quinta-feira, 7 de julho de 2016

Abraão

Abraão (pai duma grande multidão; originalmente Abrão, pai exaltado).
Progenitor de povo hebraico, nasceu em Ur Casidim. Ur dos caldeus, propriamente, Ur dos babilônios, no sul da Babilônia, ou ainda Uri, nome sumeriano de Acade. Tábuas de contrato -  tábuas feitas de barro com pactos inscritos enquanto massa molhada e postas a secar em lugar próprio — revelam que na era de Abraão, negociantes cananeus — ou "amorreus", como eram chamados pelos babilônios, falando a língua de Canaã, Isa. 19:18 — o hebraico — fixaram residência na Babilônia. Em uma tábua-datada no reinado do avô de Hamurabi, o Anrafel de Gên. 14:1, uma das testemunhas é chamada "o amorreu, filho de Abjramu", isto é, Abrão. Em emigrar para o oeste. Terá agiu de conformidade com o costume dos babilônicos e dos amorreus. Assim foi parar em Harã da Mesopotâmia, cidade edificada pelos reis da Babilônia. O deus lunar, no seu grande templo erguido no centro da cidade, era o padroeiro de Ur, como também de Harã.
Mesmo em Canaã, Abraão estava sob a influência e o governo da Babilônia. Em primeiro lugar, acampou debaixo do terebinto de Moré, defronte de Siquém; então foi a Betel, depois para o Egito, que nesse tempo era governado pelos reis hiksos, conquistadores vindos da Ásia, em cuja corte naturalmente, todo asiático era bem-vindo. Zoa, capital dos hiksos, ficava no nordeste do delta; assim, um viajante vindo da Ásia chegaria sem dificuldade, à presença de Faraó. Entre outros bens, Abrão possuía muitos camelos, animal peculiar à Ásia, porém, só utilizado no Egito depois na era cristã.
Quando o patriarca voltou para Canaã, foi abandonado por seu sobrinho Ló que ficara em Sodoma, tornando-se, assim, cananeu. Os príncipes cananeus do vale de Sidim se rebelaram contra os seus senhores babilônios e por isso um exército comandado por Quedorlaomer de Elão, senhor feudal da Babilônia, os combateu. Sob seu comando marcharam Anrafel de Sinar (isto é, da Babilônia setentrional), Arioque de Elasar e Tidal, que eram reis. Nomes semelhantes foram encontrados nas inscrições babilônicas.
No tempo dessa invasão, Abrão, o confederado de três comandantes amorreus, morava em Manre ou Hebrom. Ao saber que seu sobrinho era cativo do exército invasor, o patriarca e seus aliados acossaram o inimigo até perto de Damasco, retomando os cativos e seus despojos. Na sua volta o conquistador é saudado por Melquisedeque, sacerdote-rei de Jerusalém.
Abrão teve um filho, Ismael, com a escrava egípcia Agar. O nome Ismael é encontrado nos documentos babilônicos da era de Hamurabi, rei da Babilônia. Quando Ismael estava com a idade de treze anos, Abrão e todos os homens de sua família foram circuncidados. No Egito, a circuncisão fura praticada em data imemorável, no entanto, tornou-se o seio do Pacto entre Deus e a descendência de Abrão, cujo nome, ao mesmo tempo, foi mudado para Abraão, significando assim que ele não era mais babilônio. Pouco depois as cidades pecaminosas da campina, ou do vale de Sidim, foram destruídas por fogo e enxofre. Abraão intercedera, em vão, pelos pecadores; escapou somente Ló com suas filhas, que se tornaram progenitoras de Amom e Moabe.
Em seguida encontramos Abraão em Gerar, ao sul de Gaza. Nessa região nasceu Isaque: foi ali também que Deus provou Abraão, para que em conformidade com os ritos cananeus, em um monte na terra de Moriá, ele sacrificasse seu filho unigênito, o herdeiro da repetida promessa de uma grande nação que havia de possuir a terra de Canaã. Deus, porém, mandando sustar o sacrifício de Isaque, mostrou a Abraão que ele não exigia essa absurda oferta determinada pela religião pagã. Sua mulher Sara (em assírio Sarrat, isto é, rainha), morre em Hebrom e é sepultada no campo de Macpela, que o patriarca comprara por quatrocentos siclos de prata, dos hiteus que aí moravam. Os detalhes desse ajuste concordam com o processo legal babilônico a tais transações.
Nessa época Abraão envia seu servo a Harã, na Mesopotâmia, a fim de buscar uma mulher para seu filho Isaque, entre seus parentes. Consequentemente, Rebeca, irmã de Labão, tornou-se mulher de Isaque. Abraão foi, por parte de sua segunda mulher Quetura, progenitor de varias tribos da Arábia central. Mais tarde morre Abraão e é sepultado em Macpela.
Abraão era amigo de Deus, glorioso protótipo de obediência, de justiça, de fé, pai dos fiéis, fundador da raça hebraica, o zeloso protagonista da religião de Jeová.

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Fonte:
Conciso Dicionário Bíblico (Ilustrado), por: D. Ana e S.L. Watson. Imprensa Bíblica Brasileira, 14ª Edição. Rio de Janeiro, 1986, págs. 7-8.

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