quarta-feira, 6 de julho de 2016

O Início da Criação


O Início da Criação
O Livro de Gênesis (significando "princípios", "origens") é, nestes dias de cinismo, frequentemente considerado como nada mais que uma coleção de lendas antigas de épocas primevas menos sofisticadas. Alguns tomam as histórias do Gênesis como alegorias contendo certos valores morais e espirituais, embora não verazes no sentido histórico.
Mas o cristão que crê na Bíblia não pode aceitar essas ideias. Para ele, Gênesis constitui o alicerce sobre o qual se ergue todo o edifício da Escritura. O Novo Testamento, por exemplo, cita Gênesis diretamente, ou a ele se refere, nada menos de sessenta vezes. Cristo e os apóstolos obviamente aceitaram Gênesis como histórico e divinamente inspirado.
Ao considerarmos os onze primeiros capítulos de Gênesis, veremos que todos os dados verdadeiramente científicos e históricos apoiam a verdade do registro bíblico. Veremos também que os propósitos de Deus em Seu grandioso plano de salvação ligam-se inseparavelmente a esses mesmos fatos.

l - SIGNIFICADO DA CRIAÇÃO
O primeiro versículo da Bíblia é p mais importante e fundamental de todos. "No princípio criou Deus os céus e a terra." Quando cremos de fato neste versículo, temos pouca dificuldade em crer em todo o restante da Palavra de Deus. Este único versículo refuta a todas as diversas pseudo-teorias inventadas pelos homens acerca das origens.
O ateísmo, inequívoca negação da existência de Deus, é falso porque Deus é.
O materialismo, que pretende explicar todas as experiências da vida em termos das leis físicas, e nega a necessidade de crer em Deus como a Causa eficiente de todas as coisas, é falso porque aqui se vê que a matéria um dia começou existir.
O dualismo, ensinando que há dois princípios eternos, até mesmo dois seres divinos — um mau e o outro bom — em oposição mútua, é falso porque no princípio havia Deus somente.
O panteísmo, que afirma que tudo é Deus e Deus é tudo, identificando Deus e natureza, insistindo na eternidade da matéria, e asseverando que a matéria pode de si própria originar vida, é falso porque Deus estava fora de Sua criação.
O politeísmo, que é culto a muitos deuses, é falso porque só havia um Deus criando.
O evolucionismo, definido como a teoria de que, mediante processos naturais e por transformação gradual, todas as coisas derivam de materiais pré-existentes, é falso porque céus e terra foram criados.
Na verdade, todas essas falsas filosofias são uma e a mesma coisa, em essência. Todas as teorias das origens — alheias ao verdadeiro relato bíblico — ensinam que o "cosmo" presente veio a existir pela operação dos "deuses" ou das forças da natureza ou de algum princípio místico agindo sobre a "substância" material já existente no "caos" anterior. Esta ideia prevalece igualmente no moderno cientismo, como no paganismo antigo. A revelação da criação especial de todas as coisas ex nihilo (do nada), graças a um Deus eterno e todo-poderoso, pertence, essencialmente, a Bíblia de modo exclusivo! Assim, todas as demais explicações das origens — sejam religiosas ou filosóficas ou científicas — são basicamente diferentes modalidades do conceito de evolução apenas.
A questão chave é se todas as coisas foram particularmente criadas pelo Deus da Bíblia ou se elas se desenvolveram a partir de materiais prévios rumo a suas formas atuais mediante a operação de princípios inatos. Se o segundo elemento da alternativa é o verdadeiro, segue-se que esse desenvolvimento, essa "evolução", prossegue ainda, desde que é de presumir que os mesmos princípios continuam operando.
Contudo, de acordo com a Bíblia (Gn. 2.1-3), a criação foi concluída dentro de seis dias, depois dos quais Deus "descansou". Deste modo, os processos ou princípios empregados na criação não operam mais e não podem ser estudados pelos cientistas modernos! Os processos atuais não podem ser processos de criação, fato confirmado cientificamente pela lei de conservação da matéria e da energia. Esta lei é a mais fundamental e certa de todas as leis científicas, e estabelece que no presente nada esta sendo criado nem destruído.
Além disso, uma segunda lei, igualmente universal e comprovada, estatui que todos os sistemas atuais tendem a decair e a desordenar-se. Esta tendência é precisamente oposta ao conceito de evolução, pois este tem que pressupor um princípio inato de desenvolvimento e ordem crescente. Estas duas leis de conservação e decadência também são conhecidas como a primeira e a segunda leis da termodinâmica, ciência que trata das ações mecânicas ou relações da energia do calor em conexão com outras formas de energia.
Desta maneira, tanto a Escritura como a ciência ensinam que a criação não está acontecendo agora. Daí, não temos possibilidade alguma de estudar experimentalmente nenhum dos processos da criação. O que quer que desejamos saber a respeito, só o podemos aprender daquele que, só Ele, no-lo pode contar — Deus. Temos de aproximar-nos da narrativa bíblica da criação com a mente e o coração abertos para ver e crer o que Deus disse, sem a ideia de tentar harmonizá-lo com alguma teoria humana das origens.
