domingo, 10 de julho de 2016

Bíblia e a História

Bíblia e a História
PROVAVELMENTE NENHUMA PORÇÃO da Bíblia tem sido mais completamente vindicada pela descoberta moderna do que aquelas porco - s que tratam da história do povo judaico e daquelas nações com as quais ele entrou em conta to. No passado, era costume da alta crítica atacar quase tudo quanto está mencionado na Bíblia, taxando-o de não-histórico, escrito muito depois dos supostos eventos terem ocorrido, ou, porque não, simplesmente fabricado pelo escritor. Entretanto, desde que começaram a ser acumuladas as descobertas arqueológicas, em verdadeira multidão, nestes últimos 75 anos, o pêndulo está balançando para o outro extremo, e a Bíblia é considerada, até mesmo por aqueles que não acreditam em sua inspiração, como um livro digno de confiança em alto grau, do ponto de vista histórico.
É fato bem conhecido que as mais antigas civilizações conhecidas no mundo foram as da Suméria, do Egito, da Babilônia, da Assíria e de outros países na região próxima às praias ocidentais do mar Mediterrâneo. Uma quantidade tremenda de pesquisa tem sido aplicada ao estudo das histórias dessas terras pelos modernos arqueólogos e historiadores. Seus achados ocupam literalmente centenas de volumes, e não podemos nem ao menos começar a considerar todos eles aqui. Entretanto, seria interessante examinar alguns poucos dos mais notáveis exemplos da vindicação ao relato bíblico pelos campos arqueológicos e outros relacionados.
Algumas das mais interessantes dentre as descobertas babilônicas e egípcias dizem respeito ao período antes do dilúvio. Nesses, como também em outros países, têm sido descobertas numerosas histórias acerca da criação, a queda, os patriarcas antediluvianos, e igualmente sobre o próprio dilúvio. Muitos desses relatos são extremamente parecidos com os relatos bíblicos e, visto que muitos deles antedatam a escrita do livro de Gênesis, por Moisés, os críticos ocasionalmente reivindicam que Moisés obteve seu material dessas fontes e, que, consequentemente, o relato do livro de Gênesis registra meras lendas, como as outras histórias também o são. Entretanto, a mera comparação entre o majestoso relato da Bíblia com a insensatez mitológica e fantástica de praticamente todas as outras histórias, serve de evidência suficiente para provar que o registro desses acontecimentos, apresentado na Bíblia, é incomparavelmente superior a todos os demais registros históricos combinados, fato esse que só pode ser explicado à base da inspiração. É apenas natural supor que algumas memórias de tão importantes acontecimentos, como a criação e o dilúvio, tenham sido transmitidas oralmente a todos os descendentes de Adão e de Noé. E é extremamente significativo que, a despeito de seu caráter obviamente lendário, esses registros espúrios demonstram notável semelhança com o relato dado na Bíblia. Parece certo que essas histórias, por conseguinte, devem possuir uma base real bem definida.
A história da dispersão dos povos, após a edificação da torre de Babel, é usualmente ridicularizada pelos críticos da Bíblia. Não obstante, é muito provável que uma parte da torre original continue de pé. Há poucos anos foram escavados os restos daquilo que parecia o maior dos zigurates babilônicos. Entretanto, foi descoberto nos registros babilônicos que essa torre já era antiga durante o clímax da civilização babilônica e que, em realidade, havia sido reparada e restaurada para uso em sua adoração idólatra. O historiador grego, Heródoto, cerca de 500 A.C. descreveu a estrutura, que consistia então de uma série de oito torres ascendentes, cada qual com um patamar e com um caminho espiralado ao redor, conduzindo até o cume. No alto havia um grande templo, que era empregado para a adoração aos deuses da Babilônia. A lenda babilônica dizia que essa torre fora originalmente edificada por Ninrode, isso coincide com os registros bíblicos. De fato, a região até hoje se chama Birsnimroud, pelos árabes. Essa grande estrutura tinha a altura de cerca de 230 metros, dos quais ainda restam algumas dezenas de metros. Se essa torre não é realmente a original torre de Babel, provavelmente pelo menos foi uma reprodução da mesma, o que de fato pode ser o caso de muitos dos antigos zigurates da Mesopotâmia.
