As origens do islamismo
A construção do Estado árabe
A construção do Estado árabe
A Arábia é
uma extensa península situada entre a Ásia e a África, tendo como limites o mar
Vermelho a oeste, o golfo Pérsico a leste, o mar Mediterrâneo ao norte e o
oceano Índico ao sul. Com clima quente e seco, 80% do seu território
constitui-se de desertos.
A história
da Arábia costuma ser dividida em duas grandes fases:
Arábia pré-islâmica — período anterior
à religião fundada por Maomé.
Arábia islâmica — período caracterizado
pelo islamismo, religião fundada por Maomé.
Arábia pré-islâmica
Por volta do século VI, viviam na Arábia diversos povos de origem semítica, que podem ser agrupados em:
Por volta do século VI, viviam na Arábia diversos povos de origem semítica, que podem ser agrupados em:
Arabes beduínos — povos seminômades que
vagavam pêlos desertos. Organizados em tribos, dedicavam-se à pecuária.
Árabes urbanos — povos sedentários que
habitavam as cidades situadas principalmente no litoral. Dedicavam-se sobretudo
às atividades comerciais, sendo responsáveis pelas caravanas de camelos que
transportavam produtos do Oriente para as regiões do mar Mediterrâneo.
Os diversos
povos da Arábia não formavam um Estado com unidade política, mas tinham
elementos culturais comuns, como o idioma árabe e certas crenças religiosas.
Além disso, eram politeístas e
adoravam cerca de 360 divindades.
Numa
tentativa de dar maior unidade às diversas tribos árabes, foi construído na
cidade de Meca um santuário religioso, a Caaba
(casa de Deus), reunindo as principais divindades de toda a Arábia. Na Caaba
existia a Pedra Negra (provavelmente, um pedaço de meteorito), que era bastante
venerada, pois acreditava-se ter sido trazida do céu pelo anjo Gabriel.
Devido ao
santuário, Meca tornou-se o centro
religioso dos árabes e, também, o centro
comercial da Arábia, pois a cidade transformou-se em ponto de encontro de
pessoas e de mercadorias de diversas regiões.
Arábia islâmica
Unidos pela religião fundada por Maomé, os diversos povos árabes conquistaram um extenso território, constituindo uma das mais importantes civilizações do mundo.
Unidos pela religião fundada por Maomé, os diversos povos árabes conquistaram um extenso território, constituindo uma das mais importantes civilizações do mundo.
Maomé e o islamismoMaomé (570-632) pertencia à tribo dos coraixitas, que tinha como missão
zelar pela Caaba de Meca.
O avô de
Maomé, além de possuir cargo religioso importante, era um comerciante
bem-sucedido. Entretanto, Maomé sofreu dificuldades econômicas em sua infância
e adolescência: aos sete anos, tendo perdido os pais, passou a ser criado por
um tio e, muito cedo, teve que começar a trabalhar como pastor de carneiros.
Menciona-se que Maomé, em sua juventude, teria feito viagens à Síria e, talvez
aí, tenha estabelecido seus primeiros contatos com o cristianismo e com o
judaísmo.
Aos 25 anos
de idade Maomé casou-se com Khadija, uma rica viúva que o incumbiu de dirigir
seus negócios comerciais. Com esse casamento Maomé deixou a vida de pobreza,
subindo na escala social. Mas, apesar da riqueza, Maomé sentia-se interiormente
insatisfeito e, por isso, dedicava-se à meditação.
Aos 40 anos,
passou a ter uma série de visões que o convenceram de que ele era o profeta
escolhido por Deus (Alá) para anunciar aos homens uma nova doutrina religiosa.
Iniciando
suas pregações religiosas, Maomé entrou em conflito com os sacerdotes de Meca,
que eram politeístas e estavam interessados em manter a cidade de Meca como
centro religioso e comercial dos árabes. Devido a esse conflito, Maomé foi
obrigado a deixar a cidade, em 622, e a fugir para Yathrib, posteriormente
denominada Medina, a cidade do profeta. Essa data denomina-se Hé-gira e marca o
início do calendário muçulmano.
