domingo, 26 de junho de 2016

Antroponímia brasileira

Antroponímia brasileira
Os Antropônimos estão documentados e registrados em todas as raças e línguas, fazendo parte da cultura de todos os povos desde as eras mais primitivas.
Apelidos ou nomes foi a forma encontrada pelos seres humanos para distinguir as pessoas da família e da comunidade, facilitando assim, a identificação de cada um de seus membros.
Inicialmente, apenas um nome era suficiente para a identificação, mas com o crescimento das famílias e a população das comunidades, alguns nomes começaram a se popularizar e a serem também usados por descendentes de outras famílias, gerando assim dificuldades na distinção de cada pessoa. Houve então, a necessidade da criação de um segundo nome que acrescentado ao primeiro identificasse melhor as pessoas.
Esse segundo nome foi surgindo naturalmente aliado a peculiaridades referente a pessoa, e esta, fosse identificada facilmente: João Oliveira = João, que planta, cuida ou vende olivas; Paulo Ferreira = Paulo, o ferreiro ou aquele que trabalha com ferro; José Serra = José, o que mora na serra ou no alto da montanha; Pedro Carneiro = Pedro, o que cria carneiros; Antônio Lago = Antônio, o que pesca ou mora próximo a um rio ou lago; Sérgio Fortes = Sérgio, o forte, musculoso, de aparência forte; Luiz Guimarães = Luiz, nascido ou procedente da cidade de Guimarães; Cláudio Branco = Cláudio, o de cor bem clara, branca. Assim desta forma simples de "apelidos", foram surgindo nomes que seriam adotados como sobrenomes, simplificando a identificação dos indivíduos e das famílias dentro das comunidades.
iVa formação dos Antropônimos brasileiros houve a influência de vários povos e idiomas. O Português, o Espanhol, o Italiano, o Alemão, o Hebraico, o Árabe, o Inglês, o Francês, o Latim, o Anglo Sapcão e outros com menor participação, como o dos indígenas que aqui habitavam, por exemplo.
No início da colonização do Brasil, somente foram implantadas Cartórios de Registros Civis nas principais cidades onde residiam a maioria dos fidalgos, ficou, então, para os Padres da Igreja Católica, principalmente os Jesuítas que catequizavam pelo interior, estabelecer através dos casamentos e balizados, os nomes e sobrenomes. Porém, somente as crianças com os nomes de origem Bíblica, Santos ou usados pelos fidalgos eram aceitos para balizar, enquanto os de procedência indígena ou negra (afro) eram aconselhados a trocar por um desses nomes mais conhecidos dentro das classes dominantes.
Deve-se reconhecer entretanto, que foi muito proveitosa a colaboração cultural da Igreja na formação dos Antropônimos no início da colonização do Brasil. Apesar de algumas censuras a nomes indígenas e negros (afros), como também, saber que se não existisse os livros de registros de balizados e casamentos da Igreja Católica, muitos nomes e sobrenomes de famílias que aqui habitavam teriam desaparecido no tempo e da história, já que os governantes da época não tinham nenhum interesse em saber nomes e sobrenomes, onde, e como viviam as famílias, que habitavam o país. Aliás, como é hoje, apesar dos 500 anos de história ainda não possuirmos uma Legislação que determine e especifique os critérios que Cartórios devam adotar para fazer os Registros Civis de nascimento ou casamento.
A única Lei existente é a de n- 6015/73, da qual reproduzimos os artigos mais específicos:
Art. 55 —  § único
Os oficiais do Registro Civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. Quando os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso, independente da cobrança de quaisquer emolumentos, a decisão do Juiz competente.
Art. 56
O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos da família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa.
Art. 58 — § único
Quando, entretanto, for evidente o erro gráfico de prenome, admite-se a retificação, bem como a mudança mediante sentença do Juiz, a requerimento do interessado no caso do Art. 55 — § único, se o oficial não houver impugnado.
O Art. 55, apenas dá poderes aos Oficiais e Juízes decidir sobre nomes que exponham ao ridículo o seu portador, e o Art. 58, refere-se a erros gráficos. Entretanto não distingue ou especifica critérios como também não estabelece regras ou uso de letras na composição de nomes ou sobrenomes das novas famílias e cidadãos. Delegando este "poder" a oficiais dos Cartórios, as vezes pouco esclarecidos sobre Antropônimos, influir e até decidir sobre nomes e sobrenomes de muitas famílias, criando dificuldades sobre nomes que desejam ser registrados com as letras K, W e Y ou TH, não obedecendo o "Direito Consuetudinário" de qualquer cidadão. Esquecendo-se que Antropônimos não são traduzíveis, apenas adaptados ou aportuguesados para o nosso idioma. Isto é um direito da família decidir quais as letras que comporão o nome de seus filhos, desde que esses nomes não venham a infringir o Art. 55 da Lei nº 1 6015/73.
Evidentemente que durante quase 500 anos muitos erros ortográficos e gráficos foram cometidos por quem foi oficializar o nome ou por quem registrou: Bibiano ou Bibiana que devido a pronúncia do imigrante português, surgiu Viviano e Viviana; do erro de escrita no nome Ewaldo, nasceu Euvaldo; Alzira, que passou também a ser Elzira; Eurides, que é Orides; e muitos outros que poderão ser comprovados no étimo de nomes constantes neste livro.
