a gravidez. A partir daí se
inicia uma longa peregrinação de A a Z por livros e revistas para escolher um
nome que seja forte, bonito, simpático e admirado. Sugestões de familiares e
amigos também são aceitas, e normalmente é elaborada uma grande lista. Mas, na
verdade,, quem vai decidir são os pais, só eles é que darão a palavra final.
Se ao
escolher nome para um filho os pais consultassem um Dicionário Étimo de Antropônimos, provavelmente nomes como: Paulo, Pedro,
Cláudio e outros não seriam tão populares, as preferências cairiam para os
Carlos, Apolo, Gumercindo, Humberto, Justo, Reinaldo, etc.
Entretanto,
muitas vezes são esquecidos detalhes importantes nesta escolha. É preciso
lembrar que em primeiro lugar que o nome escolhido não é marca ou propriedade
sua e sim um nome que identificará alguém por toda uma vida, e em segundo o sobrenome
que também o acompanhará. Como o sobrenome paterno é tradicionalmente legado de
família e usado por todos os descendentes, procure incluir o e materno ao fazer
o registro dos filhos, principalmente quando o sobrenome paterno for comum,
talvez, assim possa reduzir alguns constrangimentos, para aquele que chega para
honrar a família. A multiplicação de alguns sobrenomes tem gerado muitos
problemas para quem as possui, principalmente para quem tem o primeiro nome ou prenome
comum como: Antônio, José, Maria, Ana, Luiz, Paulo, Pedro, Carlos, Cláudio,
Osvaldo, entre outros e um sobrenome de Silva, Souza, Soares, Pereira,
Oliveira, Dias, Santos, Andrade, Teixeira, Carvalho, etc. Com certeza terá
algum problema quando for abrir um crediário, solicitar uma ficha cadastral em
um Banco ou precisar de um atestado judicial. Os homônimos são uma constante
nos grandes centros urbanos, e ter um nome e sobrenome popular vai enfrentar
dificuldades por toda a vida, sempre tendo que provar que não é aquele que
pensam que é.
Neste livro
foram incluídos mais de 5.000 nomes que estão selecionados em MASCULINOS,
FEMININOS e INDÍGENAS para facilitar a sua escolha e na última parte os
significados dos ANTROPÔNIMOS mais usados no Brasil.
Fonte:
Dicionário de Nomes Próprios, por: Salvato Claudino. Edição própria, s/d, págs. 7-10.
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