sábado, 30 de julho de 2016

Quem é este "pokémon"?

Quem é este "pokémon"?
O caso deixou muita gente apavorada. Em dezembro de 1997, um episódio da série de desenhos animados Pokémon, exibido pela TV Tóquio, do Japão, causou convulsões em 12 mil crianças que assistiam ao programa. Destas, 700 tiveram que ser internadas, algumas com sérios distúrbios como falta de ar, náuseas e tontura. Houve até desmaios. Coisa demoníaca?
Provavelmente, não. Acontece que, numa das cenas, o simpático Pikachu - um bichinho amarelo que anda fazendo um sucesso danado no Brasil - emitia radiações luminosas curtas e sucessivas numa luta contra inimigos. Os médicos japoneses diagnosticaram que os telespectadores foram vítimas da epilepsia fotossensível, uma modalidade de convulsão desencadeada por estímulos externos, como a luz intensa.
Pikachu e seus companheiros de aventuras nasceram num videogame produzido pela Nintendo, um dos gigantes do setor, que em pouco tempo virou febre no Japão. O joguinho fez tanto sucesso que a corporação comercializou os direitos de uso de imagem dos personagens com uma produtora de desenhos animados. De olho nos lucros, uma série de empresas obteve licenciamento, e os 150 pokémons (abreviatura de pocket monsters, ou monstros de bolso) tiveram sua imagem reproduzida numa série de produtos para consumo infantil no mundo todo. Outros cem entrarão em cena em novos desenhos este ano.
Entre os evangélicos que acessam o site em inglês de Pokémon, os comentários variam. Há quem ache que não passa de diversão. Outros acusam o game e suas variantes, inclusive o desenho animado, de propagar conceitos do ocultismo entre as crianças. Outro motivo de controvérsia é o fato de vários pokémons passarem por uma espécie de evolução, que algumas pessoas interpretam como uma reprodução da ideia do carma. Uma versão cinematográfica do desenho animado estreou nos Estados Unidos em novembro, e já está chegando ao Brasil.

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Fonte:
Revista Eclésia. Ano V - Nº 50 - Janeiro de 2000. Editora Eclesia. São Paulo, pág.2 1.

Funções do Químico

Orientação Profissional: Funções do Químico
A função do químico é estudara natureza e as propriedades das substâncias, bem como as leis que regem suas combinações (forma como os diferentes materiais respondem a variações de temperatura, de pressão, de luz e de outros fatores físicos). Realiza experiências e ensaios, através de técnicas de análise e de síntese, para criar e aprimorar processos de transformação química de materiais diversos. Um conhecimento imprescindível para transformar matérias-primas em produtos úteis e comercializáveis.
Poucas indústrias podem atualmente dispensar o trabalho dos químicos. A área da "química fina" é o segmento de maior avanço da profissão, não havendo, entretanto, cursos universitários específicos nesta área. É chamada de química fina o segmento relacionado com as especialidades ou produtos especiais: defensivos agrícolas, produtos de limpeza, aditivos para os alimentos, adesivos, secantes, corantes, etc. O químico atua principalmente nos laboratórios industriais, farmacêuticos, têxteis, petroquímicos, de engenharia, de química mineral, alimentar, de bebidas, plásticos, entre outros. Ele desenvolve produtos, acompanha ou implanta projetos e participa do controle de qualidade. O químico também pode trabalhar nas áreas de pesquisa ou de ensino.
Durante o curso o estudante deve notar a especialidade para a qual tem aptidão. Pode escolher entre Química Orgânica Sintética, Química Inorgânica, Físico-química. Química Analítica ou Química de produtos naturais.
Especializações
- Físico-química - Estudo das propriedades da matéria, levando em conta suas características físicas e químicas.
- Química-analítica - Estudo e determinação da composição dos sistemas químicos; identificação e análise qualitativa dos diferentes elementos ou compostos desses sistemas.
- Química-biológica - Estudo das reaçòes e transformações químicas dos seres vivos; utilização de pesquisas e análises na biotecnologia (produção de medicamentos, vacinas, alimentos e aprimoramento genético).
- Química-orgânica - Síntese de novos compostos químicos para a indústria farmacêutica (química fina) e para a indústria de componentes eletrônicos; pesquisa de produtos naturais derivados da flora.
- Química-quântica - Estudo das propriedades das moléculas de elementos e compostos químicos- através da aplicação das teorias da mecânica sobre a estrutura dos átomos.
Observações importantes
As melhores escolas são as que possuem um departamento de pesquisa. Os alunos devem ter pelo menos uma visão geral de todas as áreas da química e não somente informações específicas, mesmo que excelentes, sobre apenas uma determinada área. Os estágios durante o período de estudos na faculdade também são aconselhados.
Características que ajudam na profissão
Habilidade para lidar com números, capacidade de pensar em função de planos e objetivos e de imaginar material concreto em diversas posições. Curiosidade científica, meticulosidade e paciência são outras qualidades que contam.
Mercado de trabalho
O mercado de trabalho é amplo e carente de mão-de-obra especializada devido a baixa procura pelos cursos. Isto apesar da concorrência que sofre por parte dos técnicos de nível médio e dos profissionais de química industrial e engenharia química.
Para trabalhar na área da química fina é preciso, após quatro anos de Química ou Farmácia, fazer especialização em Química Orgânica Sintética.
Em São Paulo, o melhor mercado é o das indústrias de tintas e de alimentos. No Espírito Santo, a instalação de fábricas de química fina amplia as possibilidades de trabalho. Em Santa Catarina, o mercado também cresce, principalmente nas indústrias de papel e celulose da região serrana de Lages, no polo cerâmico e na indústria Carboquímica Catarinense, que ficam no sul do estado, e nas indústrias têxteis do Vale do Itajaí. No Rio Grande do Sul, o mercado é menos promissor. As empresas de pequeno e médio porte são as maiores empregadoras do químico graduado, enquanto as grandes costumam substituir esse profissional pelo técnico de nível médio. No
Paraná, há um equilíbrio entre a oferta e a procura de químicos, tanto na capital quanto no interior. Na Bahia, a maior parte dos químicos é absorvida pelas empresas do Polo Petroquímico de Camaçari e do Centro Industrial de Aratu. Em Goiás, o principal empregador é a Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego). O magistério também absorve um grande número de químicos em todo o país.
Faixas salariais
O piso salarial é de 6 SM pela jornada de seis horas ou 9 SM, pela de oito. Em São Paulo, as empresas de pequeno porte pagam entre 9,5 SM e 13 SM, as de médio porte, até 14,5 SM e as de grande porte, 17,5 SM. Em Minas Gerais, o recém-formado ganha cerca de 4 SM. No Rio Grande do Sul, os salários ficam entre 9,5 SM e podem chegar a 24 SM para os mais experientes. Na Bahia, o químico recebe cerca de 5 SM por quarenta horas semanais de trabalho. As escolas públicas de Goiás pagam cerca de 2 SM para o professor iniciante e as particulares, perto de 4,5 SM. No Pará, um professor de 2- e 32 graus ganha entre 3,5 SM e 14,5 SM.


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Fonte:
Revista Jovem Cristão. S/d, S/e - 1993. Editora CPAD. São Paulo, págs. 30-31.

Quem foi Rasputin?

