sábado, 18 de junho de 2016

José Martiniano de Alencar

José Martiniano de Alencar
(Mecejana/CE, 1829 — Rio de Janeiro/RJ, 1877)
Transfere-se com a família pa­ra o Rio de Janeiro, onde faz os primeiros estudos. Apaixona-se mui­to cedo pela literatura. Em 1843, le­va para São Paulo esboços de romance. É nessa cidade que faz o curso de Direito. Fica conhecido sob o pseudônimo de Ig; critica o poema de Gonçalves de Magalhães, escrevendo, em 1856, Cartas sobre a Confederação dos Tamoios, o que motiva um séria polemica. Esse fa­to desgosta o imperador D. Pedro II. Sofre terrível campanha da par­te de José Feliciano de Castilho e de Franklin Távora, apoiados por D. Pedro II. Defendeu a autonomia do falar português no Brasil, e, por isso, foi acusado de fazer incorreções de linguagem.
José de Alencar é o mais importante dos romancistas românticos, devido à diversidade e extensão de sua obra, à sua linguagem rica e poéti­ca, e aos temas de caráter nacional que utilizou. Segundo Raquel de Quei­rós, "Alencar é o verdadeiro pai do nosso romance".
O estilo alencariano é uma das grandes contribuições à literatura bra­sileira incipiente. Alencar preocupa-se com o problema da língua e do esti­lo. A sua obra traduz particularidades sintáticas e vocabulares do falar brasileiro. Enriquece a língua literária de inúmeros tupinismos e brasileirismos. Além disso, seu estilo é sonoro e brilhante, um tanto declamatório, ao gosto da época.
Sua obra compreende romances urbanos, indianistas, regionalistas e históricos. Em seus romances urbanos, Alencar retrata a vida no Rio de Janeiro, à época do Segundo Império, mostrando os costumes burgueses brasileiros. Seus romances revelam dramas sociais e morais como a hipo­crisia, a corrupção da sociedade, o casamento por conveniência, o patriarcalismo. Defende os direitos da mulher ao amor e à liberdade, estudando perfis femininos complicados e profundos. São livros desta fase: A Viuvi­nha e Cinco Minutos, Diva, Senhora, A Pata da Gazela, Sonhos D'ouro, Lucíola, Encarnação.
Os romances regionalistas de Alencar representam quadros de várias regiões brasileiras: o sul (O Gaúcho), a área rural fluminense (O Tronco do Ipê) e o nordeste (O Sertanejo). Através da exploração dessas caracte­rísticas regionais do país, Alencar busca criar uma literatura verdadeira­mente nacional, marcada pela exaltação dos diversos tipos e das diferen­tes paisagens brasileiras.
Como criador de romances indianistas, Alencar tenta representar um selvagem que simbolize a autonomia americana e a afirmação nacio­nal. Cria personagens indígenas marcados pelas qualidades morais, pela honra e pela pureza, influenciado pela teoria do "bom selvagem" de Rousseau. São índios, na verdade, que representam os valores da cristandade e da nobreza, idealizados ao extremo, muitas vezes perdendo, na obra de Alencar, as características próprias de sua cultura. Além disso, na tentati­va de ressaltar valores nacionais, Alencar resvala no conflito simplista en­tre bem e mal, colonizador e colonizado, selvagem e civilizado. Suas prin­cipais obras indianistas são: O Guarani, Iracema e Ubirajara.
Finalmente, os romances históricos de Alencar exploram as lutas pe­la posse da terra e pelas riquezas brasileiras, mostrando as aventuras dos bandeirantes, o povoamento dos sertões e os conflitos entre brasileiros e portugueses. Suas principais obras são: As Minas de Prata, O Garatuja e A Guerra dos Mascates.
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Fonte:
Língua & Literatura: Volume 2, por: Maria da Conceição Castro. Editora Saraiva, 1ª Edição. São Paulo, 1993, pág. 135-136.

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