segunda-feira, 4 de julho de 2016

Biografia de Darwin

Charles Darwin: vida e obra do autor
Charles Robert Darwin foi talvez o mais revolucionário biólogo e naturalista que já viveu. Este cientista britânico fundou as bases da teoria moderna da evolução com seu conceito do desenvolvimento de todas as formas de vida por meio de um processo lento de seleção natural. Seu trabalho foi decisivo para as ciências da vida e da terra. Darwin mudou todo o pensamento moderno em geral.
Nascido em Shrewshury. Shropshire. Inglaterra, em 1809, Darwin foi o quinto filho de uma rica e sofisticada família inglesa. Depois de se graduar na escola em Shrewsbury em 1825, Darwin ingressou na Universidade de Edinburgh para estudar medicina. Entretanto, em 1827 abandonou os estudos e entrou na Universidade de Cambridge com o objetivo de se tornar ministro da Igreja Anglicana. Foi em Cambridge que Darwin conheceu duas figuras que iriam despertar seu interesse pelas ciências naturais: o geólogo Adam Sedgwick e o naturalista John Stevens Henslow.
Foi com Henslow que Darwim aprendeu a ser um observador meticuloso e cuidadoso dos fenómenos naturais e a ser um colecionador de espécimes. Depois de se graduar em Cambridge em 1831 - aos 22 anos - foi convidado para viajar como naturalista a bordo do barco inglês de investigação HMS Beagle. Por causa das boas recomendações de Henslow, Darwin embarcou sem pagamento numa expedição científica ao redor do mundo.
A tarefa de Darwin como um naturalista a bordo do Beagle lhe deu a oportunidade de observar as diversas formações geológicas em diferentes continentes e ilhas ao longo do percurso, bem como uma ampla variedade de fósseis e organismos vivos. Em suas observações geológicas, Darwin se impressionou com o efeito que as forças naturais tiveram na forma da superfície da terra.
À época, a maioria dos geólogos aderiu à teoria da catástrofe, que teorizava que a terra experimentou uma sucessão de criações de vida animal e vegetal, e que cada criação tinha sido destruída por uma catástrofe repentina, como um levantamento da superfície da terra. De acordo com essa teoria, a mais recente catástrofe, o dilúvio universal, eliminou toda a vida exceto aquelas formas que se salvaram na arca. O resto poderia ser visto apenas na forma de fósseis. Do ponto de vista dos chamados "catastrotístas", as espécies foram criadas individualmente e eram, sobretudo, imutáveis.
A teoria dos "catastrofistas" foi questionada pelo geólogo inglês Sir Charles Lyell em seu trabalho de dois volumes Princípios de Geologia (1830 - 1833). Lyell sustentava que a superfície da terra estava sofrendo uma mudança constante, como resultado das forças naturais que operam uniformemente durante longos períodos de tempo.
A bordo do Beagle, Darwin descobriu que muitas de suas observações se encaixavam perfeitamente na teoria "uniformista" de Lyell. Notou, por exemplo, que certos fósseis de espécies pretensamente extintas lembravam sobremaneira espécies vivas na mesma área geológica. Nas ilhas Galápagos, na costa de Equador, observou que cada ilha tinha sua própria forma de tartaruga terrestre; e essas diversas formas estavam relacionadas diretamente, mas diferiam na estrutura c nos hábitos de alimentação em cada uma das ilhas. Darwin concluiu que estas espécies não tinham aparecido nesse lugar, e que tinham migrado para Galápagos vindas do continente. Darwin não percebeu naquele momento que os tentilhões das diferentes ilhas do arquipélago pertenciam a espécies diferentes. Ambas as observações originaram a pergunta, para Darwin, de possíveis cruzamentos entre espécies diferentes, porém similares.
Depois de regressar à Inglaterra em 1836, Darwin começou a organizar suas ideias sobre a habilidade das espécies de se modificarem. A explicação que encontrou de como evoluíram os organismos lhe surgiu depois de ler Um Ensaio do Princípio da População de 1798, de autoria do economista britânico Thomas Robert Malthus, que explicou como as populações humanas mantinham o equilíbrio. Malthus dizia que nenhum incremento na disponibilidade de comida para a sobrevivência humana básica poderia compensar o ritmo geométrico do crescimento da população. O último, portanto, tinha que ser verificado pelas limitações naturais como a fome e a doença, ou por ações humanas como a guerra.
Darwin aplicou imediatamente o raciocínio de Malthus aos animais e às plantas, e em 1838 tinha elaborado já um esboço da Teoria da Evolução por meio da Seleção Natural. Durante as duas décadas seguintes trabalhou em sua teoria e outros projetos de história natural.
A teoria de Darwin só se tornou pública pela primeira vez em 1858 num documento apresentado junto com outro de Alfred Russel Wallace. A teoria completa de Darwin foi publicada somente em 1859, com o nome que leva esta publicação, A Origem das Espécies. A obra ficou conhecida como "O livro que abalou ao mundo". A Origem das espécies se esgotou no primeiro dia da publicação e o mesmo ocorreu com seis edições posteriores.

A OBRA
A teoria da evolução por seleção natural de Darwin tratava essencialmente que, devido ao problema do fornecimento de alimento descrito por Malthus, as crias nascidas de quaisquer espécies competem intensamente pela sobrevivência. As que sobrevivem darão origem à próxima geração, que por sua vez tende a incorporar variações naturais favoráveis - por mais sutis que essas possam ser —; e estas variações passam de maneira hereditária à prole. Portanto, cada geração melhorará sua adaptabilidade com relação às gerações precedentes, e este processo gradual e contínuo é a causa da evolução das espécies. A seleção natural é só uma parte do vasto esquema conceituai de Darwin; apresentou também o conceito de que todos os organismos relacionados são descendentes de ancestrais comuns. Além disso, forneceu apoio adicional para os conceitos anteriores de que a terra mesma não é estática, mas sim está sempre evoluindo.
As reações à Origem das espécies foi imediata. Alguns biólogos argumentaram que Darwin não pôde provar sua hipótese. Outros criticaram u conceito de variação de Darwin, argumentando que não pôde explicar nem a origem das variações nem como passaram às gerações sucessivas. Essa objeção científica, em especial, não foi contestada até o nascimento da genética moderna nos inícios do século XX. De fato, muitos cientistas continuaram expressando suas dúvidas durante os anos seguintes. Os ataques mais ferrenhos às ideias de Darwin não vieram dos cientistas, mas sim dos opositores religiosos. O pensamento de que coisas vivas tinham evoluído por processos naturais negava a criação especial da raça humana e relegava a humanidade ao mesmo patamar dos animais.
Darwin passou o resto de sua vida desenvolvendo diferentes aspectos de problemas surgidos em Origem das espécies. Seus livros posteriores, incluindo A Variação dos Animais e Plantas sob Domesticação (1868), O Descendente do Homem (1871), e A Expressão das Emoções nos Animais e o Homem (1872), foram exposições detalhadas de temas que estavam limitados a pequenas seções da Origem das espécies. A importância de seu trabalho foi reconhecida por seus contemporâneos; Darwin foi eleito para a Sociedade Real em 1839 e para a Academia Francesa de Ciências em 1878. Darwin faleceu em 1882.
André Campos Mesquita


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Fonte:
A Origem das Espécies, por: Charles Darwin. Tradução: André Campos Mesquita. Editora Escala. São Paulo, s/d, págs. 11-14.

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