Rasputin
Por: Leandro Sarmatz
O monge louco". Foi com esse apelido funesto que o monge russo Grigori Yefimovich Novykh, nascido em 1872 e morto em 1916, entrou para a história universal da infâmia. Analfabeto, longas barbas, ar sombrio (alguém aí notou como o hippie doidão Charles Manson, assassino da atriz Sharon Tate em 1969, é a cara dele?), Novykh, ou "Rasputin" - "o depravado", em russo - gozou de raríssimos privilégios junto à corte do czar Nicolau II, o último a reinar .sobre a Rússia. Mandava e desmandava. Dava conselhos. Impunha sua vontade. Nada mal para quem amargara uma infância paupérrima e obscura na enregelante Sibéria.
Pouco se sabe, aliás, sobre a trajetória de Rasputin durante seus primeiros 40 anos de vida: uma viagem ao Oriente Médio, um casamento, algumas peregrinações. Sabe-se que era membro da seita Khlisti, banida pela Igreja Ortodoxa por pregar que todos os desejos dos homens deveriam  ser satisfeitos. O certo é que ele começou a palmilhar o caminho para a duvidosa   fama   em 1908. Foi nesse ano que o czar, desesperado com as constantes crises hemorrágicas do filho hemofílico Aleksei - que médico algum conseguia curar -, resolveu   apelar   para   aquele curandeiro que frequentava os salões do seu palácio. No início, Nicolau II chegou a desconfiar de Rasputin. O czar temia que a notícia sobre a hemofilia do herdeiro da coroa chegasse aos ouvidos da população e prejudicasse a aceitação do jovem Aleksei. (Que, na verdade, nunca chegou a subir ao trono, porque em 1917 seu pai foi deposto pela Revolução Russa.) O fato é que Rasputin conseguiu debelar o mal do herdeiro — provavelmente obra do acaso, mas que foi encarada como um milagre." Era a consagração. A partir desse episódio, os Romanov definitivamente estavam no bolso do "monge louco".
Eufórica com os bons resultados operados sobre a saúde do filho, a imperatriz Alexandra passou a confiar cegamente em Rasputin. Descobertas recentes, divulgadas no livro Rasputin: A Última Palavra, do escritor russo Edvard Radzinsky, sugerem inclusive um tórrido romance entre o monge e a imperatriz. Só para se ter uma ideia do alcance da sua influência, ele tinha poderes suficientes dentro da corte para nomear cargos do primeiro escalão do governo e indicava quase sempre uma gente inepta que não conseguia exercer corretamente suas funções.
Rasputin circulava livremente pelas altas-rodas da corte russa. E seus ares de homem santo não conseguiam esconder de ninguém as noites passadas em orgias regadas a hectolitros de vodca, o assunto predileto de todo mundo naquela Rússia sem revistas de fofocas. Tudo isso começou a irritara nobreza russa. Ninguém conseguia tolerar os poderes delegados àquele monge analfabeto e dissoluto. Inclusive porque, cochichavam alguns membros do governo, o predileto da imperatriz Alexandra conspirava com a Alemanha.
A gota d'água veio com o início da Primeira Guerra Mundial. Com o czar Nicolau It na frente de combate, Rasputin virou uma espécie de primeiro-ministro. Todas as decisões passavam pelo seu crivo delirante e místico. Um grupo de nobres resolveu planejar seu assassinato. Em 28 de dezembro de 1916, o príncipe lussupov e mais um punhado de membros da nobreza atraíram Rasputin para um jantar. Foi-lhe servido chocolate "batizado" com veneno. (Daí o nome do drinque que até hoje é servido em alguns bares: "Vingança de Rasputin", com vodca e creme de cacau...) Aparentemente a dose era pequena. Rasputin resistiu. Seus algozes, então, passaram a disparar com revólver e a atacá-lo com punhais. Mas o danado não morria, inconformados, seus assassinos o enfiaram num saco e o arremessaram às águas frias do Neva, o rio que banha São Petersburgo. Era o fim do "monge louco".

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Fonte:
Revista Superinteressante. Edição 167. Fevereiro de 2002. Editora Abril. São Paulo, pág. 24.

