terça-feira, 21 de junho de 2016

A relação de Newton com Deus

A relação de Newton com Deus
Independente da fama de ser uma pessoa extremamente difícil, Newton reconhecia humildemente suas limitações humanas. Ele sempre admitiu que Deus é a Fonte de toda a verdade e em harmonia com a profunda reverência que tinha por seu Criador, passou mais tempo buscando o verdadeiro Deus do que pesquisando verdades científicas. Numa análise de sua obra, foi verificado que dentre 3.600.000 palavras, apenas 1.000.000 tratavam das ciências, ao passo que umas 1.400.000 eram sobre tópicos religiosos.
Entre seus escritos, destaca-se a atenção dada à doutrina da trindade. Uma de suas mais notáveis contribuições para a erudição bíblica foi "Um Relato Histórico Sobre Duas Notáveis Corrupções de Escritura". Na obra publicada em 1754, vinte e sete anos após a sua morte, ele reexaminou toda a evidência textual disponível, de fontes antigas, sobre duas passagens bíblicas: I João 5:7 ("Porque há três que dão testemunho no céu, o Pai, a Palavra e o espírito Santo: e estes três são um") e I Timóteo 3:16 ("E, sem contradição, é grande o mistério da piedade: Deus foi manifestado na carne, justificado no espírito, visto por anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido em cima, em glória").
Recorrendo aos primitivos escritores eclesiásticos, aos manuscritos gregos e latinos e ao testemunho das primeiras versões da Bíblia, Newton provou que as palavras "no céu, o Pai, a Palavra e o Espírito Santo: e estes três são um", citados de acordo com a doutrina da trindade, não aparecem nas originais Escrituras Gregas. A partir da constatação, ele traçou o caminho pelo qual o texto espúrio se introduziu nas versões latinas: primeiro como nota marginal e depois no próprio texto, para mostrar que ele foi incluído pela primeira vez num texto grego de 1515, pelo Cardeal Ximenes, que tomou como base o manuscrito grego posterior, corrigido-o segundo o latim. Por fim, considerou o senso e o contexto do versículo, chegando à conclusão: "Este é o sentido claro e natural, e o pleno e forte argumento; mas, se inserir o testemunho 'dos Três no Céu', então o interrompe e corrompe".
Em seguida, tomando Timóteo como base, além de mostrar como, por uma pequena alteração do texto grego, se inseriu a palavra "Deus", fazendo a frase rezar: "Deus foi manifestado na carne", demonstrou que os primitivos escritores eclesiásticos, referindo-se a este versículo, não sabiam nada sobre tal alteração.
Até a poucos anos, esse texto era citado para apoiar o ensino da trindade, mas a maioria das versões modernas coloca agora "Ele", em vez de "Deus"; na versão católica da Bíblia de Jerusalém no pé da página, foi acrescentado: "No masculino: Cristo."
Resumindo as duas passagens, Newton disse: "Se as antigas igrejas, ao debaterem e decidirem os maiores mistérios da religião, não sabiam nada sobre estes dois textos, não entendo por que nós devíamos agora gostar tanto deles, já que os debates acabaram".
Nos duzentos anos que se seguiram ao tratado que foi redigido por Isaac Newton, foi necessário apenas fazer algumas poucas correções menores na evidência que ele aduziu. Contudo, foi apenas no século dezenove que apareceram traduções da Bíblia, que corrigiram estas passagens.
Na Inglaterra, enquanto Newton redigia seu tratado, aqueles que escreviam contra a doutrina da trindade ainda estavam sujeitas às perseguições. Em 1698, de acordo com o Ato da Supressão de Blasfêmia e Profanação era uma ofensa negar que uma das pessoas da trindade era Deus. Quem o fizesse, era punido com a perda do cargo, emprego e lucro, na primeira incidência, e na repetição, com o encarceramento. Um ano antes da promulgação do ato, em 1697, Thomas Aikenhead, um estudante de dezoito anos de idade, acusado de negar a trindade, foi enforcado em Edimburgo, na Escócia. Em 1711, William Whiston (tradutor inglês das obras de Josefo), amigo pessoal de Newton perdeu seu professorado na Universidade de Cambridge, pelo mesmo motivo.
Newton, no entanto, enveredou por esse caminho por causa dos estudos científicos, que tinham como base o 'Livro da Natureza' e no qual, o cientista viu em Deus o grande Autor. O cientista acreditava que a Bíblia era a Revelação de Deus e o testemunho de sua criação, então, passou a usá-la para testar ensinos e doutrinas.
Considerando os credos da Igreja, com base no oitavo dos trinta e nove artigos que tratavam de símbolos niceno, atanasiano e apostólico, Newton disse: "Ela não exige que os aceitemos à base da autoridade de Concílios Gerais, e muito menos ainda à base da autoridade de Conclaves, mas apenas porque são tirados das Escrituras. E, portanto, estamos autorizados pela Igreja a compará-los com as Escrituras e a ver como e em que sentido podem ser deduzidos delas? E quando não podemos ver a Dedução, não devemos estribar-nos na Autoridade de Concílios e Sínodos."
Sua conclusão foi ainda mais enfática: "Até mesmo Concílios Gerais erraram e podem errar em questões de fé, e o que eles decretam como necessário para a salvação não tem nenhuma força ou autoridade, a menos que possa ser demonstrado que foi tirado da Escritura Sagrada."

