O futuro das editoras
Durante mais
de quatrocentos anos as editoras publicaram somente ou principalmente livros.
Depois de ser inventado e popularizado o disco, as editoras de livros de ensino
de idiomas começaram também a publicar discos, para reproduzir a pronúncia dos
idiomas a serem aprendidos. Com a divulgação e o barateamento dos projetos de
eslaides, dos filmes de dezesseis e depois de oito milímetros, e ultimamente de
videocassetes, as editoras de livros didáticos no exterior entraram nestas
áreas. No Brasil, só houve algumas tentativas tímidas. As tendências
pedagógicas modernas, com o enfoque do audiovisual e do elemento lúdico na
aprendizagem, obrigarão as editoras didáticas, cada vez mais, a diversificar
suas publicações.
Mas também o
livro científico — por exemplo na área da medicina — está sendo complementado
por videocassete, eslaides, cassetes de som. Na Europa e nos Estados Unidos, um
vasto campo novo merece destaque, inclusive nas revistas especializadas: é a
área de electronic publishing
(edições eletrônicas). São programas, cassetes, disquetes para o ensino formal
e informal, para a aprendizagem escolar ou complementar, para jogos,
experiências, etc. Tudo isto é hoje suplemento do livro impresso. Amanhã poderá
vir a ser o produto principal, complementado com material impresso. Claro que,
quando foi inventado o rádio, muito gente achava que o hábito da leitura
diminuiria. Quando apareceu a televisão, foi profetizado o fim do livro de
entretenimento, da informação popular, etc. Mas o número de títulos publicados
e de exemplares vendidos por ano aumentou.
Divulgados o
microcomputador e o processador de palavras, novamente se anuncia o fim da era
do livro (McLuhan — que difundiu suas ideias através do livro impresso em papel
e encadernado de forma tradicional — anunciou o iminente fim do livro há quase
trinta anos).
Dificilmente
isto ocorrerá num prazo curto. O livro continua sendo o meio mais econômico,
mais elástico, mais adaptável às circunstâncias, mais transportável, repetível
e consultável existente. Mas isto não significa que outros meios não possam ou
devam ser intermediados pelas editoras.
Mudaria o
portador de algumas mensagens — o papel impresso. Mas a presença de um
intermediário entre o autor e o público ainda seria necessária: selecionando,
animando, propondo, modificando, ajudando.
É
perfeitamente imaginável que, em futuro não muito remoto, um livro científico
de razoável especialização não mais seja publicado em forma de livro, em
tiragem pequena; portanto, a um preço relativamente elevado e exposto a ser
xerocado. O autor escreverá num processador de palavras. A editora cuidará da
editoração em processador compatível e, em vez de mandar compor e imprimir em
uma componedora a partir deste disquete, o próprio disquete será comercializado
junto ao público especializado na área.
Resumindo:
certamente o programa, a gama de produtos das editoras de livros irá se
ampliar, não só oferecendo material de apoio para maior facilidade de uso e
entendimento dos livros, mas também transmitindo melhor as ideias do autor.
Precursores desta linha de desenvolvimento são os grandes grupos de
comunicação, que abrigam sob seu teto editores tradicionais, canais de TV,
marcas de discos e cassetes, vendidos individualmente, utilizáveis em qualquer
lugar, por uma pessoa ou por grupos. Mas o livro continuará sendo, por muito
tempo, o meio que o editor usará para transmitir as ideias de um autor a um
público leitor.
E mesmo
mudando o meio de transporte (cassete, vídeo, disquete) da mensagem do autor
para seu público, a tarefa do editor como veiculador desta mensagem ainda será
imprescindível.
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Fonte:
O que é Editora, por: Clóvis Rossi (In: O que é Editora in: Jornalismo - Editora - Cinema, Clóvis Rossi, Wolfgang Knapp e Jean-Claude Bernardet). Círculo do Livro. São Paulo, 1994, págs. 117-118.
Fonte:
O que é Editora, por: Clóvis Rossi (In: O que é Editora in: Jornalismo - Editora - Cinema, Clóvis Rossi, Wolfgang Knapp e Jean-Claude Bernardet). Círculo do Livro. São Paulo, 1994, págs. 117-118.
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