Aos poucos,
Maomé estruturou sua religião e organizou um exército de seguidores, que, em
630, conquistou Meca. A Caaba foi transformada num centro de orações, e Maomé
proibiu todos os cultos idólatras que antes existiam.
Doutrina islâmica
A total submissão a Alá
A total submissão a Alá
Um dos
aspectos mais importantes da religião pregada por Maomé é a total submissão do
homem à vontade do Deus único do universo, denominado Alá. Essa submissão plena é chamada de islão e aquele que tem fé é conhecido como muslim.
O conteúdo
básico da doutrina muçulmana (também chamada islâmica ou maometana) pode ser
resumido em cinco regras essenciais:
• Crer em Alá, o único Deus, e em Maomé, seu profeta.
• Realizar cinco orações diárias.
• Ser generoso para com os pobres e dar esmolas.
• Obedecer ao jejum religioso durante o ramadã (mês anual de jejum).
• Ir em peregrinação a Meca pelo menos uma vez durante a
vida.
Alcorão
As revelações feitas por Alá a Maomé foram reunidas por seus discípulos no livro sagrado Alcorão (a leitura). O texto do Alcorão foi fixado definitivamente em 653, por Zayd ibn Trabit, antigo secretário de Maomé, durante o governo do califa Otman (644-656).
Além de
orientações meramente religiosas, o Alcorão contém diversas instruções sociais,
de considerável importância para a preservação da ordem e dos interesses dos
grandes comerciantes. Entre essas instruções, destacam-se a proibição de
ingestão de bebidas alcoólicas, a severa punição ao roubo, a proibição de comer
carne de porco, a proibição da prática de jogos de azar e permissão da
poligamia e da escravidão. Além disso, o Alcorão diz que no dia do Juízo Final
Alá premiará aqueles que seguiram sua doutrina e castigará os desobedientes.
O espírito
de revolta social dos árabes era desencorajado através da doutrina da predestinação. De acordo com o Alcorão,
tudo o que acontece no mundo já foi previamente estipulado por Alá, não cabendo
ao homem modificar seu destino.
A crença na
predestinação levava os árabes socialmente desfavorecidos a se conformar com
sua situação social, resignando-se diante do poder das classes dirigentes.
Os sunitas e os xiitas
Após a morte de Maomé, a religião islâmica não conseguiu manter-se plenamente unificada. Dividiu-se em diversas seitas, dentre as quais destacam-se a dos sunitas e a dos xiitas.
Após a morte de Maomé, a religião islâmica não conseguiu manter-se plenamente unificada. Dividiu-se em diversas seitas, dentre as quais destacam-se a dos sunitas e a dos xiitas.
As
principais diferenças, no plano religioso e político, que separam os sunitas
dos xiitas são:
Sunitas — defendem que o chefe do
Estado muçulmano (califa) deve reunir sólidas virtudes (honra, respeito pelas
leis, capacidade de trabalho), mas não acham que ele deve ser infalível ou
impecável em suas ações. Além do Alcorão, aceitam como fonte de ensinamentos
religiosos as Sunas, livro que reúne o conjunto de tradições recolhidas com os
companheiros de Maomé.
Xiitas — defendem que a chefia do
Estado muçulmano só pode ser ocupada por alguém que seja descendente do profeta
Maomé ou com ele aparentado. Afirmam que o chefe da comunidade islâmica, o imã,
é diretamente inspirado por Alá, sendo, por isso, um ser infalível. Dessa
maneira, todos os fiéis devem obediência incondicional ao imã. Aceitam somente
o Alcorão como fonte sagrada de ensinamentos religiosos.
Nos dias de
hoje, os principais seguidores da seita xiita encontram-se mais concentrados no
Ira e no Iêmen. Nas demais regiões do mundo islâmico, predominam os seguidores
do sunismo.
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Fonte:
História e Consciência do Mundo, por: Gilberto Cotrim. Editora Saraiva, 5ª Edição. São Paulo, 1997, págs. 123-125
Fonte:
História e Consciência do Mundo, por: Gilberto Cotrim. Editora Saraiva, 5ª Edição. São Paulo, 1997, págs. 123-125
por favor queria explicação sobre. A crença na predestinação levava os árabes socialmente desfavorecidos a se conformar com sua situação social, resignando-se diante do poder das classes dirigentes.
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