A épica de Basílio da Gama e Santa Rita
Durão
O arcadismo
brasileiro cultivou, a par das poesias lírica e satírica, a poesia de cunho
épico. Seus principais representantes foram Basílio da Gama, autor de O Uraguai, e Santa Rita Durão, autor de
Caramuru, ambos poemas épico-indianistas.
O Uraguai é um poema em cinco cantos, em
versos brancos e estrofação livre, que se distancia do esquema tradicional,
sugerido pelo modelo camoniano. A matéria da ação épica é limitada: narra a
expedição empreendida por espanhóis e portugueses contra os índios e jesuítas
habitantes da Colônia de Sete Povos das Missões do Uruguai, que segundo o
Tratado de Madri, de 1750, deveria passar a pertencer a Portugal, em troca da Colônia
do Santíssimo Sacramento, possessão portuguesa encravada em águas e território
espanhol. Mas os índios, apoiados pelos jesuítas, se recusaram a ser súditos
portugueses. Portugal e Espanha iniciam então a expedição de conquista em 1756,
sob o comando do comissário real Gomes Freire de Andrade; é dessa fase final
que trata o poema de Basílio.
O poema
inicia-se em plena ação:
Fumam ainda
nas desertas praias Lagos de sangue tépidos e impuros Em que ondeiam cadáveres
despidos, Pasto de corvos. Dura inda nos vales O rouco som da irada artilharia.
O Caramuru,
de Santa Rita Durão, segue rigorosamente os moldes camonianos de Os lusíadas:
compõe-se de dez cantos, em oitava rima, e observa a divisão tradicional em
partes: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo. Sua matéria
épica tem como ação central o naufrágio, salvamento e aventuras de Diogo
Álvares Correia, o Caramuru.
O Caramuru
apresenta características nativistas: retoma temas e motivos de louvor da
terra, do clima, das riquezas naturais, entre outros, em longas enumerações descritivas.
Apresenta o elemento indígena por meio do relato de seus hábitos, costumes,
instituições.
Já Basílio
da Gama estrutura seu poema épico subvertendo o esquema tradicional, absorvendo
de Camões, entretanto, a sugestão poética em termos mais líricos do que épicos.
Conseguiu com isso criar um poema em que ganham extraordinário relevo o
colorido e a plasticidade da linguagem.
O elemento
indígena já sofre, em O Uraguai, um
tratamento literário que se distancia da preocupação informativa, presente, por
exemplo, num Frei José de Santa Rita Durão.
Tanto O Uraguai quanto Caramuru apresentam, em meio à especificidade de sua matéria épica,
momentos líricos de significativa beleza. Esses episódios despertam interesse,
pois ao lado dos aspectos próprios da cultura indígena está o tema universal da
morte por amor.
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Fonte:
Português: linguagens - Literatura, Gramática e Redação, por: William Roberto Cereja e Thereza Anália Cochar Magalhães. Atual Editora, 1 ª Edição. São Paulo, 1990, págs. 251-252.
Fonte:
Português: linguagens - Literatura, Gramática e Redação, por: William Roberto Cereja e Thereza Anália Cochar Magalhães. Atual Editora, 1 ª Edição. São Paulo, 1990, págs. 251-252.
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