Tem sido difícil encontrar evidência arqueológica direta que diga respeito aos primeiros patriarcas de Israel, antes do tempo de Josué. Isso, naturalmente, pode ser explicado pelo fato que Israel ainda não era uma nação; e seria uma coincidência extremamente afortunada se fossem encontradas relíquias pessoais de indivíduos tais como Abraão, Isaque, Jacó, José ou Moisés. Por outro lado, existe 'um grande acúmulo de evidência colateral que ilumina os relatos bíblicos, e que comprova que as descrições dos países, povos, e condições gerais de vida durante aqueles tempos, conforme apresentados na Bíblia, são perfeitamente exatos e devem ter sido escritos ou por testemunhas oculares dignas de confiança ou escritos sob a inspiração do Espírito Santo. Por exemplo, a cidade natal de Abraão é dada como Ur dos Caldeus. A localização e a própria existência desse lugar eram anteriormente incertas; em anos recentes, todavia, tudo tem sido descoberto e amplamente explorado. Os críticos anteriormente negavam que o Pentateuco pudesse ter sido escrito por Moisés, por dizerem eles que a arte da escrita era desconhecida durante o tempo da vida do patriarca. Entretanto, descobertas feitas em Ur e em outros lugares, têm provado além de qualquer dúvida que a escrita era arte já muito bem desenvolvida pelo menos durante muitas centenas de anos antes do próprio tempo de Abraão. Além disso, é interessante notar aqui que as "teorias de gabinete" da alta crítica, acerca da evolução gradual da cultura, da ciência, da religião, etc., estão sendo gradualmente demolidas em cada nova descoberta arqueológica. Explorações recentes, em grande número dessas antigas cidades tem revelado, por muitas e muitas vezes, que as civilizações descobertas e verificadas como mais antigas são justamente as superiores, e que houve uma degeneração constante das artes e ciências, com a passagem do tempo. Tem mesmo sido demonstrado que a religião do homem era originalmente monoteísta, e posteriormente essa se degenerou em politeísmo, e não vice-versa, conforme os críticos afirmavam anteriormente.
A destruição de Sodoma e Gomorra, pela chuva de fogo e enxofre caída do céu, soa muito parecido com uma erupção vulcânica, suposição essa que é amplamente confirmada em um exame da região anteriormente ocupada por essas cidades, nas margens do mar Morto. As grandes quantidades de enxofre e betume, bem como as rochas vulcânicas e os gases sulfúricos gerados no solo, apontam para algum horrendo holocausto do passado. Até o próprio caso sucedido com a esposa de Ló se torna mais claro à luz desses fatos. É provável que ela se tenha demorado para trás ( o sentido provável de "olhou para trás") e foi envolvida pela catástrofe. Há enormes camadas de sal nessa região, e é possível que ela tenha sido sepultada por uma massa de sal lançada para o ar. A palavra traduzida como "sal" não denota necessariamente o cloreto de sódio, mas pode significar qualquer composto químico cristalino. .É concebível que ela tenha sido sepultada pela lava e que mais tarde, através dos anos e pelas forças ordinárias da natureza, tenha se tornado, petrificada ou fossilizada, assim sendo realmente transformada em "sal". Esse mesmo fenômeno reconhecidamente sucedeu a um grande número de indivíduos na destruição vulcânica da cidade romana de Pompéia. Acresce que as explorações arqueológicas no local provam em definido ser a região habitada durante o tempo de Abraão, ainda que imediatamente após ficou por completo estéril a habitantes, assim permanecendo pelo espaço de cerca de dois mil anos.