Entrevista com R. R. Soares

Entrevista com R. R. Soares
Evangelho de resultados
ECLÉSIA - Por que as curas e milagres são tão enfatizados pela Igreja da Graça?
R. R. SOARES - Se milagres como curas, libertações de espíritos maus e outras manifestações do poder de Deus não acompanharem a mensagem do Evangelho, este Evangelho, então, não é genuíno. É preciso observar que, segundo a Bíblia, dois terços do ministério do Senhor Jesus refere-se a milagres. Então, se nós temos que fazer as mesmas obras que ele fazia, nosso ministério também precisa ser dedicado a milagres. Eu creio que qualquer pessoa ou grupo que prestar atenção ao Evangelho e imitá-lo, vai ter o mesmo sucesso que nossa igreja.
Então este é o motivo do crescimento de sua igreja, presente hoje em quase todos os estados e até no exterior?
O nosso crescimento é devido à pregação da Palavra revelada, com profundidade. E não com filosofia, com erudição de homens. A linha de pregação que nós adotamos é aquela que Jesus falou em Mateus 24.14: "E este Evangelho será pregado em todo o mundo." Só considero a pregação do Evangelho genuína e verdadeira quando ela é a repetição daquilo que Jesus Cristo disse.
Se alguém ora e não recebe a cura, o que aconteceu? Não teve fé suficiente?
As pessoas não recebem a bênção por duas coisas: ou porque não pedem ou porque pedem mal. Quando a pessoa é bem ensinada e usa o ensinamento que aprendeu, ela recebe a bênção. Recebia no tempo de Jesus; recebe hoje também.
O senhor é adepto da teologia da prosperidade?
Eu não conheço teologia da prosperidade. Eu conheço o verdadeiro Evangelho. Agora, eu prego a prosperidade. Prefiro mil vezes pregar teologia chamada da prosperidade do que teologia do pecado, da mentira, da derrota, do sofrimento. O cidadão fala que é de Deus e fica com o aluguel atrasado, com a barriga vazia, mexendo com a mulher dos outros, sem santificação. Quando chega no fundo, aponta o dedo e fala que os que pregam prosperidade são do diabo. A teologia da prosperidade, pelo que se fala por aí, eu bato palmas. Não creio na miséria. Essa história é conversa de derrotados. São tudo um bando de fracassados, cujas igrejas são um verdadeiro fracasso. Chega lá tem meia dúzia de pessoas para ouvir. Não tem um deles com vida santificada, ao pé do altar, que seja cheio do Espírito.
Não é complicado falar de prosperidade quando se sabe que 70% dos evangélicos brasileiros sobrevive com até cinco salários mínimos?
Oséias 4.6 diz que o povo é destruído porque lhe falta conhecimento. Enquanto não tiver conhecimento bíblico, e sim doutrina de igreja e pensamento de homem, vai continuar desse jeito. Enquanto eu não aprendi a tomar posse da bênção, tivemos aqui sérios problemas financeiros. Eu mesmo sofri com um resfriado que não me largava havia dois anos. Até que exigi que o diabo tirasse a mão. Todo mundo que está na derrota tem que aprender correndo a tomar posse da bênção, senão vai continuar na derrota e dando péssimo testemunho. Esse negócio de falar que Deus é bom mas não cura, não liberta, não prospera, que bondade é essa?
Qual é o perfil do membro da Igreja da Graça?
É o nascido de novo. Nós cremos que uma pessoa, para ser membro de uma igreja, tem que cumprir o que está escrito na Palavra — ser nascido da água e do Espírito. Há aqueles que, recém-convertidos, ainda não podem produzir os frutos que se espera que um crente maduro produza.
De onde vêm os membros da sua igreja? São novos convertidos ou pessoas oriundas de outras denominações?
A maioria dos nossos membros não era evangélica. É gente que veio da idolatria e da feitiçaria. Muitos desviados, que abandonaram suas igrejas de origem devido a pecados ou por ficarem desestimulados por falta de unção e de poder, quando viram a Palavra sendo pregada da maneira como fazemos, vieram para cá. Se bem que, neste caso, a gente aconselha a que fiquem em suas igrejas. Não estamos interessados em divisão; queremos ajudar é na expansão do Reino de Deus.
Mas a rotatividade de pessoas não é muito grande também?
Não tenho explicação se isso acontece, a gente não pensa nisso. Mas em todo movimento existe esta rotatividade grande. Jesus disse que o Reino de Deus é como uma rede. Depois que se chega na praia separa-se os bons e deita-se os maus fora. Ele é que faz esta separação.
Todas as semanas, o senhor prega em três estados diferentes, fora viagens ao exterior e outros eventos. Como concilia seu tempo?
Ah, é fácil. O dia tem 24 horas; você dorme oito, e ainda sobram 16 para fazer as outras atividades (risos). É só não desperdiçar. Eu sigo um roteiro e marco tudo com antecedência, as igrejas que vou visitar, os compromissos, os eventos de que participo. Aproveito o tempo nos aviões para ler.
Mas o senhor prega várias vezes num mesmo dia. Não é difícil ter argumentos e inspiração para tantas mensagens?
A pregação é um renovo. A boa pregação não é quando você fala o que sabe, e sim quando fala o que lhe é revelado. Você se realiza na hora e o povo também. O Senhor que dá uma mensagem por semana dá 20 mensagens por semana. Você abre a boca e Deus vai dando. Quando Deus dá, é igual a um programa de computador - você enfia o disquete e em questão de segundos está lá. Eu preguei uma vez uma série de pregações, foram mais de 30, sobre o primeiro capítulo de Filipenses, que eu recebi em dez segundos. Eu estava conversando com a minha mulher num quarto de hotel e disse a ela: "Olha que série de mensagens Deus me deu aqui agora." Foi uma das melhores séries que nós já pregamos.
Missionário, como é o seu relacionamento com outros líderes evangélicos?
Até hoje tem sido dos melhores. Tenho pregado em quase todas as denominações e sempre me encontro com outros líderes. Tenho tido boa amizade com todos. Não tenho tido problemas com isso. Infelizmente, não posso atender a todos os convites que recebo, porque o tempo não dá. Hoje eu enfrento um problema - não posso ir a igrejas pequenas, porque há superlotação. Se anunciar que eu vou, dá dez vezes mais povo lá. Nem nas nossas igrejas menores eu tenho podido ir.
Como foi sua trajetória na fé?
Eu me converti com seis anos de idade. Minha mãe era católica e meu pai era desviado da Igreja Presbiteriana. Eu fui o primeiro, depois todos eles vieram. Eu sou presbiteriano de nascimento, batista de doutrina e pentecostal por convicção. E agraciado por estar na Graça. Em 1975, fui ordenado pastor na Casa da Bênção, pelo missionário Cecílio Carvalho Fernandes {falecido no último mês de abril]. Em seguida, iniciei a Cruzada do Caminho Eterno, a Igreja Universal do Reino de Deus {em companhia do bispo Edir Macedo, seu cunhado} e, finalmente, a Igreja da Graça.
E como foi o processo de sua ordenação ao ministério e o surgimento da Igreja da Graça?
Foi um processo muito longo para contar.
Mas não dá para resumir?
É um pouco difícil... Bem, o Cecílio sentiu no coração que Deus havia lhe falado que nós estávamos sendo chamados para uma grande obra. Nesse tempo, eu estava na Casa da Bênção. Ali, eu aprendi muito. Então, Cecílio me chamou ao seu escritório e disse: "Olha, você sabe que todo líder quer que seu ministério cresça, e eu não sou diferente. Mas vocês são jovens de valor. O Espírito Santo me falou que vocês estão sendo chamados para outra obra e eu devo consagrá-los." Aí, ele nos deu o estatuto da igreja e orientou-nos para que fizéssemos outro parecido e levássemos para ele. Se ele aprovasse, marcaria nossa consagração. Pois bem, ele aprovou e nos consagrou.
Então Cecílio já o ordenou sabendo que o senhor não ficaria com ele?
Exatamente. Ele disse mesmo: "Estou consagrando e liberando vocês. Vocês não pertencem mais ao meu ministério, só em amor." E nos abençoou. Foi um início meio tumultuado, mas Deus dirigiu as coisas. Eu pensei que seria apenas um missionário itinerante, ajudando as igrejas - um passarinho, como chamavam — mas Deus dirigiu diferente.
E por que o senhor escolheu o nome "Igreja da Graça"?
Por que é um nome lindo, não é verdade? Não há um nome mais bonito para se colocar numa igreja do que chamá-la de Igreja da Graça de Deus. E a graça divina que nos faz ser o que somos.
Já que o senhor foi ordenado pastor, por que prefere ser chamado de missionário?
Porque eu me sinto numa missão. Mas fico muito honrado quando me chamam também de pastor. Já bispo, não — dá uma conotação católica de que não gosto.
Por que a Igreja da Graça dá tanta ênfase ao televangelismo?
Ah, porque Deus nos abriu esta porta. Mas eu tive uma experiência interessante. Eu conheci a televisão quando tinha onze anos de idade, lá em Cachoeiro de Itapemirim [ES]. Fiquei olhando e, de repente, virei as costas para a tela e vi muitas pessoas também olhando para a televisão. Eu orei assim: "Jesus, não tem ninguém falando do Senhor na TV Mas eu lhe prometo que, se o Senhor me der condições, um dia eu vou falar de ti." Considero aquele como meu chamado para a TV Mas não lutei por isso, não. Deixei as coisas acontecerem.
E o senhor foi um dos pioneiros evangélicos na TV. Houve discriminação?
