terça-feira, 26 de julho de 2016

Teologia e trabalho (Religião)

Teologia e trabalho
Por: Rev. Guilhermino Cunha
Em meio ao caos econômico, político e social que estamos mergulhados, cumpre nesta hora lembrarmos da mensagem de João Calvino, o reformador protestante de Genebra, que no século XVI, estabeleceu normas éticas e morais tanto para os indivíduos, como para os negócios e por extensão para a sociedade em geral.
Calvino teceu comentários e recomendou procedimentos para a solução dos problemas sociais, econômicos e políticos de sua época, muitos identificaram nesta postura, uma prévia do capitalismo, mas com a degradação do sistema capitalista, a nível mundial, desembocando no capitalismo selvagem, muitas vezes o pensamento calvinista é mal compreendido, quase sempre é erradamente citado e infelizmente bastante distorcido.
Em seu livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Max Weber destaca a doutrina da "vocação". Sem dúvida, o tema é um ponto muito significativo da tecnologia e da ética calvinista para quem a vocação é um serio e fiel compromisso da pessoa com o trabalho; o trabalho é visto como um chamado de Deus e uma responsabilidade espiritual. O trabalho não é meramente econômico, é uma finalidade divina. As preconizadas na ética calvinista de diligência,  poupança e sobriedade, são prepara uma autêntica prosperidade e saída da crise.
Afirma Max Weber que o espírito do capitalismo é o espírito do ascetismo cristão. Só que o ascetismo neste caso sai da clausura e vai para as ruas, para o dia-a-dia, para a vida prática. Para Weber, o capitalismo é fruto do espírito calvinista com sua ideia de vocação divina para o trabalho secular.
Revisitando o pensamento weberiano constatamos que jamais Calvino preconizou princípios do capitalismo selvagem. O que temos hoje não reflete o que Calvino ensinou. O próprio Weber falou de um capitalismo moderno, organizado e racional onde haveria justiça social, distribuição de riquezas e não o que vemos na atualidade: acúmulo de capital, exploração de um indivíduo sobre outros e de nações sobre outras. O que estamos presenciando, sentindo e sofrendo, a nível internacional e, principalmente em nosso país, é a excessiva concentração de riqueza e uma perversa socialização dos prejuízos. Isto não é, nunca foi, calvinismo.
É tempo de voltarmos ao pensamento de João Calvino como analisado por Max Weber e André Biéler, este último em O Pensamento Econômico e Social de Calvino, não somente pelas ideias práticas e objetivas, mas pela fidelidade do reformador de Genebra à Bíblia.
Se aplicarmos os princípios bíblicos na administração da política, da economia e em nossa vida pessoal veremos resultados surpreendentemente positivos.


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Fonte:
Revista Urgência Missionária. M. D. Navarro Editora e Publicidade. Osasco - SP, 1992, pág. 10.

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