O cativeiro dos hebreus, no Egito, bem como o êxodo, por causa das evidências arqueológicas são atualmente dados como acontecimentos históricos pelos críticos, embora anteriormente tenham sido reputados como lendários. As dez pragas, embora ainda não tenha sido descoberta qualquer evidência corroborativa a respeito das mesmas, têm conseguido obter nova significação com a descoberta que cada uma das pragas parece ter alvejado particularmente alguma fase da religião dos egípcios. As deidades do Nilo, as deusas das rãs, da mosca, do gado, os deuses da medicina, dos elementos, do sol, da fertilidade dos campos e, finalmente, a deusa do nascimento, todos sofreram golpes tremendos em termos de perda de prestígio nas mentes dos egípcios extremamente politeístas, por causa das pragas enviadas por Jeová. A arqueologia, ao assim revelar a religião dos egípcios no tempo de Moisés, consubstancia indiretamente os registros bíblicos e por certo lhes proporciona maior significação.
A respeito das peregrinações dos israelitas pelo deserto, pouco se sabe no tocante a registros de natureza secular, além do fato que um povo chamado Khabiri (possivelmente os hebreus) começaram a dominar os países da terra de Canaã cerca do tempo que a Bíblia atribui a tais conquistas. A conquista começou com a travessia do rio Jordão e com a destruição de Jericó, e ambos os eventos foram realizados por meio da ajuda miraculosa da parte de Deus. A Bíblia relata como, quando os sacerdotes que carregavam a arca da aliança pisaram na margem do Jordão, "...pararam-se as águas, que vinham de cima, levantaram-se num montão... então passou o povo defronte de Jericó". É interessante que coisa semelhante aconteceu pelo menos três vezes na história, a última vez em 1927. De cada vez foi provocada por uma deslocação de terras no curso superior de um rio, que deixou o leito do curso inferior do rio seco por diversas horas. O relato bíblico bem poderia descrever uma dessas deslocações de terra, miraculosamente operada, com o consequente represamento das águas.
A história da conquista de Jericó, que se seguiu a essa travessia, tem sido completamente vindicada pela arqueologia. Descobriu-se que os muros de Jericó literalmente "ruíram por terra, achatados". Tem sido sugerido que isso foi causado por um terremoto. É possível que assim tenha sucedido, mas o próprio acontecimento atesta a veracidade das Escrituras. Além disso, porém, foi descoberto que a própria cidade não foi despojada, conforme era o costume naqueles dias, mas antes, foi queimada, isso consubstancia ainda mais a história bíblica.
Um dos povos mais poderosos que os hebreus tiveram de enfrentar para entrar na Terra Prometida foram os hititas. Na Bíblia há numerosas referências a respeito desse povo, mas, até os anos finais do século XIX não havia qualquer evidência externa de que tal povo havia realmente existido. Durante muitos anos, a alta crítica costumava usar a lenda dos Imitas como um de seus mais severos golpes contra a inspiração das Escrituras. A erudição arqueológica, entretanto, há muito tempo revelou que esse povo constituía uma das mais poderosas e influentes nações da antiguidade, uma vez mais demonstrando, dessa maneira, a fraqueza da posição da crítica e a veracidade do relato bíblico. A mesma coisa pode ser dita a respeito de Edom e dos edomitas, os quais são mencionados muitos e muitas vezes na Bíblia, mas que foram completamente esquecidos pela história secular até o século XIX, quando foram encontradas referências a eles nos monumentos egípcios e assírios. Finalmente, os restos esplendidamente preservados de sua capital, Petra, "a cidade rocha", foram encontrados. Assim, os críticos que haviam mantido ser os edomitas seres lendários, foram novamente derrotados .
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Fonte:
A Bíblia e a Ciência Moderna, por: Henry M. Morris. Imprensa Batista Regular. São Paulo, 1985, págs. 84-89.

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