Antes de mim, só havia pastores americanos e o Fanini, que é batista [Nilson do Amaral Fanini, dirigente da Primeira Igreja Batista de Niterói e do projeto social Reencontro]. Do Evangelho completo, eu fui o primeiro. Eu fui à TV Tupi [hoje extinta], mas aconselharem-me a não entrar, porque era muito caro e aquilo tanto poderia ser o céu como o inferno. Mas eu senti que Deus estava dirigindo.
Qual é o investimento mensal da Igreja da Graça em televisão?
Isso eu não posso dizer por força de estatuto. Estou proibido de falar nisso. Te falo com temor de Deus. Uma das emissoras exige isso claramente no contrato. Mas é muita coisa. Só Deus mesmo para sustentar.
Boa parte dos programas é ocupada com pedidos de dinheiro. O senhor não teme que isso prejudique sua imagem?
Como nós somos pobres, e nosso povo é pobre, não temos condições de manter tantos programas sem pedir auxílio. Então, ternos que falar a verdade. Se eu tivesse uma empresa ou um grupo empresarial por trás, financiando, eu não pediria recursos. Mas a gente não tem condições. Estou usando o termo bíblico. A Bíblia diz: "Não tendes por que não pedis." Eu estou pedindo. Agora, jamais condicionei o recebimento de bênçãos ao ato de dar ofertas. Digo o contrário — ensino que fazer isso é ofender a Deus. Quem pode e quer dá.
Não seria mais vantajoso, ao invés de alugar tantos espaços, montar sua própria emissora?
Se o Roberto Marinho um dia quiser vender barato e eu puder, compro a Globo (Risos). Se ele quisesse deixar eu entrar lá também... Até hoje não deixou, não sei por que. Já esse negócio de emissora, vamos ver, Deus pode orientar alguma coisa neste sentido. Mas eu ouvi uma história de que um sujeito tinha uma página num jornal e fazia muito sucesso. Um dia, resolveu comprar o jornal e não deu certo, porque ele resolveu fazer todo o jornal do mesmo jeito.
As emissoras que veiculam seus programas estão satisfeitas com a audiência?
Eles dizem que estão satisfeitos. Até o ibope aumentou. Em uma emissora, a audiência só dava traço. Depois que a gente começou lá, passou para dois, três e até quatro pontos. E a Bandeirantes, que tinha o Paulo Henrique Amorim, nunca passava de dois. A gente chegou até três e quatro. E olha que ele é um dos melhores repórteres que tem por aí.
Na sua opinião, qual é o maior resultado dos seus programas?
Eu não sei, porque a gente lida com milhões de pessoas por dia. Mas nós temos consciência de que ajudamos todo o segmento evangélico. Se você prestar atenção, e é fácil aferir, quando nós começamos na televisão, em novembro de 1977, o Evangelho não chegava a 2% do Brasil. E por que?
Porque colocaram nos evangélicos aquela pecha de que nós éramos idiotas, inúteis e sem cultura. Depois que nós começamos, o pessoal viu na televisão que nós não falávamos errado, sabíamos expor as ideias. Além disso, colocávamos o poder de Deus em ação. Pessoas eram curadas. O Evangelho deu uma explosão e todas as igrejas se beneficiaram. Nós não fomos os únicos responsáveis, mais sim, co-autores dessa melhora.
Então os programas da Igreja da Graça ajudam no crescimento do Evangelho no Brasil?
Vou dizer mais. No fim de 1998, nós entramos na televisão à noite. E podem escrever: dentro de cinco anos, o Evangelho dobra. As igrejas estão recebendo pessoas que assistem nossos programas e tornam-se simpáticas ao Evangelho. Aí, quando alguém convida para ir na Igreja Presbiteriana, na Igreja Batista, elas vão. Um pastor da Assembleia de Deus me procurou e disse: "Missionário, vim lhe pedir um favor. Continue na televisão. Em todas as nossas igrejas, tem pessoas que começaram assistindo seus programas na televisão. O senhor está fazendo um bem muito grande para o Evangelho." Então, além desse trabalho beneficiar diretamente a Igreja da Graça, está beneficiando todas as igrejas. Isso me dá uma alegria muito grande.
O senhor acredita que o Brasil, no futuro, será um país evangélico?
Isso é inevitável. Mas eu acho que nós, líderes, temos que prestar atenção a que tipo de maioria nós seremos. Se formos maioria como são os católicos, hoje, vamos dar um péssimo testemunho. Temos que crescer com responsabilidade. Hoje nós colhemos os benefícios que a geração passada nos deu. Eles foram poucos, mas foram santos. Todo mundo sabe que crente é uma pessoa direita. Nós temos obrigação de continuar direitos para que a geração vindoura se beneficie disso.
A crise brasileira, em todos os setores - política, ética, econômica e social -, tem afetado a Igreja?
Afetado para melhor. A única instituição que merece crédito hoje é a verdadeira Igreja do Senhor Jesus. Você não encontra em nenhuma outra classe ou instituição um respeito tão grande pela verdade como o que praticam aqueles que pertencem ao Corpo de Cristo. Nós somos verdadeiramente o sal da terra. Fora, claro, aquela meia dúzia de estraga-raça que anda por aí.
O que é melhor na formação do pastor - a unção do Espírito Santo ou o estudo teológico?
Os melhores pastores não saem dos seminários. E muito bom haver seminários, faculdades etc., mas pastor é que nem jogador de futebol. Eles não saem das escolinhas; eles surgem, aparecem. Depois, só precisam ser lapidados. Aqui na Igreja da Graça, estamos promovendo treinamento intensivo para todos os pastores e seus respectivos cônjuges. São doutrinas básicas, e depois vamos seguir. Com o passar dos anos, eles vão ficar muito mais bem preparados do que jamais ficariam num seminário normal. Os grandes homens de Deus surgiram do nada, sem preparação.
Por que a Igreja da Graça não adota a Escola Bíblica Dominical?
A Escola Dominical foi inventada por alguém. Não está nem na Bíblia. A nossa igreja funciona de segunda a segunda, com cinco cursos por dia, como o Curso Fé e o Crescimento Espiritual [ministrados nos cultos, na forma de pregações, alguns em séries que duram semanas], para todas as pessoas que queiram.
O crente deve ser sempre submisso à liderança ou pode questionar o que diz o pastor?
Eu digo o seguinte: você nunca obedeça, nem siga orientação de homem nenhum, e diga: "Isso aqui é de Deus." O que Deus falar no seu coração, você pratique. É preciso saber dividir o que o homem fala e o que Deus está falando. Eu posso pregar uma hora e não lhe dizer nada. Mas em duas palavrinhas ali no meio Deus pode falar ao seu coração. O que importa é o que o Espírito de Deus está revelando. Eu não vejo porque o pastor deva ser questionado. As pessoas começam a tirar os olhos do Senhor Jesus. O pastor foi colocado na Igreja - junto com o apóstolo, o evangelista, o profeta e o mestre — para a edificação do Corpo de Cristo. Não temos que questionar. Nós temos que ouvir tudo e avaliar se aquilo é bíblico. Se Deus falou ali, louvado seja Deus. Não temos que servir nem questionar homens.
No seu ministério, o senhor é muito assediado pelas pessoas, tratado como uma celebridade?
Vamos parar de endeusar o líder, falar que o Soares é importante, é um grande homem de Deus. Se estou fazendo alguma coisa, é porque Deus está permitindo. Sou um mero servo de Deus. Hoje estou no púlpito; amanhã posso estar na porta da igreja, ajudando a colocar as pessoas para dentro. A Bíblia diz que, se andarmos no Espírito, jamais satisfaremos às concupiscências da carne. Eu nunca tive o problema, de que alguns falam, de receber uma cantada. Sempre andei no Espírito, e as mulheres sempre me respeitaram bem. Você sabe quando a mulher olha para você com interesse atravessado, e ela também percebe. Eu não tive este problema até hoje e tenho certeza de que não vou ter. Você tem que ser espiritual em todos os sentidos, meu irmão. Você vai atender uma mulher bonita, mulher feia, nova, velha, é a mesma coisa, tem que respeitar a pessoa.
Quando tentamos marcar esta entrevista pela primeira vez, sua assessoria informou que o senhor estava no período de 24 horas a sós com Deus e não poderia nos atender. Pode falar sobre isso?
Todo último dia de cada mês eu me retiro para ficar só diante de Deus. De meia-noite à meia-noite seguinte. Eu peço para não incomodarem com nada, nem mesmo se for a morte de uma pessoa que eu amo muito. Já faço isso há uns quatro anos.
E como o senhor faz?
É uma oração de intercessão. Na primeira hora, é só pela santificação. Depois, faço mais quatro períodos de meia hora, ao longo do dia. Oração de poder. Fora os outros períodos em que leio a Bíblia e oro.
Qual é o principal alvo destas orações?
Eu oro mais pelo pessoal que me ajuda como colaborador, doando 30 reais por mês, para que possamos estar na TV e no rádio, que nós chamamos de associados. É gente que não tem entendimento da Palavra, mas está sendo usada por Deus para me ajudar. Eu suplico por eles, para eles sejam abençoados. Acho que é mais que uma obrigação minha interceder por estas pessoas. Não dá para apresentar o nome de todos diante de Deus, mas o Senhor sabe.
O senhor tem aspirações políticas?
Eu tenho até medo disso. Infelizmente, alguém tem que administrar, mas é terrível esse negócio. A maioria dos que foram para lá se corromperam. Até hoje não estimulei nenhum de meus membros a ingressar na política. Aconselho a que permaneçam na obra de Deus. A vida é tão curta, meu irmão. O que um cidadão vai ganhar sendo aí presidente, senador? Vai ganhar uns aplausos, durante dez ou vinte anos. Eu prefiro ficar do lado de cá, no ministério.

