segunda-feira, 20 de junho de 2016

A nova fisionomia do século XIX

A nova fisionomia do século XIX
A partir da segunda metade do século XIX, o ambiente sociocultural europeu apresenta significativas mudanças. A civilização burguesa, industrial e mecânica, começa a se firmar; as ideias de liberalismo e democracia ganham dimensões cada vez maiores; as ciências naturais desenvolvem-se e os métodos de experimentação e observação da realidade passam a ser encarados como os únicos capazes de explicar racionalmente o mundo físico.
No Brasil, os primeiros sintomas de agitação cultural verificam-se na década de 1870, sobretudo nas academias de Recife, São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, que constituíam centros de pensamento e de ação por seus contatos frequentes com as grandes cidades europeias.
No aspecto social, ocorriam no Brasil grandes transformações, pois com o desenvolvimento das cidades surgiu uma significativa população urbana, marcada por desigualdades econômicas que provocaram o aparecimento de uma pequena massa proletária.

A nova literatura
A segunda metade do século XIX presenciou, na verdade, o surgimento de três tendências literárias: o Realismo, na prosa, e o Parnasianismo e o Simbolismo, na poesia.
O Realismo teve início na França, em 1857, quando o escritor Gustave Flaubert publicou o romance Madame Bovary; no Brasil, seu início é assinalado pela publicação dos romances Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O Mulato, de Aluísio Azevedo, em 1881.
Constituindo uma oposição ao idealismo romântico, o Realismo propõe uma representação mais objetiva e fiel da vida humana. O romance não í mais visto como distração e sim como meio de combate e de crítica às instituições sociais decadentes. Enquanto o Romantismo exalta os valores burgueses, o Realismo os analisa com impiedosa visão crítica, denunciando a hipocrisia e corrupção da classe burguesa, focalizando principalmente suas duas instituições básicas: o casamento e a Igreja.
Influenciados pelos métodos experimentais postos em voga pelas ciências naturais, os escritores realistas procuram ser objetivos e impessoais, evitando qualquer manifestação de envolvimento sentimental com os fatos narrados. A linguagem narrativa passa a ser mais minuciosa, com os autores procurando criar a impressão de realidade por meio do acúmulo de detalhes, como você pôde observar pela leitura do texto de O cortiço.
No Brasil, a literatura realista encontrou boa expressão nas obras dos seguintes autores: Machado de Assis, Raul Pompéia, Aluísio Azevedo, Adolfo Caminha, Domingos Olímpio, Manuel de Oliveira Paiva e Inglês de Sousa.


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Fonte:
Estudos de Língua e Literatura, Volume 2, por: Douglas Tufano. Editora Moderna, 3ª Edição. São Paulo, 1986, pág. 101.

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