Sêneca: vida e obras do autor
1. A vida de Sêneca
A vida de
Sêneca apresenta quatro fases bem distintas de existência: mocidade, exílio
político, professor de Nero e velhice com fim trágico,
1. Nascimento, juventude e mocidade:
1.1 - Nasceu
em Córdoba, na Espanha. No ano 4 a.C., sua família se transferiu para Roma.
O pai de
Sêneca ingressou na ordem equestre e adquiriu fama como intelectual e orador.
A mãe,
Helvia, terá suas virtudes celebradas pelo filho na obra De Consolatione.
Dos seus
dois irmãos, o menor. Marco Âneo Mela. será o pai do poeta Lucano.
1.2 - Em
Roma, o menino Sêneca recebe os primeiros ensinamentos de professores adeptos
da filosofia estoica: Átalo, Sazião e Papírio Fabiano.
No ano 26,
encerra seus estudos e vai para o Egito a fim de cuidar da saúde. Ali. fica com
parentes, até completar a idade de 35 anos.
De volta
para Roma, entra na vida pública e oficial como participante da questura com
atuação direta, no foro, em questões relativas à justiça criminal.
1.3 - No ano
39, um discurso pronunciado, no foro, provocou a ira de Calígula. Quem o salvou
da morte foi uma amante do Imperador. Ela o convenceu para não tomar medida
drástica contra Sêneca porque a saúde frágil logo o levaria para a sepultura.
Aliás, dessa sua fragilidade física, Sêneca fala na carta a Lucílio. Na carta
104, ele descreve seu estado de saúde precária. Ali, declara: "O médico
dizia que era algo só principiante porque a batida do pulso indicava uma agitação
mal definida de algo que perturbava as condições normais do organismo."
1.4 Após a
morte do Imperador Augusto, (14 d.C.), o sucessor dele, Tibério, enfrenta
dificuldades no panorama político porque a nobreza pleiteava o retorno ao
regime republicano para limitar os poderes imperiais. Tibério assumiu atitudes
severas, até violentas, contra as classes da aristocracia.
1.5 Sobrevêm
a morte de Tibério. O Senado elege Calígula, mas logo decepciona-se com o
escolhido. Embora com respaldo junto ao povo e às forças armadas, Calígula era
devasso e mesmo mentalmente desequilibrado. Era mesmo visto pela nobreza como
demente. Assassinado, precocemente, não teve tempo de designar seu sucessor.
Assim, os militares proclamaram Cláudio César Germânico, tio de Calígula. Foi,
a seguir, confirmado pelo Senado.
O período de
governo de Cláudio vai de 41 a 54. Sua primeira esposa, Messalina, ficou
notória pela traição conjugal e por isso foi condenada à morte pelo Imperador.
A segunda esposa, Agripina consegue que Cláudio designasse como seu futuro
sucessor, o filho dela, Nero. Cláudio morreu envenenado.
II. Exílio político
2.1 -
Durante os anos entre 41 e 48, Sêneca reside na ilha de Córsega como exilado.
Ele fora acusado de adultério com uma dama da corte imperial. Ali, em região
selvagem e inóspita, longe da política agitada da capital, Sêneca se entrega à
produção intelectual. Datam de então suas melhores obras de filosofia na linha
da corrente estoica.
2.2 - Nesse
período, Sêneca escreve a obra Consolo
para minha mãe Hélvia, onde analisa o problema da dor pela ausência de um
ente querido. Em outra obra denominada Sobre
a brevidade da vida, ele defende, com brilho, a tese da supremacia da vida
moral sobre a materializada no afago dos prazeres sensuais. Enfim, no De Constantia sapientis, destaca a
soberania inabalável do verdadeiro sábio que sabe como cultivar as virtudes que
florescem na seara "da honestidade.
2.3 - No ano
43, escreve o Consolatio ad Polybium,
um amigo seu liberto muito influente na corte de Cláudio. Soneca o consola pela
perda de parentes próximos.
III. Professor de Nero
3.1 - No ano
49, por influência de Agripina (agora, mulher de Cláudio), Sêneca retorna para
Roma, onde é designado preceptor do futuro imperador, Nero.
3.2 Com
apenas dezessete anos de idade, Nero ó eleito imperador. Sêneca e outros
preceptores o assessoram como conselheiros. Graças a essa ajuda, os primeiros
sete anos do jovem imperador fizeram lembrar os anos felizes dos tempos de
Augusto. Sob a vigilância assídua de Sêneca e Afrânio Burro, prefeito do
Pretório, Nero controlou sua índole perversa.
Foi, neste
período de presença no palácio imperial, que Sêneca escreveu as obras A tranquilidade da alma, A clemência, A vida
feliz e Os benefícios.
3.3 - Entrementes,
Agripina entra em conflito com o filho. Este manda matar a mãe. Daí para
frente, Nero desequilibra de vez. Ingressa na vida dissoluta de festins e
bebedeiras, fazendo-se de poeta e músico, sem temer a ignomínia a que se expunha
perante todos.
3.4 - Sêneca
pede afastamento da vida pública. Retira-se para a solidão e entrega-se aos
estudos da filosofia moral. Isso ocorre entre 62 Q 65.
3.5 - Como
tinha recebido de Nero riqueza vultuosa, propõe restituir tudo ao imperador que
não aceitou a devolução.
Assim mesmo
Sêneca utiliza seus bens para beneficiar, largamente, os amigos. Passa a viver
seus últimos anos, na simplicidade de relativa pobreza, dedicado aos estudos da
ética estoica.
3.6 - Longe
do fausto da corte e das loucuras de Nero, Sêneca escreve que, "com alma
alegre e radiante, devemos encerrar o dia, dizendo: vivi, cumpri meu curso
vital. O amanhã é ganho, se deus nô-Io conceder." (Cana 12, 9)
3.7 - No ano
65, descobre-se uma conjuração contra Nero. O Imperador acolhe a suspeita de
que Sêneca seria o mentor do movimento. Exige que ele se suicide. Tácito (Annales XV, 60-5) narra os últimos
momentos do filósofo que morre, confortando a esposa e os amigos.
Luiz Feracine
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Fonte:
A Tranquilidade da Alma. A Vida Retirada, por: Sêneca. Tradução: Luiz Feracine. Editora Escala. São Paulo, s/d, págs. 7-10.
Fonte:
A Tranquilidade da Alma. A Vida Retirada, por: Sêneca. Tradução: Luiz Feracine. Editora Escala. São Paulo, s/d, págs. 7-10.
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