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Fonte:
Revista Eclésia. Ano 6 - Nº 67. Junho de 2001. Editora Eclesia. São Paulo, págs. 26-31.

A Bíblia e os suas traduções

A Bíblia e os suas traduções
Como já visto, o Antigo Testamento foi quase too escrito em hebraico. Em sua trajetória até s dias de hoje, traduzir o texto foi uma das questões centrais da propagação de seus ideais. A primeira tradução do hebraico foi feita para o grego no decorrer do século 3°. Os judeus que viviam fora da Palestina, essência essencialmente no Egito e na Babilônia, não compreendiam a língua hebraica, e uma tradução fez-se necessária. Diz a lenda que 70 sábios se reuniram, cada um num cômodo, e só saíram após todos eles traduzirem o texto sagrado. Por incrível que pareça, as traduções foram todas iguais e tal trabalho denominou-se Septuaginta ("a tradução dos setenta"). Dentro dela, estavam os sete livros que não constam no cânone hebraico. Essa tradução para o grego foi muito utilizada em todo o Mediterrâneo para a propagação do Cristianismo primitivo das primeiras décadas após a morte de Cristo.
Dessa tradução nasceram diversas outras em línguas e idiomas da época até chegar ao latim, difundido pelo Império Romano e que dominava todo o Ocidente. Algumas traduções foram feitas, mas todas insatisfatórias até que, em 382, o bispo de Roma designou o exegeta Jerônimo para realizar a tradução oficial da Bíblia para o latim. Jerônimo viajou para a Palestina, onde ficou por cerca de 20 anos, estudou o hebraico e buscou todos os manuscritos possíveis. Sua tradução adveio direto do hebraico e ficou conhecida como Vulgata, o texto oficial do Cristianismo ocidental.
Até a invenção da gráfica em meados do século 15, a Bíblia era um livro raro e caro, pois era todo feito manualmente (cada cópia exigia a redação manuscrita de um copista) e poucos eram aqueles que tinham acesso às Escrituras. Com a tecnologia da prensa, ou seja, da capacidade de imprimir em pape através de tipos metálicos, a Bíblia pôde se difundir com mais facilidade. O primeiro livro de grande porte impresso foi a Bíblia em latim. Até 1500, já estava traduzida em alemão, italiano, francês, tcheco, holandês e catalão. No século 16, recebeu sua versão em espanhol, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês, polonês e finlandês. A língua portuguesa só viu a Bíblia ser impressa em 1748, feita de uma tradução a partir da Vulgata de S. Jerônimo.
Traduções, a rigor, não são o verdadeiro texto. Estes se encontram só na íngua escrita originariamente. Elas são o resultado de uma determinada compreensão por parte de seu tradutor. É por isso que este precisa saber o verdadeiro sentido que o autor deu ao texto. Daí a importância da tradução para a boa profissão da fé,


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Fonte:
Revista Conhecer Fantástico: Bíblia -  O Antigo e o Novo Testamento. Ano 1 - Nº 18. Arte Antiga Editora. São Paulo, pág. 9.

Supremacia estratégica de Israel impede guerra

Supremacia estratégica de Israel impede guerra
"A grande supremacia estratégica de Israel em relação aos outros países da região representa um eficiente obstáculo impedindo que o conflito com os palestinos se transforme em guerra". Essa é a avaliação de um conhecido instituto de pesquisas em Tel Aviv.
Os países árabes nada teriam a ganhar, mas muito a perder, em uma guerra contra Israel. Por ocasião da apresentação do relatório semestral sobre o equilíbrio militar no Oriente Médio, o cientista Shai Feldman, chefe do Centro para Estudos Estratégicos (Jaffee Center for Strategic Studies), declarou que o potencial de intimidação israelense continua sendo considerável. A maioria dos países árabes teria interesse em manter a estabilidade na região e não no envolvimento numa guerra com Israel, afirmou Feldman. "Mas, é possível que o conflito com a Síria possa experimentar uma escalada. Pode-se imaginar que (o presidente sírio) Bashar el-Assad, baseado em avaliações equivocadas, sinalize luz verde para ações do Hezbollah (Partido de Alá)... criando uma reação em cadeia. Mas essa possibilidade é muito pequena".
Conforme os dados apresentados no relatório, a força de combate do Exército israelense está sendo cons-tantemente ampliada, enquanto, com exceção do exército egípcio, todos os exércitos árabes parecem encontrar-se atualmente em um estado de paralisação. Mesmo que Feldman não veja a atual situação como muito negra, ele deu a entender que o tempo não trabalha necessariamente a favor de Israel, pois um dia o Ira e o Iraque terão armas de aniquilação em massa e os mísseis de longo alcance necessários para seu transporte até Israel. No momento, porém, Israel teria uma grande dianteira nas áreas da tecnologia militar, de sistemas de armamentos altamente desenvolvidos, bem como nos serviços de comunicação e inteligência. O relatório também apresentou, pela primeira vez, o número de tanques Merkava em poder do Exército israelense, que conta com 1.280 unidades. "Políticos árabes reconhecem que em terra perderiam a guerra e que não estão em condições de competir com os avanços de Israel", explicou Feldman.
Segundo a avaliação do ex-general-de-brigada Shlomo Brom, os palestinos erraram seus cálculos quando acharam que poderiam imitar o Hesbolah no Líbano. Feldman confirmou que Yasser Arafat, o líder da Autoridade Palestina, chegou a um "momento crítico": "Arafat reconhece que, no balanço geral de forças, tanto internas como externas, é preciso que haja uma mudança de direção". Mas é difícil avaliar a dimensão da insatisfação da população palestina com a liderança política. Também não está claro se o governo israelense suportaria a pressão da opinião pública no próprio país no caso de mais um grande ataque terrorista. "Quanto a população ainda irá suportar antes que exija passos mais extremos da liderança política, que por sua vez serão usados pelos palestinos, de maneira muito eficaz, para trabalhar contra Israel nos meios de comunicação? No momento a população israelense está decidida a evitar qualquer escalada do conflito. Somente podemos esperar que isso continue assim, mas é muito difícil prever os acontecimentos... A assimetria no equilíbrio estratégico, porém, não fornece ao Exército de Israel uma liberdade de decisão em seu problema com os palestinos." Completando, Brom observou: "Aqui o lado mais fraco tem uma vantagem, pois não podemos usar todos os meios que temos à nossa disposição".


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Fonte:
Revista Notícias de Israel. Ano 23 - Nº 10 - Outubro de 2001. Obra Missionária Chamada da Meia Noite. Porto Alegre, págs. 17-18.

Ameaça islâmica (Religião)

