terça-feira, 26 de julho de 2016

O homem e a música

O homem e a música
Por: Walena Marçal
Se dermos um RÉ na história, descobriremos que antes do SOL a música existia. Foi presente de Deus para o homem olhar pra SI, pra Ml, pra LÁ, e não ter DÓ de ser feliz.
A música tem sido assunto para pauta de diversos debates e discussões, principalmente pelo fato de que, apesar de ser considerada há muito como uma linguagem universal, é, na realidade, uma linguagem que fala a todos, mas de diferentes maneiras, dependendo de aspectos como raça, cultura, idade, língua e etc.
O termo "música" refere-se, de maneira geral, à arte relacionada aos aspectos dos sons, ou seja, música é a arte da combinação dos sons e seus componentes.
A origem da música é ainda muito discutida. A única coisa da qual se tem certeza é que ela é quase tão antiga quanto o homem, surgindo na Pré-história e tendo desenvolvimento paralelo ao do restante da cultura.
Dentre os elementos que compõem a música, destacam-se: melodia, harmonia e ritmo; o primeiro a surgir teria sido o ritmo, uma vez que esse elemento faz parte da vida humana desde a fase intrauterina, quando o coração é formado e surge a pulsação. A partir desse aspecto, é que o notável pianista Hans De Buelow, parafraseando a Bíblia, disse: "no princípio era o ritmo". O ritmo é o elemento mais dinamogênico da música, pois age sobre a parte física do ser humano, e, por isso, é um elemento tão marcante.
O som teve um desenvolvimento mais tardio que o do ritmo. As músicas conhecidas da época são em geral pouco sonoras e bastante rítmicas. Provavelmente havia dificuldade para os povos primitivos criarem instrumentos melódicos muito ricos. Só mais tarde, no desenvolvimento da história, é que surgiram instrumentos melódicos mais trabalhados.
Com o desenvolvimento da civilização (4.000 a.C.), se dá o aparecimento de uma música um pouco mais elaborada, já semelhante aos padrões que temos hoje. As civilizações antigas passam a organizar os sons de forma consciente e os agrupam em escalas que foram determinadas teoricamente. É nesse contexto que a música se desenvolve no Egito, Mesopotâmia, Pérsia, Israel e posteriormente na Grécia, Macedônia e Roma. Em Israel, mais especificamente, a música era diretamente relacionada à religiosidade, sendo usada nas celebrações de vitória e regozijo e também como lamento. Havia utilização de coros e instrumentos diversos, inclusive os de percussão.
Do meio do povo de Israel nasceu a comunidade cristã, que herdou suas diversas características e, dentre elas, sua música. Após o ano 70, ocorreu a dispersão de judeus e cristãos pelo mundo antigo, acontecendo, então, uma maior influência pagã (greco-romana) sobre a cultura e, por conseguinte, sobre a música cristã.
Na Idade Média (476-l 453), com a intensificação da influência eclesiástica sobre a sociedade secular europeia, percebe-se o desta que da música sacra que ocupou lugar de vanguarda. Houve, então a organização das notas como as conhecemos hoje (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si), por Guido d'Arezzo e o desenvolvimento, pelo papa Gregário Magno, do cantochão, que consistia em melodias que fluíam livremente, sem grandes saltos e com ritmos irregulares que acompanhavam a acentuação das palavras.
No contexto secular, percebe-se o desenvolvimento de danças e canções, onde se observa a ideia clara de tom, mais não um ritmo organizado, e sim ainda baseado no ritmo natural das palavras.
Dentre os instrumentos usados nessa época podemos mencionar o tamboril, o órgão, o carrilhão (uma espécie de harpa), a viola, a rebeca, o saltério, flautas doces de diversos tamanhos e instrumentos de percussão variados (címbalos, triângulos e tambores).
Surge, então, a Renascença (Século XIII a XVI), que foi elo de transição entre as Idades Média e Moderna. Esse período, caracterizado pela busca intensa do saber e do conhecimento e pela volta à cultura clássica, sendo berço de novas ideias e instituições, dentre elas, o Protestantismo. Aqui aparece a figura de Martinho Lutero, grande compositor sacro e hinólogo, que transformou seus hinos em armas poderosas para o desenvolvimento da Reforma. Ele não hesitou em usar hinos medievais e canções populares de sua época, adaptando-lhes letras religiosas, que alcançaram entre o povo maior efeito que seus próprios sermões e teses.
Na Modernidade propriamente dita (1453 a 1789), notamos o aparecimento do Barroco, que, na música, possui fortes traços religiosos. Isso pode ser confirmado na música de um dos maiores compositores da época: Johan Sebastian Bach, cuja obra abrange corais, oratórios e missas, dentre outras formas. Dessa mesma época são as obras de Haendel, das quais podemos mencionar "O Messias", de que faz parte a célebre música "Aleluia", que ainda hoje é largamente executada por corais do mundo inteiro.
Continuando a falar sobre Modernidade, chegamos ao período Clássico, cujo nome tem sido erroneamente aplicado a toda música não popular. E importante lembrar aqui que música clássica é a música do Período Clássico (1750 -1810) e que a música dos grandes mestres poderia ser melhor chamada de "erudita".
A palavra "clássico" significa cidadão da mais alta classe e bem denomina a música feita na época, que tinha por principais características um estilo galante e elegante de composição. Dentre os grandes compositores desse período, podem-se destacar os nomes de Mozart e Beethoven. Houve nesse período também um grande desenvolvimento da orquestra. Além disso, o piano passou a ser grandemente explorado e, pela primeira vez na história da música, passou a ter um lugar de maior destaque do que o canto.
Na Idade Contemporânea (1789) originou-se o Romantismo, cujas obras foram norteadas pela imaginação, sonho, e espírito aventureiro e cujos temas preferidos foram as noites de luar, o amor, a magia, os mistérios, etc. Nesse período encontram-se nomes como os de Chopin, Strauss eTchaikovsky.
Após o Romantismo surgiu a música do século XX, com tendências bastantes inovadoras, técnica totalmente nova de criação e exploração de novos sons, chegando a serem considerados, algumas vezes, algo radical. É nesse contexto que vemos aparecer os nomes de Ravel, Schoenberg e Bela Bartok, dentre outros.
É importante ressaltar que a música do século XX sofreu influências da "Indústria Cultural" que a massificou e popularizou, redundando no aparecimento de novos ritmos, como Jazz, Blues e Rock and Roll, que passaram a influenciar diversas gerações. No Brasil, mais especificamente, pode-se notar o aparecimento do Choro, Samba e Bossa Nova, dentre outros.
Vale notar que a música acompanhou o processo histórico, suas nuances, seus objetivos e mudanças. Cabe a esta geração, porém, valorizar e aproveitar o que de bom foi feito, além da responsabilidade de saber criar e optar por novos rumos que nortearão a música daqui por diante.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BENNETT, Roy. Uma Breve História da Música. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1986.
KEITH, Edmond D. Hinódia Cristã. 2° ed. revista e atualizada, Rio de Janeiro, JUERP, 1987.
PERRUCI, Gamaliel. Música  Sempre Música. Rio de Janeiro, JUERP, 1982.


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Fonte:
Revista UniJovem. Ano XI - Nº 47 - 1993. JUMOC. Rio de Janeiro, págs. 25-27.

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