A Beleza Renascentista
O claro é
melhor que o escuro em pintura? Existe um padrão de harmonia e equilíbrio para
avaliar todos os objetos produzidos por culturas diferentes? Por que o homem
precisa repetir as imagens que conhece? Por que precisa destruir o que é
diferente?
Todos os
referenciais de beleza em que se baseavam os homens renascentistas perdem
sentido quando utilizados como instrumentos de medida em outras culturas.
Os
descobridores foram aqueles que enfrentaram o choque entre o padrão cultural
europeu e o indígena. O confronto ocorreu exatamente no momento em que o
europeu possuía o domínio pleno do espaço (viagem de circunavegação), e por
esse motivo se considerava superior a todos aqueles que não desejavam
conquistar o mundo.
A perspectiva
favoreceu o fortalecimento da ideia de equilíbrio, excluindo do imaginário uma
infinidade de variantes. Esse é o caso de todas as representações produzidas
pelos astecas, maias e inças, que não estavam restritas à cópia da figura
humana.
Devemos perceber,
como processos concomitantes, descobrimentos e Renascimento. Só assim poderemos
compreender por que Cortês destoai Tenochtitlán (hoje cidade do México), apesar
de ter admirado a beleza e o funcionamento.
A população
gostava de flores, e com elas enfeitava sua cidade. Parte da circulação era
feita por canais e a água era trazida por aquedutos. O centro comercial
situava-se em Tlateloco, onde compareciam por mia de 25 mil pessoas, indicando
nesse movimento constante de compra e venda uma boa rede de distribuição de
mercadorias. A cidade contava com 100 mil casas envolvendo uma população
superior a 500 mil habitantes.
A "perfeição"
da cultura europeia nas obras renascentistas
não permitia que o descobridor reconhecesse uma outra imagem, diferente da sua,
também como "perfeita". Para excluir as diferenças entre as diversas
regiões do globo era necessário privar de vida as culturas em confronto,
transformando-as em fragmentos.
A perda foi
grande. Parte dos costumes e tradições dos indígenas foram destruídos. Cortês e
outros conquistadores mandaram matar os sacerdotes, destruir seus ídolos e os
documentos que continham as tradições indígenas. Apesar de tanta destruição, o
perfil indígena se manteve na América. Imitando e repetindo os europeus,
comemorando a morte como sempre faziam em seus rituais, mantiveram vivas as
lembranças.
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Fonte:
Descobrimentos e Renascimento, por: Janice Theodoro. Editora Contexto, 1991, págs. 59-60.
Fonte:
Descobrimentos e Renascimento, por: Janice Theodoro. Editora Contexto, 1991, págs. 59-60.
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