Ameaça islâmica
Especialistas israelenses em terrorismo disseram que centenas de árabes muçulmanos, inclusive palestinos, estão aprendendo técnicas terroristas nos campos organizados por Osama Bin Laden, o suspeito de terrorismo mais procurado pelos Estados Unidos. Para os repórteres, esses pesquisadores afirmaram temer que o atual levante palestino possa ir além de uma luta por um Estado para se tornar uma "guerra santa". Yoram Schweitzer, do Instituto de Política Internacional para Contraterrorismo, sugeriu que os que estão voltando de campos no Afeganistão e na Chechênia estariam planejando uma campanha de terror. "Eles veem na disputa nacional uma boa chance de transformar esta numa confrontação religiosa", afirmou.
Os palestinos chamam o atual levante de "Intifada de Al Aqsa", referindo-se à mesquita no Monte do Templo, em Jerusalém, reivindicados tanto pelos árabes como pelos judeus. O nome, afirma Schweitzer, dá abertura para os fundamentalistas. O cientista político palestino Ghassan Khatib concorda que elementos religiosos estão tentando dar um outro sentido ao conflito. "O colapso dos esforços de paz e a contínua ocupação israelense da Cisjordânia e Faixa de Gaza fortalecem os fundamentalistas", ressaltou. Outro destacado especialista do instituto em Herzliya, Ely Karmon, disse que a meta estratégica do Hamas (um dos braços armados dos fundamentalistas) é destruir Israel pela luta armada e transformar o novo Estado em um Estado islâmico (Correio do Povo, 20/6/2001).
Na verdade, essas afirmações não deveriam ser novidade para ninguém, mas parece que grande parte do mundo ocidental não compreende o que há por trás do conflito em Israel. Até mesmo muitos evangélicos, que deveriam discernimento através do conhecimento das profecias bíblicas, não conseguem avaliar corretamente o que está em jogo. Por isso, é útil ler o que Dave Hunt diz no livro "Jerusalém - Um Cálice de Tontear":
O Islã está envolvido numa guerra santa para obter o controle do mundo! Essa guerra foi iniciada pelo próprio Maomé no século VII, e continua a ser executada hoje por seus seguidores fiéis por meio do terrorismo. Esses terroristas não são radicais ou extremistas, como os meios de comunicação instantemente os rotulam. São, antes, fundamentalistas islâmicos fiéis à sua religião e aos ensinos do Corão, seguindo fielmente as pegadas de seu grande profeta, Maomé. Como um ex-muçulmano e erudito islâmico afirmou:
"Nunca devemos imaginar que tais muçulmanos estejam sendo desnecessariamente perversos. Eles estão simplesmente sendo fiéis à sua religião. A atitude que um bom muçulmano deveria ter para com um judeu ou um cristão não é segredo para ninguém. Na verdade, muito do incitamento à violência e à guerra em todo o Corão é dirigido contra os judeus e os cristãos que rejeitaram o que pensavam ser o estranho deus que Maomé tentava pregar."
Numa tentativa esquizofrênica de negar a verdade, muitos muçulmanos, especialmente os que exercem liderança civil, insistem que o Islã é uma religião pacífica. No entanto, o terrorismo dirigido contra nações árabes com o fim de pressioná-las a adotar a lei islâmica está em perfeito acordo com as táticas que o próprio Maomé empregou para forçar a obediência ao Corão... a violência e o terrorismo têm sido os meios de expandir o Islã desde o princípio, com Maomé e seus sucessores. Esse é o ensino do Corão. Os ensinos do Islã, na verdade, inspiram o terrorismo árabe ao redor do mundo... Os atentados à bomba e os assassinatos vêm de uma motivação religiosa genuína: a destruição de Israel e a sujeição final de todo o mundo à lei islâmica...
Eis aí uma fraternidade de assassinos! Que "deus" abençoaria o terrorismo e a matança de inocentes? Os terroristas islâmicos acreditam estar seguindo as instruções, e ter as bênçãos de Alá. É essa fé que dá aos terroristas islâmicos tamanho zeIo e os faz dispostos a sacrificar as próprias vidas pela causa da conquista do mundo pelo Islã. Na verdade, o massacre de inocentes é uma prática honrada no Islã. Em sua guerra contra o Iraque, a República Islâmica do Ira, sob a orientação dos líderes religiosos, limpou campos minados utilizando milhares de garotos de escolas primárias para andar à frente das tropas e dos tanques... Tal sacrifício fanático de vidas é considerado a mais alta façanha no Islã. Como explicou o aiatolá Khomeini: "A mais pura alegria do Islamismo é matar ou morrer por Alá." Ambas as opções trazem consigo a promessa do paraíso... Para a mente ocidental é impensável que "Deus" pudesse encorajar tal massacre. Para o muçulmano, todo derramamento de sangue são a expressão máxima da religião e o caminho seguro para a recompensa eterna...
Não é por acaso que grande parte do terrorismo internacional seja praticado por muçulmanos, nem é estranho que eles não sintam quaisquer remorsos pelo assassinato de mulheres e crianças inocentes. Afinal, todas as vítimas são vistas como infiéis. Também não pode ser negado que é o Corão que dá a um jovem muçulmano a coragem de amarrar uma bomba a seu próprio corpo e detoná-la para matar judeus em Israel. Tal ato, infame por qualquer outro padrão, conquista para o muçulmano a mais alta recompensa no céu...
O fundamentalismo islâmico está em alta em todo o Oriente Médio. Alcança até mesmo o Ocidente, onde o islamismo é a religião que cresce mais depressa. Suas mesquitas estão sendo construídas em número crescente por toda a Europa, Estados Unidos [e outros continentes]...


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Fonte:
Revista Notícias de Israel. Ano 23 - Nº 23 - Julho de 2001. Obra Missionária Chamada da Meia Noite. Porto Alegre, págs. 15-16.

Por que os anjos são tão populares? (Religião)

Por que os anjos são tão populares?
Por: Ciro Sanches Zibordi
Nunca os anjos foram tão populares como nos dias de hoje. Nos Estados Unidos da América, três em cada quatro pessoas creem em anjos, e cinco em cada dez livros entre os best-sellers são obras voltadas à angelologia. No Brasil, a simpatia pelo esoterismo transformou o mundo angélico em um grande negócio. Segundo José Tadeu Arantes, os anjos "...estão nas páginas dos livros mais vendidos, nos palcos de teatro e nas telas de cinema, nas capas de revistas... e nas convicções mais íntimas de milhões de pessoas" (Globo Ciência, fevereiro/96, pág. 23).
Há alguns anos, Mônica Buonfiglio, mãe-de-santo e apresentadora de um programa de televisão, vem se notabilizando no mercado editorial. Sua notoriedade começou com o confuso livro Anjos Cabalísticos, que superou a marca das 135 edições. Suas obras mais recentes já ocupam as primeiras posições nas listas de best-sellers dos principais jornais e revistas. Quanto à inspiração para escrever, ela declara: "Comecei trabalhando com a potência dos Orixás" (Anjos Cabalísticos, pág. 11).
Não é preciso ler muitos parágrafos das obras da senhora Buonfiglio para descobrir quão antibíblicas são as suas ideias. Segundo ela, "Deus não precisa perdoar (...) É inútil e desnecessário pedir perdão a Ele" (Anjos Cabalísticos, pág. 13). É claro que o Deus citado por ela não é o mesmo da Bíblia, amoroso e perdoador: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça", 1 Jo 1.9.
Biblicamente, os anjos (do grego angelos) são mensageiros espirituais. Mas nem todos são portadores de mensagens de Deus. Para quem não sabe, satanás e seus agentes são anjos do mal (Ap 12.7).
Conhecendo a existência de anjos caídos, Paulo alertou: "...ainda que (...) um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado seja anátema", Gl 1.8. O apóstolo falou de "anjo do céu" porque os anjos caídos habitam as regiões celestiais (Ef 6.12), tendo como líder o príncipe das potestades do ar, o diabo (Ef 2.2).
E impressionante a variedade de nomes de anjos constantes da literatura encontrada nas principais livrarias do País. Na verdade, desde a Idade Média, diversas tentativas de acrescentar nomes à lista de anjos têm sido feitas. No século XV, Amadeu, um monge português, disse que Deus lhe revelara o nome de mais quatro anjos: Uriel, Baraquiel, Jeudiel e Seatiel. A igreja católica romana reconhece o "arcanjo" Rafael, mas este só aparece no livro apócrifo de Tobias, inserido na Bíblia católica por ocasião do Concilio de Trento, em 1546.
Tomando emprestados alguns ensinamentos do romanismo, os escritores modernos apresentam nove classes angelicais, nessa ordem: serafins, querubins, tronos, dominações, potências, virtudes, principados, arcanjos e anjos. Segundo a senhora Buonfiglio, essas nove categorias possuem príncipes (ou arcanjos): Metatron, Raziel, Tsaphkiel, Tsadkiel, Camael, Rafael, Haniel, Mikael e Gabriel.
De onde foram tirados esses nomes? Da teosofia, da magia egípcia, do espiritismo etc., menos da Palavra de Deus. Nas Escrituras, os únicos anjos de Deus identificados por nomes próprios são: Miguel, o arcanjo, príncipe dos anjos de Deus (Dn 12.1; Jd 9), e Gabriel (Dn 8.16; Lc 1.19), os quais assistem diante do Senhor. Além disso, as páginas sagradas apresentam claramente apenas duas categorias específicas, além dos anjos propriamente ditos: os serafins (Is 6.1-8) e os querubins (Gn 3.24).
Outro conceito muito difundido pela angelologia moderna é o de que para cada pessoa existe um anjo da guarda. Paulo Coelho, principal propagador da Nova Era no Brasil, narra, em seu As Valkírias, uma curiosa experiência que teve nos EUA. Depois de conversar com um mago sobre anjos, ele e sua mulher encontraram oito motoqueiras com roupas pretas (as "valkírias"), que lhes ensinaram a maneira de encontrar o anjo da guarda.
A categoria "anjo da guarda", entretanto, não consta das páginas sagradas, embora os crentes fiéis e tementes a Deus, além das crianças, sejam protegidos por anjos (SI 34.7; Mt 18.10). Isso não significa que o amoroso Deus se recuse a proteger, eventualmente, as demais pessoas, a fim de lhes conceder oportunidades de salvação (Hb 1.14).
Afinal, por que os anjos são tão populares? Porque os homens estão cada vez mais longe de Deus. Embora os seres angelicais sejam apenas criaturas do único Deus verdadeiro (Jo 17.3), eles são invocados e adorados como deuses. Essa ideia não é recente, pois os pensadores dos séculos II a.C. a IV d.C. já afirmavam que os anjos são parte integrante da "divindade única".
Embora "magníficos em poder", os anjos limitam-se a executar a ordem do Senhor (SI 103.20). Por isso, não devem ser adorados pelo ser humano (Ap 22.8,9). Como seres criados por Jesus (Cl 1.16), eles adoram ao seu Criador (Hb 1.6). Nesse ponto, vale lembrar a enfática declaração de Paulo sobre os homens dos últimos dias:"... mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram a serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém", Rm 1.25.


