A relação de Newton com Deus
Independente
da fama de ser uma pessoa extremamente difícil, Newton reconhecia humildemente
suas limitações humanas. Ele sempre admitiu que Deus é a Fonte de toda a
verdade e em harmonia com a profunda reverência que tinha por seu Criador,
passou mais tempo buscando o verdadeiro Deus do que pesquisando verdades
científicas. Numa análise de sua obra, foi verificado que dentre 3.600.000
palavras, apenas 1.000.000 tratavam das ciências, ao passo que umas 1.400.000
eram sobre tópicos religiosos.
Entre seus
escritos, destaca-se a atenção dada à doutrina da trindade. Uma de suas mais
notáveis contribuições para a erudição bíblica foi "Um Relato Histórico
Sobre Duas Notáveis Corrupções de Escritura". Na obra publicada em 1754,
vinte e sete anos após a sua morte, ele reexaminou toda a evidência textual
disponível, de fontes antigas, sobre duas passagens bíblicas: I João 5:7
("Porque há três que dão testemunho no céu, o Pai, a Palavra e o espírito
Santo: e estes três são um") e I Timóteo 3:16 ("E, sem contradição, é
grande o mistério da piedade: Deus foi manifestado na carne, justificado no
espírito, visto por anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido em
cima, em glória").
Recorrendo
aos primitivos escritores eclesiásticos, aos manuscritos gregos e latinos e ao
testemunho das primeiras versões da Bíblia, Newton provou que as palavras
"no céu, o Pai, a Palavra e o Espírito Santo: e estes três são um",
citados de acordo com a doutrina da trindade, não aparecem nas originais
Escrituras Gregas. A partir da constatação, ele traçou o caminho pelo qual o
texto espúrio se introduziu nas versões latinas: primeiro como nota marginal e
depois no próprio texto, para mostrar que ele foi incluído pela primeira vez
num texto grego de 1515, pelo Cardeal Ximenes, que tomou como base o manuscrito
grego posterior, corrigido-o segundo o latim. Por fim, considerou o senso e o
contexto do versículo, chegando à conclusão: "Este é o sentido claro e
natural, e o pleno e forte argumento; mas, se inserir o testemunho 'dos Três no
Céu', então o interrompe e corrompe".
Em seguida,
tomando Timóteo como base, além de mostrar como, por uma pequena alteração do
texto grego, se inseriu a palavra "Deus", fazendo a frase rezar:
"Deus foi manifestado na carne", demonstrou que os primitivos
escritores eclesiásticos, referindo-se a este versículo, não sabiam nada sobre
tal alteração.
Até a poucos
anos, esse texto era citado para apoiar o ensino da trindade, mas a maioria das
versões modernas coloca agora "Ele", em vez de "Deus"; na
versão católica da Bíblia de Jerusalém no pé da página, foi acrescentado:
"No masculino: Cristo."
Resumindo as
duas passagens, Newton disse: "Se as antigas igrejas, ao debaterem e
decidirem os maiores mistérios da religião, não sabiam nada sobre estes dois
textos, não entendo por que nós devíamos agora gostar tanto deles, já que os
debates acabaram".
Nos duzentos
anos que se seguiram ao tratado que foi redigido por Isaac Newton, foi
necessário apenas fazer algumas poucas correções menores na evidência que ele
aduziu. Contudo, foi apenas no século dezenove que apareceram traduções da
Bíblia, que corrigiram estas passagens.
Na
Inglaterra, enquanto Newton redigia seu tratado, aqueles que escreviam contra a
doutrina da trindade ainda estavam sujeitas às perseguições. Em 1698, de acordo
com o Ato da Supressão de Blasfêmia e Profanação era uma ofensa negar que uma
das pessoas da trindade era Deus. Quem o fizesse, era punido com a perda do
cargo, emprego e lucro, na primeira incidência, e na repetição, com o encarceramento.
Um ano antes da promulgação do ato, em 1697, Thomas Aikenhead, um estudante de
dezoito anos de idade, acusado de negar a trindade, foi enforcado em Edimburgo,
na Escócia. Em 1711, William Whiston (tradutor inglês das obras de Josefo),
amigo pessoal de Newton perdeu seu professorado na Universidade de Cambridge,
pelo mesmo motivo.
Newton, no
entanto, enveredou por esse caminho por causa dos estudos científicos, que
tinham como base o 'Livro da Natureza' e no qual, o cientista viu em Deus o
grande Autor. O cientista acreditava que a Bíblia era a Revelação de Deus e o
testemunho de sua criação, então, passou a usá-la para testar ensinos e
doutrinas.
Considerando
os credos da Igreja, com base no oitavo dos trinta e nove artigos que tratavam
de símbolos niceno, atanasiano e apostólico, Newton disse: "Ela não exige
que os aceitemos à base da autoridade de Concílios Gerais, e muito menos ainda
à base da autoridade de Conclaves, mas apenas porque são tirados das
Escrituras. E, portanto, estamos autorizados pela Igreja a compará-los com as
Escrituras e a ver como e em que sentido podem ser deduzidos delas? E quando
não podemos ver a Dedução, não devemos estribar-nos na Autoridade de Concílios
e Sínodos."
