sábado, 18 de junho de 2016

Anarquismo e socialismo

Anarquismo e socialismo
Nas cidades que cresciam rapidamente, formou-se o proletariado industrial e a classe média tornou-se mais numerosa.
A situação da classe operária caracterizava-se pela extrema miséria. O crescimento populacional, o êxodo do campo, o trabalho de mulheres e crianças, a economia de mão-de-obra com as máquinas, aumentaram de forma espetacular a oferta de trabalho barato, necessária ao desenvolvimento capitalista. O proletariado trabalhava usualmente 12 a 13 horas por dia, em troca de baixíssimos salários, e povoava os imensos cortiços urbanos.
Para numerosos homens e mulheres, uma fuga da sua miserável condição foi emigrar, especialmente para os Estados Unidos, conduzindo o sonho de tornar-se pequenos proprietários, nem sempre realizado. No entanto, para a maior parte do proletariado, a saída foi organizar-se e lutar contra a burguesia que havia se tornado a nova classe dominante. Progressivamente, as greves tornaram-se frequentes, sindicatos foram organizados e surgiram partidos da classe operária. Este movimento foi inspirado por duas grandes correntes de pensamento e ação que muitas vezes se confundiram: anarquismo e socialismo.
Para os anarquistas os males da sociedade derivavam especialmente de duas instituições: a propriedade privada dos meios de produção e o Estado. O grande objetivo dos programas anarquistas tornou-se a destruição do Estado e das mais diversas formas de autoridade que seriam substituídas por uma democracia ampla e direta, baseada em comunidades autogeridas. No Brasil do início do século XX, o anarquismo foi a ideologia predominante entre a classe operária nascente.
O pensamento anarquista teve grande importância, mas foi superado pelo socialismo científico, fundado por Karl Marx e Frederico Engels. Segundo eles, em sua história humanidade passou por vários modos de produção: comunidade primitiva, escravismo, feudalismo e capitalismo. Cada uma dessas fases estava baseada num determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas e engendrou, no seu interior, a etapa. A sequência, em termos de evolução social, não seria a mesma para todas as sociedades. Determinadas etapas poderiam ser saltadas. O Brasil, por exemplo, teria passado da comunidade primitiva dos indígenas para o capitalismo, a partir de seu descobrimento pelos europeus. A velha Rússia não desenvolveu plenamente a etapa capitalista, passando de um feudalismo decadente para o socialismo.
Para Marx e Engels o capitalismo seria um dos pontos culminantes do progresso humano, na medida em que expandiu de forma gigantesca as forças produtivas. Mas o capitalismo, como os demais modos de produção, será superado por condições que ele próprio criou. Depois de atingir o auge do seu desenvolvimento, o sistema capitalista tenderia a entrar em crises sucessivas que terminariam por conduzi-lo à destruição. Caberia ao proletariado, a classe dos que só possuem a força de trabalho, através da luta política, organizar a nova sociedade socialista, visando substituir a sociedade burguesa em crise.
Em 1848, Marx e Engels colaboraram para a organização de um partido da classe operária, publicando o Manifesto do Partido Comunista. Ali afirmavam ser a luta de classes o grande impulsionador da História. Ao lado disso, mostravam que o desenvolvimento capitalista derrubara as fronteiras nacionais, criando um mundo só. Desta fornia, a Revolução Socialista deveria ser realizada por uma classe operária, unida internacionalmente.
Em 1861, era fundada a Primeira Internacional, uma associação de partidos operários de vários países que prometiam ajudar-se na luta contra a burguesia. Até o século XX, outras internacionais surgiriam.
A grande obra de Marx foi O Capital, uma exaustiva análise do funcionamento da sociedade capitalista e uma crítica à economia política clássica, criada por Adam Smith e outros economistas liberais. Utilizando a teoria da mais-valia, Marx demonstrava que o capital era basicamente acumulado a partir do trabalho realizado pelos operários e não pago pelos empresários. Quanto mais baixos os salários maior a acumulação.
No mecanismo acima descrito, Marx localizava uma contradição básica do sistema, responsável pelas suas crises periódicas. Com salários baixos, o consumo da grande massa da população tenderia a estagnar ou diminuir, enquanto os investimentos, os avanços técnicos e a produção aumentavam. Esta situação conduziria às crises cíclicas, marcadas pela superprodução que, desencadeadas nos países centrais, tenderiam a propagar-se para a periferia do sistema.
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Fonte:
História do Brasil, por: Raymundo Campos. Atual Editora. São Paulo, 1983, págs. 114-115.

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