Isto nos ajudará a lembrar que todas as diferentes teorias que tratam das origens do sistema solar, da origem das galáxias, da evolução estelar e cósmica, bem como doutras questões similares, não passam de "cosmogonias" de invenção humana. As cosmogonias referem-se à criação e à originação do mundo ou universo, ou podem referir-se a alguma teoria a respeito dessa criação.
Com base no estudo dos processos físicos atuais, os homens vêm tentando elaborar teorias visando a explicar como o universo pôde desenvolver-se a partir de um primitivo princípio hipotético até chegar à forma que hoje apresenta. Têm sido propostas numerosas teorias diferentes, mas é significativo que nenhuma delas foi objeto de aceitação geral, nem mesmo por "cosmogonistas" profissionais. Há muitas teorias rivais, cada qual com seus advogados científicos, mas todas são essencialmente evolucionistas, e é óbvio que todas são inteiramente incapazes de comprovação científica (como é possível estudar experimentalmente a evolução de astros e galáxias?)
A ciência não contém absolutamente nada que nos impeça de aceitar o fato revelado de que Deus criou todas as coisas, chamando-as ex-nihilo à existência, na qual entram já funcionando em condição de pleno desenvolvimento desde o início.
Como matéria de fato, isto está implícito nas duas leis da termodinâmica. A primeira lei ensina que nada está sendo criado agora. Decorre daí que, ou todas as coisas foram criadas em alguma ocasião do passado, ou sempre existiram como no presente. A segunda lei indica que o segundo termo da alternativa acima não é possível, uma vez que o universo está "indo abaixo", aproximando-se de um estado de completa desordem e morte. Visto que tal estado não foi ainda atingido, o universo não pode ser infinitamente velho. Portanto, ele tem que ter tido um princípio. Os argumentos que tentam evadir estas conclusões só podem ser argumentos filosóficos ou religiosos, não científicos. As duas leis básicas da ciência levam inexoravelmente à conclusão de que Gênesis 1.1, tomado de modo simples e literal, é a mais razoável de todas as possíveis explicações da origem do universo.
Vemos, pois, que "Deus criou os céus e a terra" nalgum ponto inicial do tempo. O "princípio" a que se refere Gênesis 1.1 não é o mesmo de João 1.1, onde se nos diz que "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." É evidente que o Verbo de Deus não é outro senão Deus o Filho (Jo. 1.14), que existe eternamente. O "princípio" de Gênesis 1.1 não significa eternidade passada; significa o ponto inicial do tempo como o conhecemos. Assim é que Deus criou o Tempo simultaneamente com a criação do Espaço e da Matéria ("céus e terra").
O segundo versículo descreve o aspecto inicial da terra criada. O verbo é corretamente traduzido por "era". Alguns têm insistido em traduzi-lo por "tornou-se", mas não há por que fazê-lo. É o termo hebraico normalmente empregado para exprimir a ideia de ser. Embora em alguns contextos esteja bem traduzi-lo por "tornou-se", isto acontece apenas seis vezes dentro de um total de 264 vezes em que o verbo ocorre no Pentateuco.
Como é óbvio, a terra nesse estágio não era "perfeita", quer dizer, não era completa, até que ficasse completa no final dos seis dias, mas era perfeita no sentido de atender ao propósito imediato de Deus.
Inicialmente a terra "era sem forma e vazia", expressão que significa exatamente o que quer dizer: informe e vazia. Diz Pedro que "de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus" (2 Pe. 3.5). Em tradução mais literal, a terra tomou "consistência pela água e através da água". O significado dessa afirmação pode estar além de nossa capacidade de compreendê-lo cientificamente, desde que a ciência nada pode falar-nos dos métodos utilizados por Deus na criação, mas parece dizer-nos que a conformação material da terra primitiva foi de algum modo constituída em matriz de água. Matriz é lugar ou elemento envolvente em cujo interior algo se origina, toma forma ou se desenvolve. Águas cobriam a terra informe e trevas cobriam a face do abismo.
Mas a presença energizante de Deus dava testemunho de Sua aprovação da obra feita até aí. "O Espírito de Deus pairava por sobre as águas." Refere-se ao Espírito Santo, que procede do Pai mediante o Filho, e cujo poder, fluindo copiosamente, é a fonte de toda a poderosa obra de Deus na criação. Há interessante paralelo entre este versículo e 2 Pedro 1.21 onde se nos diz que "homens santos de Deus foram movidos pelo Espírito Santo" no registro que fizeram da Escritura. Deste modo, o "movimento" do Espírito Santo é fundamental na revelação de Deus, tanto na natureza corno na Palavra escrita.

