Nomes próprios: sua ortografia
Os nomes próprios estão
sujeitos às mesmas regras estabelecidas para os nomes comuns. Assim, pessoas
que tenham no registro civil o nome de forma estranha às normas atuais do
idioma, poderão mante-lo como ali se encontra, mas também lhes cabe o direito
de atualizá-lo, atendendo às normas vigentes de ortografia.
Se, portanto, uma pessoa
tem o nome no registro civil grafado Raphael de Souza, pode mante-lo
assim até a morte ou atualizá-lo para Rafael de Sousa, segundo a
ortografia moderna. O diabo é que ninguém aceita a ideia de ter mudada a grafia
do seu nome constante no registro civil. Daí a confusão que ora reina nessa
área. Um exemplo disso está aqui mesmo: Luiz Antônio Sacconi, que não
conheceu, não conhece, nem quer conhecer Luís Antônio Sacôni nenhum...
Uma vez desaparecida do
nosso meio, contudo, a pessoa tem automaticamente o nome grafado segundo a
ortografia em vigor. Destarte, Raphael de Souza, uma vez morto, tem seu
nome grafado obrigatoriamente Rafael de Sousa, assim como Philomeno
Athayde passa a ser, post mortem, o atual Filomeno Ataíde, etc.
Quando ainda tínhamos a
felicidade de ter em nosso convívio o poeta Vinícius de Morais, todos a
ele nos referíamos respeitando a grafia original do seu nome: Vinicius (sem
acento) de Moraes (com e). Dia desses, vimos o imortal António Carlos
Jobim, o extraordinário Tom Joboim, voltar-se contra a grafia Morais, em
referência ao poeta. A língua :em seus caprichos e, naturalmente, suas
indelicadezas.
Quanto aos nomes e
sobrenomes ou apelidos estrangeiros, convém respeitar a grafia original, em
vista da enorme distância gráfica muitas vezes existente entre eles e as formas
aportuguesadas. De fato, desejar aportuguesar, por exemplo, Kubitschek,
Drummond, Taunay, Broadway, Behring, Wernech, Beethoven, Hollywood, Schneider, não
me parerce de bom-senso, já que se trata de marcas gráfico-visuais-imutáveis, a
que devemos obedecer, portanto.
O caro leitor estaria
disposto a tolerar um Cubicheque, um Dru-moni, um Tone, um Bródoei, um
Bérim, um Verneque, um Bitovem, um Holiúde, um Chináider? Se
estiver, use-os! Use-os e verá...
---
Fonte:
Não Erre Mais!, por Luiz Antônio Sacconi. Editora Atual, 24ª Edição. São Paulo, 1998, pág. 1.
Fonte:
Não Erre Mais!, por Luiz Antônio Sacconi. Editora Atual, 24ª Edição. São Paulo, 1998, pág. 1.
Nenhum comentário:
Postar um comentário