Todavia esses erros cometidos ingenuamente por Padres e Oficiais de Cartórios Registro Civil muito colaboraram para o enriquecimento do nosso vocabulário de
Até o século passado predominaram os Antônios, Joãos, Josés, Anas, Paulos, Pedros, Terezinhas, Franciscos e alguns outros por serem de Santos de Igreja. Moisés, Abrão, Samuel, Sara, Salomão, Adão, Eva, etc., por serem nomes Bíblicos. Os Joaquins e Manuéis que eram muito populares um Portugal e essa popularidade veio junto com a colonização.
Com as imigrações dos Germânicos, Anglo sabões, Espanhóis, Italianos que aqui foram chegando, começou também, a se diversificar os Antropônimos Brasileiros.
Se até então, era predominante os Antônio, Josés, Marias..., a partir daí começaram a surgir Adalbertos, Arietes, Cláudios, Clóvis, Ewaldos, Giovanis, Gertrudes, Guilhermes, Robertos, Ronaldos, Walters, Wilsons..., acrescentando assim, uma valiosa colaboração para enriquecimento dos Antropônimos Brasileiros.
Não se pode esquecer a grande colaboração de José de Alencar, Anchieta, Lemos Barbosa, Gonçalves Dias, Taunay, Teodoro Sampaio e outros escritores que através de suas obras que fazem parte do patrimônio literário da nossa cultura, conseguiram integrar e popularizar vários nomes indígenas, como: Guaraci, Iracema, Juçara, Juracy, Jurandir, Moacir, Ubiratã, Yara e muitos outros, dentro dos costumes de Antropônimos predominantemente das raças brancas.
A participação do povo também foi importante dentro desta conjuntura. Da criatividade popular nasceram: Josmari = justaposição de José e Maria; Lucineide — Lúcio e Neide; Genivaldo = Geni e Osvaldo...
O étimo dos Antropônimos exerceram e exercem pouca influência quando da escolha de novos nomes. A Bíblia, a Igreja, a Música, a Política, a Literatura, a TV, tiveram e tem maior influxo que os significados Etimológicos na popularização dos nomes de pessoas.
Os nomes dos Apóstolos e dos Santos se popularizaram em todas as camadas sociais sem considerar os significados Etimológicos. Também nomes como: Adolfo, Afonso, Amélia, Benjamim, Carmem, Carlos, Carol, César, Cláudio, Dante, Elizabeth, Franklin, Getúlio, Guilherme, Henrique, Iracy, Iracema, Jânio, Joana, Julieta, Juracy, Jurandir, Luiz, Marcos, Marina, Miguel, Roberto, Robson, Romeu, Salomão, Víctor, Vladimir, Washington, Yara e tantos outros se tornaram populares por se-mn nome de uma pessoa que tornou-se admirada por suas qualidades de Político, Governante, Herói histórico ou Mitológico, Personagem de um Romance ou Novela, Nome de Música ou Artista, ou ainda para homenagear a pessoas amigas ou da família, e não pelo sentido Étimo.
A escolha de um nome começa quando é anunciada e confirmada a gravidez. A partir daí se inicia uma longa peregrinação de A a Z por livros e revistas para escolher um nome que seja forte, bonito, simpático e admirado. Sugestões de familiares e amigos também são aceitas, e normalmente é elaborada uma grande lista. Mas, na verdade,, quem vai decidir são os pais, só eles é que darão a palavra final.
Se ao escolher nome para um filho os pais consultassem um Dicionário Étimo de Antropônimos, provavelmente nomes como: Paulo, Pedro, Cláudio e outros não seriam tão populares, as preferências cairiam para os Carlos, Apolo, Gumercindo, Humberto, Justo, Reinaldo, etc.
Entretanto, muitas vezes são esquecidos detalhes importantes nesta escolha. É preciso lembrar que em primeiro lugar que o nome escolhido não é marca ou propriedade sua e sim um nome que identificará alguém por toda uma vida, e em segundo o sobrenome que também o acompanhará. Como o sobrenome paterno é tradicionalmente legado de família e usado por todos os descendentes, procure incluir o e materno ao fazer o registro dos filhos, principalmente quando o sobrenome paterno for comum, talvez, assim possa reduzir alguns constrangimentos, para aquele que chega para honrar a família. A multiplicação de alguns sobrenomes tem gerado muitos problemas para quem as possui, principalmente para quem tem o primeiro nome ou prenome comum como: Antônio, José, Maria, Ana, Luiz, Paulo, Pedro, Carlos, Cláudio, Osvaldo, entre outros e um sobrenome de Silva, Souza, Soares, Pereira, Oliveira, Dias, Santos, Andrade, Teixeira, Carvalho, etc. Com certeza terá algum problema quando for abrir um crediário, solicitar uma ficha cadastral em um Banco ou precisar de um atestado judicial. Os homônimos são uma constante nos grandes centros urbanos, e ter um nome e sobrenome popular vai enfrentar dificuldades por toda a vida, sempre tendo que provar que não é aquele que pensam que é.
Neste livro foram incluídos mais de 5.000 nomes que estão selecionados em MASCULINOS, FEMININOS e INDÍGENAS para facilitar a sua escolha e na última parte os significados dos ANTROPÔNIMOS mais usados no Brasil.
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Fonte:
Dicionário de Nomes Próprios, por: Salvato Claudino. Edição própria, s/d, págs. 7-10.

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