Sua conclusão
foi ainda mais enfática: "Até mesmo Concílios Gerais erraram e podem errar
em questões de fé, e o que eles decretam como necessário para a salvação não
tem nenhuma força ou autoridade, a menos que possa ser demonstrado que foi
tirado da Escritura Sagrada."
Rejeição a Trindade
O motivo
principal para Newton rejeitar a trindade era que, quando procurava verificar
as declarações dos credos e dos concílios, não encontrava nenhum apoio da
Escritura para a doutrina. Posando esta evidência, ele acreditava firmemente
que se devia usar o raciocínio, argumentando que nada do que foi criado por
Deus foi leito sem objetivo nem motivo e que os ensinos bíblicos seriam
corroborados pela aplicação similar da lógica e da razão. Ainda só referindo
aos escritos do apóstolo João, Newton disse: "Eu lho dou a honra de crer
que ele escreveu com bom senso; e, portanto, acredito que seja o sentido dele,
que é o melhor."
Já o segundo
motivo da rejeição era o ensino da trindade, sobre o qual Newton declarou:
"Homoousion [a doutrina pela
qual o Filho é da mesma substância que o Pai] é ininteligível. Não foi
entendido no Concílio de Nicéia, nem desde então. O que não pode ser entendido,
não é objeto de crença"
Tratando
deste mesmo aspecto da trindade, há um manuscrito de Newton, intitulado "Perguntas Sobre a Palavra Homoousios",
no qual, ele revela um terceiro motivo para a sua negação da trindade. Entre as
perguntas, as de doze a quatorze, salientam que a doutrina carece de
característica original desde o primeiro século:
Pergunta 12 - Se a opinião da igualdade
das três substâncias não foi lançada pela primeira vez no reinado de Juliano, o
Apóstata por Atanásio, Hilário, etc.?
Pergunta 13 - Se a adoração do espírito
Santo não foi lançada pela primeira vez só depois do Concílio de Sárdica?
Pergunta 14 - Se o Concílio de Sárdica
não foi o primeiro Concílio a se declarar a favor da doutrina da trindade
Consubstanciai?
Em outro
manuscrito, preservado atualmente em Jerusalém, Newton resumia em uma única
resposta as três perguntas: "Fomos mandados pelo Apóstolo (II Timóteo
1:13) a nos apegar à forma de palavras sadias. Contender a favor duma linguagem
que não foi transmitida dos Profetas e Apóstolos é uma violação desta ordem e
aqueles que a violam são também culpados pelas perturbações e pelos cismas
assim causados. Não basta dizer que um artigo de fé pode ser deduzido da
escritura. Ele precisa ser expresso na própria forma de palavras sadias em que
foi transmitido pelos Apóstolos".
De acordo
com a base das Escrituras, a razão e o ensino autêntico do primitivo cristianismo,
Newton verificou que não podia aceitar a doutrina da trindade. Ele cria
fortemente na suprema soberania de Deus e na posição de Jesus Cristo, sem
rebaixá-lo a Filho de Deus, nem o sublimando à posição ocupada pelo Pai.
Newton
também argumentou que a oração só pode ser feita a "Deus em nome do
Cordeiro, mas não ao Cordeiro em nome de Deus".
O melhor
resumo dos argumentos bíblicos do cientista para o seu repúdio da trindade
encontra-se em quatorze Argumentos', escritos em latim, que apresentam citações
bíblicas. Os de número quatro a sete são especialmente interessantes:
4 - Porque
Deus gerou o Filho em algum tempo, este não teve existência desde a eternidade
(Provérbios 8:23, 25).
5 - Porque o
Pai é maior do que o Filho (João 14:28)
6 - Porque o
Filho não sabia de sua última hora (Mar. 13:32, Mat. 24:36, Apõe. 1:1, 5:3).
7 - Porque o
Filho recebeu todas as coisas do Pai (18).
As
conclusões newtonianas a respeito da trindade, merecem respeito e consideração.
Devido ao contexto geral de sua época, ele preferiu não as torná-las públicas
durante a vida. Fato que hoje, podemos compreender facilmente e que nos induzem
a entender sua posição religiosa com muito mais clareza.
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Fonte:
A vida e o pensamento de Isaac Newton, por: Morgana Gomes. Editora Minuano, s/d, págs. 82-85.
hoje temos refutaçoes para as suas teorias; vou explicar melhor:
ResponderExcluiré como se eu com um porsh,deixasse meu porsh na garagem porque vou caminhar com meu amigo que tem fobia de carro.mas eu tenho uma chave que quando eu aperto o porsh volta pra mim.
eu ainda sou dono do porsh,porem me retirei dele temporariamente.
assim foi com Jesus,que deixou os seus aspectos Divinos na "garagem'.
por isso Ele conseguio morrer,porque como um Deus Eterno morreria? entao Ele suspendeu-os temporariamnete,a prova disto é filipenses 2:5-8,e porque Ele nao sbia a hora que Ele viria,porque Ele tinha deixado a onipresencia na "garagem"
paz convosco de nosso Senhor Jesus Cristro e de Deus nosso Pai.