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Fonte:
Revista  A Seara. Ano 40 - Nº 2 0 Janeiro de 1997. CPAD. Rio de Janeiro, pág. 15.

Quem são os Judeus messiânicos?

Quem são os Judeus messiânicos?
Por: Adriana Reis
Surgido há cerca de vinte anos nos Estados Unidos, o movimento judaico-messiânico congrega os judeus que acreditam que Cristo é o Messias anunciado nos textos sagrados. Ancorado em grupos como o Jews for Jesus (Judeus para Jesus), os messiânicos propõem o que, segundo eles, seria uma volta às origens do Judaísmo e do Cristianismo primitivo: a união de símbolos, rituais e costumes judaicos com a veneração de Jesus como o Messias. O problema é que justamente na base dessa proposta doutrinária repousa um paradoxo de difícil solução: a união do Cristo Messias com o Judaísmo. Explica-se.
Um dos pilares da fé judaica é a crença na vinda do Messias, ao contrário dos cristãos, que professam que Ele já se manifestou, na figura de Jesus. Ou seja, ao afirmarem-se como judeus, mas ao mesmo tempo defenderem que o Salvador já veio, expõem uma indefinição inerente ao movimento. Segundo os estudiosos, o grupo seria, em si mesmo, contraditório, pois as duas ideias são inconciliáveis. "O Judaísmo e a ideia de Cristo como o Messias são excludentes entre si", afirma o teólogo Sandro Bussinger, da Igreja Reformada de Belo Horizonte. "A cosmovisão, a exegese, a teologia e a ecleseologia são diferentes entre os judeus autênticos e os messiânicos."
Alheios à polêmica, enquanto pregam o caráter messiânico de Jesus, os seguidores do movimento pautam sua vida segundo os princípios dos judeus tradicionais: seguem os preceitos estabelecidos pela Torá — o livro sagrado do Judaísmo —, guardam o sábado, não comem carne de porco e fazem a circuncisão de seus filhos. Segundo afirmam, ao aceitar Cristo como Messias eles não estariam se convertendo ao Cristianismo, mas, antes, tornando-se judeus legítimos. "Buscamos seguir o princípio da lei judaica para nos realizarmos como judeus verdadeiros", diz o rabino messiânico Marcelo Guimarães, de Belo Horizonte.
O movimento, contudo, não é reconhecido pelos judeus tradicionais. "Não os consideramos como parte da comunidade judaica", afirma o rabino Leonardo Alanati, da Congregação Israelita Mineira. "Como judeus, não cremos que o Messias já tenha surgido, pois, quando isso acontecer, a Terra voltará à sua condição paradisíaca, sem guerras, pobreza ou injustiça social, com a natureza no mais perfeito equilíbrio. E todos podemos ver que isso ainda não aconteceu." Os judeus messiânicos, por sua vez, discordam dessa avaliação. "Nosso movimento é autenticamente um Judaísmo bíblico, pois considera o pai Abraão, Moisés, David, os profetas, assim como os judeus", afirma Marcelo Guimarães.
Seja como for, o movimento conta hoje com cerca de 1,5 milhão de seguidores no mundo, concentrados principalmente nos Estados Unidos, onde fica a sede da Union of Messianic Jewish Congregations, que reúne todas as congregações judaicas messiânicas no mundo. No Brasil, onde chegou há cerca de dez anos, são em torno de l 300 integrantes, segundo o último levantamento realizado pelo movimento.


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Fonte:
Revista das Religiões. Edição 12 - Agosto de 2004. Editora Abril. São Paulo, pág. 10.

Jesuíta Biólogo: O pioneiro Anchieta

Jesuíta Biólogo: O pioneiro Anchieta
Por: Maria Fernanda Ziegler
Beato foi o primeiro europeu a explorar o poder curativo das ervas brasileiras
O padre José de Anchieta, morto há 410 anos, foi o introdutor do teatro em terras brasileiras. E também o primeiro a escrever uma gramática em língua tupi. Além disso, fez nascer o cateretê, o embrião da música popular brasileira, ao misturar poemas religiosos com a música indígena. Mas suas ações pioneiras não se restringiram às artes. Anchieta também se aventurou pela biologia.
Cobiçadas hoje por cientistas e laboratórios no mundo inteiro, as plantas brasileiras despertaram sua atenção no século 16. Os jesuítas perceberam que a medicina poderia ajudá-los a se infiltrar na cultura tupi-guarani. "De início, os remédios vinham do reino, mas logo os padres foram conhecendo as substâncias utilizadas pelos indígenas", diz a historiadora Maria Aparecida Lomonaco. "José de Anchieta é o nome-símbolo das artes médicas no Brasil do século 16."
Anchieta e outros oito padres chegaram ao Brasil em 1553, com o segundo , governador-geral do país, Duarte da Costa. No livro Os Jesuítas, o historiador inglês Jonathan Wright afirma que a Companhia de Jesus foi a primeira ordem da Igreja Católica que teve intenção ativa — e não apenas contemplativa. Eram os tempos da contrarreforma católica e os jesuítas tinham a missão de expandir o catolicismo nas novas terras descobertas na América.
Por aqui, esbarraram na figura do pajé - que tinha, entre suas incumbências, a de curar as enfermidades nas tribos. Os padres depararam com fórmulas e métodos diferentes para a cura. E assim Anchieta foi aprendendo, por exemplo, que o maracujá era indicado para baixar a febre. Ou que o guaraná curava a disenteria. E passou a usar essas plantas também.
Para os tupis-guaranis, as doenças eram provocadas por espíritos maus. A terapêutica indígena consistia na mescla de religiosidade com a aplicação de substâncias da flora local. E foi exatamente essa falta de conhecimento científico dos nativos um dos trunfos dos jesuítas para a conquista da população indígena.
Nos tempos do descobrimento, doenças terminais eram muito raras entre os índios. Caso isso acontecesse, o doente era desenganado pelo pajé e abandonado pelo grupo. Nesses casos, os jesuítas utilizavam os conhecimentos médicos aprendidos na metrópole — e, além da cura do doente, obtinham sucesso no processo de evangelização. Para Maria Aparecida, a assistência médica, ainda que prestada no âmbito da caridade cristã, foi uma arma poderosa na catequese. "Era a forma mais eficiente de promover o descrédito dos pajés."


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Fonte:
Revista Aventuras na História. Edição 43 - Março de 2007. Editora Abril. São Paulo, pág.8.