II - O DEUS E SENHOR DA CRIAÇÃO
É de suprema importância crer no vero Deus da Bíblia. Os homens inventaram muitos "deuses", e Satanás está engajado numa tentativa milenar de tornar-se o governador ou "deus" do universo. Mas há somente um Deus verdadeiro: Aquele que criou todas as coisas. É só na Bíblia que aprendemos de Sua natureza, de Seu caráter e de Seus desígnios.
Segundo a Escritura, a doutrina de Deus revela-O como o Deus triuno. É Pai, Filho e Espírito Santo. A pluralidade do Ser divino é sugerida pela palavra "Deus" no primeiro versículo da Bíblia, que é a forma plural de É significativo que cada uma das três pessoas está associada à obra da criação. "Toda boa dádiva e todo dom perfeito" — certamente dentro de tudo que Deus criou e "que era muito bom" — vem do Pai (Ver Tg. 1. 17). A obra do Espírito é exposta claramente em Gênesis 1.2. Mas, de maneira a mais enfática, declara-se que o Filho é a Palavra de Deus por meio de quem a criação recebeu ordem de existir. Observem-se passagens da Escritura como João 1.1-3; Hebreus 1.3; Salmo 33.6; Apocalipse 3.14, e principalmente Colossenses 1.16,17. É preciso que os homens se capacitem plenamente de que Jesus Cristo é Deus e de que por Ele é que todas as coisas foram criadas.
É notável que a Bíblia não tenta provar que Deus existe antes de narrar o que Ele fez. Ela simplesmente parte de Deus, dando por líquido e certo o fato de Sua existência e de Sua onipotência. Na verdade, a Escritura afirma que só o "insensato" pode dizer no seu coração que não há Deus (SI 14.1). O certo é que, com a evidência da "criação" em torno de nós, qualquer pessoa deveras razoável deve reconhecer a existência do Criador.
O próprio fato dos "inteligíveis" fenómenos naturais no mundo indica uma "inteligência" que os causou. Fenómeno é termo científico frequente neste livro. É um fato, circunstância ou experiência manifesta aos sentidos; manifestação não necessariamente extraordinária, mas simplesmente manifestação de fato. O fato de existirem no mundo personalidades individuais capazes de sentir emoções e de exercer volição, indica a existência de uma Pessoa grandiosa que, como Causa daquelas, ama, ira-se e exerce Sua vontade. O fato de que todos os seres humanos têm noção inata de que o "certo" é melhor do que o "errado" testifica que a causa dessa consciência instintiva tem que ser um Criador santo. A lei científica de causa e efeito — sendo que nenhum efeito pode ser maior do que sua causa — seguramente aplica-se a estas conclusões, como também às de quaisquer outras categorias da ciência e da lógica.
Não obstante, muitos tentam acompanhar esta linha raciocínia e ainda se recusam a aceitar a Deus como Ele nos é apresentado na Escritura Sagrada. "E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus", "inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos" (Rm. 1.28,22).
Confiamos em que, diferentemente, o leitor esteja predisposto a crer plenamente em Deus como Ele é revelado na Escritura. Isto naturalmente significa crer em Jesus Cristo como Criador e Salvador — como Aquele que criou todos os seres humanos e também morreu para redimi-los. (Jo 1.11-13; 3.36; 5.24).
Como explicar que Moisés — treinado ou educado no Egito — não apresenta a teoria egípcia de que a terra saiu de um ovo?
Ajuda-nos nisto a passagem de 2 Timóteo 3.16?
A compreensão das duas leis da termodinâmica é de primordial importância para este estudo. Expostas de modo simples para facilitar a consulta, são elas:
(1) - A Lei da Conservação da Energia, segundo a qual, embora a energia possa mudar de forma, não pode ser nem criada nem destruída e, portanto, a soma total da energia é constante.
(2) - A Lei da Deterioração da Energia, que estabelece que em qualquer processo ou sistema no qual a energia esteja sendo transformada em outras formas, ao menos certa porção dela transforma-se em energia térmica (de calor) que, por sua vez, não pode reconverter-se em outras formas úteis.


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Fonte:
Criação ou Evolução, por: Henry Morris. Editora Fiel, 1996, págs. 8-15.

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