Rejeição a Trindade
O motivo principal para Newton rejeitar a trindade era que, quando procurava verificar as declarações dos credos e dos concílios, não encontrava nenhum apoio da Escritura para a doutrina. Posando esta evidência, ele acreditava firmemente que se devia usar o raciocínio, argumentando que nada do que foi criado por Deus foi leito sem objetivo nem motivo e que os ensinos bíblicos seriam corroborados pela aplicação similar da lógica e da razão. Ainda só referindo aos escritos do apóstolo João, Newton disse: "Eu lho dou a honra de crer que ele escreveu com bom senso; e, portanto, acredito que seja o sentido dele, que é o melhor."
Já o segundo motivo da rejeição era o ensino da trindade, sobre o qual Newton declarou: "Homoousion [a doutrina pela qual o Filho é da mesma substância que o Pai] é ininteligível. Não foi entendido no Concílio de Nicéia, nem desde então. O que não pode ser entendido, não é objeto de crença"
Tratando deste mesmo aspecto da trindade, há um manuscrito de Newton, intitulado "Perguntas Sobre a Palavra Homoousios", no qual, ele revela um terceiro motivo para a sua negação da trindade. Entre as perguntas, as de doze a quatorze, salientam que a doutrina carece de característica original desde o primeiro século:
Pergunta 12 - Se a opinião da igualdade das três substâncias não foi lançada pela primeira vez no reinado de Juliano, o Apóstata por Atanásio, Hilário, etc.?
Pergunta 13 - Se a adoração do espírito Santo não foi lançada pela primeira vez só depois do Concílio de Sárdica?
Pergunta 14 - Se o Concílio de Sárdica não foi o primeiro Concílio a se declarar a favor da doutrina da trindade Consubstanciai?
Em outro manuscrito, preservado atualmente em Jerusalém, Newton resumia em uma única resposta as três perguntas: "Fomos mandados pelo Apóstolo (II Timóteo 1:13) a nos apegar à forma de palavras sadias. Contender a favor duma linguagem que não foi transmitida dos Profetas e Apóstolos é uma violação desta ordem e aqueles que a violam são também culpados pelas perturbações e pelos cismas assim causados. Não basta dizer que um artigo de fé pode ser deduzido da escritura. Ele precisa ser expresso na própria forma de palavras sadias em que foi transmitido pelos Apóstolos".
De acordo com a base das Escrituras, a razão e o ensino autêntico do primitivo cristianismo, Newton verificou que não podia aceitar a doutrina da trindade. Ele cria fortemente na suprema soberania de Deus e na posição de Jesus Cristo, sem rebaixá-lo a Filho de Deus, nem o sublimando à posição ocupada pelo Pai.
Newton também argumentou que a oração só pode ser feita a "Deus em nome do Cordeiro, mas não ao Cordeiro em nome de Deus".
O melhor resumo dos argumentos bíblicos do cientista para o seu repúdio da trindade encontra-se em quatorze Argumentos', escritos em latim, que apresentam citações bíblicas. Os de número quatro a sete são especialmente interessantes:
4 - Porque Deus gerou o Filho em algum tempo, este não teve existência desde a eternidade (Provérbios 8:23, 25).
5 - Porque o Pai é maior do que o Filho (João 14:28)
6 - Porque o Filho não sabia de sua última hora (Mar. 13:32, Mat. 24:36, Apõe. 1:1, 5:3).
7 - Porque o Filho recebeu todas as coisas do Pai (18).
As conclusões newtonianas a respeito da trindade, merecem respeito e consideração. Devido ao contexto geral de sua época, ele preferiu não as torná-las públicas durante a vida. Fato que hoje, podemos compreender facilmente e que nos induzem a entender sua posição religiosa com muito mais clareza.

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Fonte:
A vida e o pensamento de Isaac Newton, por: Morgana Gomes. Editora Minuano, s/d, págs. 82-85.

Um comentário:

  1. hoje temos refutaçoes para as suas teorias; vou explicar melhor:

    é como se eu com um porsh,deixasse meu porsh na garagem porque vou caminhar com meu amigo que tem fobia de carro.mas eu tenho uma chave que quando eu aperto o porsh volta pra mim.

    eu ainda sou dono do porsh,porem me retirei dele temporariamente.

    assim foi com Jesus,que deixou os seus aspectos Divinos na "garagem'.
    por isso Ele conseguio morrer,porque como um Deus Eterno morreria? entao Ele suspendeu-os temporariamnete,a prova disto é filipenses 2:5-8,e porque Ele nao sbia a hora que Ele viria,porque Ele tinha deixado a onipresencia na "garagem"
    paz convosco de nosso Senhor Jesus Cristro e de Deus nosso Pai.

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