Origem do Cabide

Cabide
Por: Juliana Parente
Ele tem 4 mil anos, mas já foi trocado por baús por conta da moda medieval
O cabide tem mais de 4 mil anos, mas continua com a mesma carinha. Na primeira imagem que se conhece do acessório, ele está nas mãos da deusa Atena, grafado numa ânfora de 250 a.C. - e é bem parecido com o que a gente tem em casa. Hieróglifos extraídos de um sarcófago de 2000 a.C., atualmente em exposição no Museu do Cairo, já faziam referência ao objeto, presente no cotidiano das rainhas e dos reis egípcios.
O uso do cabide, no entanto, era diferente. A ideia não era manter a roupa pendurada, facilitando a escolha. Eles eram usados apenas como um recurso para ajudar a preservar as túnicas, cerzidas em tecidos muito delicados, como a seda. Dispostos na vertical e em local ventilado, os trajes acabavam durando mais. Durante a Idade Média, porém, os cabides desapareceram. Como a moda era usar uma roupa que mais parecia um carnisolão de lã, linho ou algodão, que não precisava de cuidados especiais, tudo era mantido em arcas. Segundo o historiador Philippe Ariès em A História da Vida Privada, a situação só começaria a mudar a partir do século 14, quando os móveis ganham um caráter mais permanente. Aos poucos, os baús passaram a ser tidos como objetos de arte até o momento em que, finalmente, cederiam lugar ao guarda-roupa, com suas prateleiras e suportes para pendurar.
Daí à popularização dos cabides, porém, foi uma longa jornada. Em 1903, o canadense Albert Parkhouse inventou o modelo mais popular já produzido até então. Segundo o Museu do Cabide (acervo online montado pela Auburn University, no Alabama), o departamento de patentes americano registrou cerca de 200 versões de penduradores na primeira década do século 20: para camisas, saias, casacos, modelos dobráveis e mais toda a sorte de variações que as necessidades puderam sugerir.


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Fonte:
Revista Aventuras na História. Edição 41 - Janeiro de 2007. Editora Abril. São Paulo, pág.18.

À mesa, com os fenícios

À mesa, com os fenícios
Por: Guta Chaves
Conhecidos por terem sido os inventores do alfabeto, os fenícios se destacaram na história por sua habilidade como navegadores (há quem diga que eles chegaram até a América do Sul e também por sua grande habilidade como comerciantes). Dessa forma, eles foram ao mesmo tempo criadores e propagadores de cultura, fazendo uma espécie de intercâmbio entre os vários lugares por eles visitados.
As colônias fenícias do Ocidente, que incluem Cartago (atual Tunísia), conservavam as tradições gastronômicas da sua metrópole. Como mantinha o controle do comércio do Mediterrâneo, Cartago era a mais expressiva delas e difundiu pela região os costumes alimentícios de sua pátria-mãe. O principal prato era o puls, um cozido de cereais que incluía queijo, mel e ovos. Colocava-se 500 g de farinha na água e dissolvia-se bem, derramava-se numa terrina (forma), juntando ao preparo 1,5 quilo de queijo fresco, 250 g de mel e um ovo. Misturava-se tudo muito bem e levava-se para cozinhar numa panela. O prato foi citado por Catão, o Velho, famoso viajante da época. A alimentação mediterrânea — à base de cereais, hortaliças (couve, alcachofra), legumes, alho, frutas (figos, tâmaras, romãs), avelãs, amêndoas, pistaches, azeite e azeitonas —, adotada por esses povos era rica em nutrientes e incluía também carnes brancas. A pesca, por exemplo, era uma das atividades comerciais, sendo o peixe (dourado, salmonete, esturjão, moreia, linguado, atum —, este último conservado em salinas) outro alimento básico, assim como moluscos e crustáceos. Também comiam galinhas e, em ocasiões especiais, consumiam carnes, como a de carneiro e a de cabra, usando também seu leite e derivados. Os bolos de trigo eram alimentos diários e serviam também em rituais, pois foram encontradas oferendas de bolos decorados e preparados em formas de terracota.


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Fonte:
Revista História Viva. Ano III  - Nº 33 - Julho de 2006. Duetto Editorial. São Paulo, pág.11.

"Que imortal, posto que é chama"

"Que   imortal, posto que é chama"
Por: Pasquale Cipro Neto
Na prova de português da primeira fase da Fuvest 2000, a banca elaborou uma questão baseada neste trecho de Memórias póstumas de Eras Cubas:
"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo".
O enunciado da questão pedia aos candidatos que apontassem a ideia expressa pelo "particípio suposto". Seguiam-se cinco alternativas, entre as quais "concessão", dada como correia. Se se permite que alguém fume em um lugar em que habitualmente não se pode fumar, por exemplo, faz-se uma concessão e, consequentemente, gera-se contraste entre o fruto da concessão (permitir o fumo) e a norma (não fumar). Por trás da concessão, está, pois, o contraste, a oposição, o choque, a quebra da expectativa.
Que há ideia de concessão em "Suposto o uso vulgar seja..." é indiscutível. Como o próprio texto de Machado de Assis diz, a norma é começar pelo nascimento. O narrador, no entanto, quebra essa norma e começa pela morte, o que caracteriza o contraste, a oposição, base para a existência da concessão.
A questão da Fuvest esbarra, porém, num problema de nomenclatura (sempre ela, a nomenclatura!). "Suposto" não é particípio propriamente dito, como o chamou a banca. Se o fora, teríamos a chamada oração reduzida (aquela em que normalmente não há conectivo e o verbo aparece numa das formas nominais — gerúndio, infinitivo ou particípio). A tese do particípio e da oração reduzida é inviabilizada pela presença da forma "seja", do presente do subjuntivo do verbo "ser", e pela possibilidade da pura e simples substituição de "suposto" pela conjunção concessiva "embora": "Embora o uso vulgar seja começar pelo nascimento...". Nunca se soube de um particípio que equivalesse à conjunção "embora".
O fato é que, no texto de Machado, "suposto" realmente não é particípio; é conjunção que introduz oração de valor adverbial. A "surpresa" é confirmada pêlos dicionários, que dão a "suposto", "suposto que", "posto" e "posto que" valor concessivo. Essas conjunções ("suposto" e "posto") e locuções conjuntivas ("suposto que" e "posto que"), abundantes na obra de Machado, aparecem nela e nos dicionários como equivalentes a "embora", "ainda que", "se bem que".
O Aurélio dá dois exemplos de Ressurreição, do próprio Machado: "Como caráter, fazia-lhe a mãe grandes elogios, e eram fundados, posto fossem de mãe"; "Teve excelente recepção, posto que a viúva, sem deixar de ser cortês e graciosa, parecia um pouco reservada e preocupada". (É de notar o emprego da forma verbal "parecia", do imperfeito do indicativo, no lugar da mais provável "parecesse", do imperfeito do subjuntivo. Como já vimos em artigo anterior, Machado trabalha como mestre a questão dos tempos e modos verbais.) Aulete dá dois exemplos de Herculano: "Um simples cavaleiro, posto que ilustre"; "E, posto que a luta fosse longa e encarniçada, venceram".
Em "Um boi vê os homens", Drummond também faz uso de "posto" com valor concessivo: "Tão delicados (mais que um arbusto) e correm e correm de um para outro lado, sempre esquecidos de alguma coisa. Certamente, falta-lhes não sei que atributo pessoal, posto se apresentem nobres e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves, até sinistros".
Já Vinicius, em seu popularíssimo "Soneto de fidelidade" ("De tudo, ao meu amor serei atento antes..."), deu a "posto que" valor de causa ou explicação, que os dicionários não "legitimam": "Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure". O fato é que, legítimo ou ilegítimo, o valor explicativo ou causal de "posto que" parece sacramentado, talvez justamente pela popularidade de Vinicius, de seu texto e de seu uso "espúrio".
Até a próxima. Um forte abraço.

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Fonte:
Revista Cult. Ano IV  - Nº 38 - Setembro de 2000. Lemos Editorial & Gráficos. São Paulo, pág.14.